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Brasil e México: dois gigantes em Berlim

Mirjam Gehrke /am31 de janeiro de 2003

O governo alemão recebeu importantes visitas latino-americanas esta semana. O presidente brasileiro Lula manteve primeiros contatos oficiais em Berlim, sendo imediatamente seguido pelo colega mexicano, Vicente Fox.

Lula pediu ao chanceler Schröder apoio alemão na luta contra a pobrezaFoto: BPA

A capital alemã recebeu ilustres visitantes da América Latina durante esta semana. Na segunda-feira (27), o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, abriu o ciclo de contatos oficiais com o governo alemão, sendo recebido pelo chefe de Estado Johannes Rau e pelo chefe de governo, chanceler federal Gerhard Schröder.

A partir da quarta-feira (29), o presidente mexicano Vicente Fox iniciou sua visita oficial de três dias à Alemanha. O Brasil e o México – as duas maiores economias da América Latina – contam com grande volume de investimentos privados alemães. A Alemanha é também o maior parceiro comercial dos dois países na Europa.

Durante a sua visita à Alemanha, o presidente brasileiro Lula lançou um apelo a que a Alemanha preste a sua contribuição para a eliminação da pobreza no Brasil. A conclamação de Lula foi considerada muito sensata pelo analista Cyrus de la Rubia, do Dresdner Bank Lateinamerika, encarregado de acompanhar a evolução econômica brasileira.

Investimentos contra a pobreza

Segundo Cyrus de la Rubia, todo investimento feito no Brasil é uma contribuição na luta contra a pobreza: "Pois, com isto, há criação de empregos e também maior renda. Da mesma forma uma liberalização do comércio seria uma contribuição importante que a Alemanha poderia dar, ou melhor dizendo, poderia propagar dentro da União Européia. O Brasil é um país que exporta muitos produtos agrários, mas não pode comercializá-los em todas as partes."

Não foi por acaso que a primeira viagem oficial de Lula fora da América do Sul teve a Alemanha como destino. Cerca de 1200 empresas alemãs têm subsidiárias no Brasil. São Paulo é tida, por isto, como a maior cidade industrial alemã fora da Alemanha. Com investimentos diretos avaliados em cerca de 17 bilhões de euros, o parceiro europeu é a terceira maior fonte de investimentos do Brasil.

Os analistas internacionais prevêem para o Brasil, no corrente ano, um crescimento econômico moderado mas sólido – em torno de 2%. Segundo Cyrus de la Rubia, considera-se plenamente possível que o Brasil consiga revitalizar inteiramente o Mercosul a médio prazo, apesar da crise argentina ainda não inteiramente solucionada.

De la Rubia: "Não são ruins as chances para isto, depois que a Argentina também introduziu um sistema de câmbio livre. Antigamente, este era um ponto de atritos, pois a Argentina estava acoplada ao dólar, enquanto o real flutuava livremente, o que provocava grandes discrepâncias. Com os desenvolvimentos recentes, a região econômica deve tornar-se cada vez mais importante e atraente para o lado alemão."

Necessidade de reformas

Vicente Fox (esq.) e o presidente alemão Johannes RauFoto: AP

Também o México, que assinou um tratado de livre comércio com a União Européia no início do ano 2000, é muito atraente para os investidores alemães. Entre as 800 empresas alemãs atuantes naquele país latino-americano, a Volkswagen é a maior. Ela tem cerca de 14 mil empregados na fábrica de Puebla, onde são montados os modelos do Fusca tradicional e do New Beetle.

Os analistas internacionais registram, contudo, uma estagnação da economia mexicana desde o início do governo de Vicente Fox. Há uma necessidade urgente de reformas. Segundo Thorsten Rülle, analista do México no Dresdner Bank Lateinamerika, as transformações necessárias fracassaram até agora em decorrência das relações de poder reinantes no país. Fox não dispõe de maioria no Congresso mexicano.

As conseqüências são catastróficas, afirma Rülle: "Um exemplo disto é a reforma tributária, que fracassou inteiramente. Não se logrou reduzir a dependência do orçamento público em relação à receita do petróleo, nem tampouco aumentar as bases fiscais. Mas o que é ainda mais importante para os investidores alemães – foram negligenciadas reformas estruturais indispensáveis no setor energético. Elas teriam possibilitado maiores investimentos do setor privado. Além disto, também foi negligenciada uma reforma visando maior flexibilidade do mercado de trabalho."

OMC em Cancún

No balneário mexicano Cancún será realizada em 2005 a próxima rodada de negociações sobre a liberalização do comércio mundial, promovida pela OMC – Organização Mundial do Comércio. Para o Brasil e para o México, tal liberalização significa sobretudo a abertura dos mercados mundiais para seus produtos agrários. Neste ponto, tanto Lula como Fox encontraram inteiro apoio do chanceler federal alemão Gerhard Schröder.

Outra reivindicação dos países em desenvolvimento é uma política justa de preço dos medicamentos, a fim de que se possa combater com êxito as endemias e as epidemias, como a aids. O chefe do governo alemão sinalizou também neste caso disposição de buscar um consenso nas próximas negociações sobre patentes de medicamentos genéricos.

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