Brasil envia bombeiros para atuar em resgates na Turquia
Publicado 8 de fevereiro de 2023Última atualização 9 de fevereiro de 2023
Missão conta com oficiais de São Paulo, Minas Gerais e Espírito Santo, e também levará cães farejadores e equipamentos para busca de sobreviventes nos escombros.
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Bombeiros de São Paulo, Minas Gerais e Espírito Santo embarcaram na noite desta quarta-feira (08/02) em Guarulhos num voo rumo à Turquia para auxiliar no resgate de vítimas do terremoto que atingiu o país e a Síria. O tremor de magnitude 7,8 na escala Richter já matou mais de 16 mil pessoas, e a ONU estima que esse número chegue a 20 mil.
A equipe brasileira de 41 pessoas inclui 22 bombeiros de São Paulo, seis de Minas Gerais e seis do Espírito Santo, além de dois médicos militares e dois integrantes da Defesa Civil de São Paulo. Também fazem parte da missão cinco cães farejadores. A comitiva que embarcou no voo também é composta por assessores e jornalistas.
"Esses militares têm experiência em busca e resgate em estruturas colapsadas. Eles atendem a inúmeras ocorrências envolvendo colapso estrutural pelo país e chegarão prontos para atuar", disse à DW o porta-voz do Corpo de Bombeiros de São Paulo, capitão André Elias.
Ainda não se sabe ao certo quanto tempo os profissionais deverão ficar em solo turco. "A estadia pode ser prolongada ou adiada, a depender do trabalho e das necessidades locais", explicou o porta-voz.
Os profissionais levarão equipamentos específicos para a busca e resgate em estruturas que colapsaram, como escoras e ferramentas hidráulicas e pneumáticas. A equipe e os equipamentos serão transportados em dois aviões da Força Aérea Brasileira (FAB), em uma missão coordenada pela Agência Brasileira de Cooperação, vinculada ao Itamaraty.
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Ampla ajuda internacional
No dia do terremoto, o Itamaraty divulgou uma nota e afirmou que iria buscar maneiras de ajudar as vítimas. "Por meio da Agência Brasileira de Cooperação e em coordenação com os países das áreas atingidas, o governo brasileiro está providenciando formas de oferecer ajuda humanitária às populações afetadas pelo terremoto", havia informado a pasta. Não há, até o momento, notícia de brasileiros mortos ou feridos.
Com a iniciativa, o Brasil se soma a diversos outros países que já enviaram equipes de apoio e resgate à área atingida pelo terremoto. A União Europeia (UE), através de 19 de seus países-membros, já mobilizou equipes. A Alemanha enviou um grupo de 50 profissionais e sete cães farejadores, e está preparando o envio de geradores de emergência, barracas e equipamentos para tratamento de água.
Os Estados Unidos enviaram cerca de 100 bombeiros e engenheiros de estrutura de Los Angeles, além de seis cães farejadores. O governo de Israel anunciou o envio de 150 profissionais, entre engenheiros, médicos e assistentes sociais. Rússia, China, Grécia, Líbia, Paquistão, Índia, Reino Unido e Austrália também anunciaram o envio de equipes ao local do terremoto.
ea/bl (ots)
O terremoto devastador na Turquia e na Síria em imagens
Após o pior terremoto em décadas atingir a região da fronteira turco-síria, equipes de resgate buscam sobreviventes sob os escombros de milhares de prédios. "Estão cavando com as próprias mãos", relata testemunha.
Foto: Sertac Kayar/REUTERS
Susto no meio da noite
Este prédio residencial em Diyarbakir, no sudeste da Turquia, foi um dos vários milhares de edifícios destruídos pelo terremoto de magnitude 7,8 que abalou a região da fronteira turco-síria. O sismo surpreendeu os moradores no meio da madrugada, às 4h17 (hora local) de segunda-feira (06/02/23).
Foto: Omer Yasin Ergin/AA/picture alliance
Dezenas de réplicas
O terremoto foi seguido dezenas de réplicas que acabaram por agravar a catástrofe. O tremor secundário mais forte, de magnitude 7,5, ocorreu horas depois, na tarde de segunda-feira.
Foto: SERTAC KAYAR/REUTERS
Prédios reduzidos a escombros
De acordo com o Ministério do Meio Ambiente e Planejamento Urbano, mais de 84 mil edifícios na Turquia desabaram ou foram severamente danificados, como estes em Karamamaras. Duas semanas após o desastre, o número de mortos já passava de 47 mil, a grande maioria na Turquia.
Foto: IHA/REUTERS
Resgate "com as próprias mãos"
Grupos de civis e equipes oficiais de resgate correm contra o tempo para encontrar pessoas presas sob os escombros, como mostra esta foto em Adana. Testemunhas relataram à DW que voluntários cavam os destroços "com as próprias mãos" para alcançar sobreviventes. Mais de 200 horas depois do tremor, duas mulheres foram resgatas com vida, em 14 de fevereiro.
Foto: IHA/AP Photo/picture alliance
Devastação no norte da Síria
A província de Idlib, no norte da Síria, também foi afetada pelo terremoto. O tremor de segunda-feira foi um dos mais devastadores a ocorrer na região em décadas e atingiu áreas já devastadas pela guerra civil que assola o país há quase 12 anos.
Foto: Ghaith Alsayed/AP Photo/picture alliance
"Famílias inteiras soterradas"
"Os moradores de Idlib correram de suas casas, estavam em pânico", contou à DW um repórter local na cidade de Sarmada, na província de Idlib. "Pouco depois, desabaram as primeiras casas, que já não estavam em boas condições como resultado dos ataques aéreos russos. Mas edifícios mais novos também desabaram. Famílias inteiras ainda estão soterradas",disse à DW.
Foto: Omar Albam
Capacetes Brancos em ação
Os Capacetes Brancos, uma organização fundada durante a guerra civil síria, participam dos trabalhos de resgate em áreas controladas por rebeldes no noroeste da Síria. Os dois homens na foto buscam por sobreviventes em Zardana, na província de Idlib.
Foto: Ahmad al-Atrash/AFP
Ajuda de todo lugar
Rapidamente diversos países – até mesmo a Ucrânia – ofereceram auxílio às regiões atingidas. A Alemanha, por exemplo, enviou ajuda de emergência e suprimentos de primeiros socorros, incluindo abrigos e estações de tratamento de água. Já os Estados Unidos mobilizaram uma equipe de especialistas em resposta a desastres.
Foto: SERTAC KAYAR/REUTERS
Construções históricas destruídas
Tesouros culturais também foram destruídos no terremoto. Na província turca de Maltaya, a famosa Mesquita Yeni (foto), do século 13, foi severamente danificada – assim como o imponente Gaziantep Kalesi, um castelo construído há cerca de 2.200 anos, na cidade de Gaziantep.
Foto: Volkan Kasik/AA/picture alliance
Aleppo não escapou
Na Síria, a cidade antiga de Aleppo (foto) e outros sítios arqueológicos importantes também tiveram partes de suas construções destruídas.
Foto: AFP
Prisão de empreiteiros
A Justiça turca criou uma unidade especial para investigar possíveis negligências na construção dos edifícios que desabaram com o sismo e emitiu mais de 110 mandados de detenção. Segundo a imprensa local, a polícia turca deteve no dia 11 de fevereiro pelo menos 14 pessoas nas províncias de Gaziantep e Sanliurfa, incluindo empreiteiros e engenheiros civis.