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Brasil espera taxas americanas ao aço e alumínio

2 de maio de 2018

Governo brasileiro divulga nota contradizendo anúncio da Casa Branca sobre suposto acordo preliminar entre os países. Em resposta, Washington afirma que pacto existe, mas ainda não foi finalizado.

Trabalhador de uma siderúrgica
Trump impôs sobretaxas de 10% ao alumínio e de 25% ao aço importados Foto: Getty Images/L. Schulze

O governo brasileiro negou nesta quarta-feira (02/05) ter alcançado um acordo preliminar com os Estados Unidos sobre a isenção das tarifas sobre o aço e alumínio. O anúncio contradiz a informação divulgada na segunda-feira pela Casa Branca.

Em nota conjunta, o Itamaraty e o Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços afirmaram que as negociações para a isenção das sobretaxas americanas ao aço e alumínio brasileiros foram suspensas em 26 de abril pelo governo dos EUA. 

"Cabe ressaltar que quaisquer medidas restritivas que venham a ser adotadas serão de responsabilidade exclusiva do governo dos EUA. Não houve ou haverá participação do governo ou do setor produtivo brasileiros no desenho e implementação de eventuais restrições às exportações brasileiras”, destaca a nota.

O Brasil ameaçou ainda entrar com ações a nível internacional para preservar seus direitos e interesses. "O governo brasileiro lamenta que o processo negociador tenha sido interrompido e reitera seguir aberto a construir soluções razoáveis para ambas as partes”, acrescenta a nota.

O Brasil foi inicialmente eximido das tarifas de 10% ao alumínio e de 25% ao aço, impostas em março pelo presidente americano Donald Trump. A suspensão ocorreu durante a fase de negociação de acordos comerciais paralelos. Nesta segunda-feira, os EUA chegaram a anunciar que alcançaram um acordo preliminar com o Brasil, a Argentina e a Austrália.

No anúncio, a Casa Branca não deu detalhes sobre o suposto acordo e disse que as informações seriam divulgadas em breve. O governo brasileiro se manteve em silêncio até a divulgação da nota dos ministérios, que apresentou uma versão diferente da americana.

Na nota, o governo destacou que buscou evitar a sobretaxa e esteve aberto nas negociações. Os ministérios ressaltaram que 80% das exportações de aço do Brasil são produtos semiacabados e lembrou que o país é o maior importador de carvão siderúrgico dos EUA, usado principalmente no produto que será exportado para a indústria americana.

Com relação ao alumínio, a nota afirma que as exportações brasileiras são pequenas e que os EUA possuem um superávit no comércio com o Brasil.

O governo disse ainda que, com a suspensão das negociações pelos EUA, o setor de alumínio concordou em pagar a sobretaxa, já o do aço optou pela imposição de cotas de exportação por estas serem "menos restritivas em relação à tarifa de 25%”.

"O governo brasileiro mantém a expectativa de que os EUA não prossigam com a aplicação de restrições, preservando os fluxos atuais do comercio bilateral nos setores de aço e alumínio", finaliza o texto.

Casa Branca mantém versão

Após a divulgação da nota, a Casa Branca voltou a afirmar que os EUA e o Brasil chegaram a acordo preliminar sobre o caso e ameaçou impor as tarifas caso a negociação não seja concluída em breve.

"Os Estados Unidos e o Brasil alcançaram um acordo, em princípio, sobre um meio alternativo satisfatório para abordar a deficiência nas importações do aço e alumínio que ameaçam nossa segurança nacional", disse a porta-voz da Casa Branca, Lindsay Walter, num comunicado.

"Os detalhes deste acordo não foram finalizados. Se meios alternativos não forem finalizados em breve, o presidente reconsiderará reimpor as tarifas", acrescentou a porta-voz.

Ao todo, 32% do aço exportado pela indústria brasileira têm como destino os Estados Unidos. Com isso, o país figura como o segundo maior exportador para o mercado americano, com 4,7 milhões de toneladas embarcadas em 2017. Só perde para o Canadá, que exportou 5,8 milhões de toneladas ano passado.

Entre as principais empresas brasileiras do setor do aço estão a mineradora Vale, maior produtora e exportadora mundial de ferro, o grupo Gerdau, maior produtor de aço da América Latina, que tem fábricas em 14 países, a Usiminas e a Companhia Siderúrgica Nacional.

CN/rtr/ots

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