Em relatório da ONU, país repete posição do ano anterior e deixa de registrar melhora pela primeira vez na década. Índice de Desenvolvimento Humano brasileiro fica atrás de nações como Venezuela e Líbano.
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O Brasil deixou de avançar no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) em 2015, de acordo com o último Relatório de Desenvolvimento Humano do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), que engloba dados de 188 países e territórios e foi publicado nesta terça-feira (21/03).
Em comparação ao ano anterior, o IDH brasileiro manteve o mesmo indicador (0,754) e a mesma posição no ranking global (79º), ficando ao lado da ilha caribenha de Granada e atrás de países como Azerbaijão, Líbano e Venezuela. A queda no rendimento bruto nacional em 2015 fez com que o IDH no Brasil estagnasse, apesar da pequena melhora em indicadores como expectativa de vida e escolaridade.
Oficialmente, é a primeira estagnação no crescimento brasileiro desde 2010, quando os números passaram a ser divulgados anualmente. No entanto, a equipe do Pnud no Brasil afirmou que é "provável" que esta seja a primeira estagnação do IDH brasileiro desde 1990, quando foi iniciado o cálculo do índice. Mas para tal afirmação, os índices anuais dos últimos 25 anos teriam de ser recalculados.
Segundo o RDH de 2016, o Brasil alcançou avanços singelos nas áreas de saúde e educação. A expectativa de vida subiu de 74,5 anos para 74,7 anos. Já a média de anos de estudo passou de 7,7 para 7,8 entre 2014 e 2015. Por outro lado, a Renda Nacional Bruta (RNB) per capita caiu de 14.858 dólares para 14.145 dólares – identificado como fator responsável pela estagnação do IDH brasileiro.
A Noruega segue no topo do ranking, com um IDH de 0,949. Em último lugar ficou a República Centro Africana, com um índice de 0,352. Para efeito de comparação, a expectativa de vida na Noruega é de 81,7 anos, a média de anos de estudo é de 12,7 anos e a RNB per capita é de 67.614 dólares.
Além disso, em comparação com os países da América Latina, o Brasil ficou atrás de Chile (38º) e Argentina (45º) – os únicos latino-americanos que o Pnud classifica como de desenvolvimento humano muito alto, além de Uruguai e Barbados (54º), Bahamas (58º), Panamá (60º), Antígua e Barbuda (62º), Trinidad e Tobago (65º), Costa Rica (66º), Cuba (68º), Venezuela (71º) e México (77º).
Calculado desde 1990, o IDH é uma medida composta de indicadores de saúde, educação e renda, que varia entre 0 (valor mínimo) e 1 (valor máximo). Quanto mais próximo de 1, maior é o índice de desenvolvimento do país. De 1990 a 2014, o Brasil apresentou um crescimento contínuo. Nesse período, saiu de um IDH de 0,611 para o atual 0,745, um aumento de 23,4%.
PV/lusa/abr/ots
Retrospectiva América Latina 2016
Acordo de paz entre governo da Colômbia e Farc, Jogos Olímpicos no Rio de Janeiro, impeachment de Dilma Rousseff e o primeiro show dos Rolling Stones em Cuba foram alguns destaques do ano na região.
Foto: picture-alliance/dpa/L. Munoz
Visita histórica de Obama a Cuba
Durante sua visita histórica a Cuba em 22 de março, Barack Obama se encontrou com Rachel Robinson, viúva da lenda do beisebol Jackie Robinson, primeiro negro a jogar num time da Major League, e que se tornou símbolo do movimento pelos direitos civis. A ida de Obama à ilha – a primeira de um presidente dos EUA em 88 anos – marcou o degelo das relações entre Washington e Havana.
Foto: Reuters/C. Barria
Satisfaction!
Outro momento histórico: em 25 de março, um dia após o encerramento da visita de Obama, os Rolling Stones fizeram um grande show em Havana. Dezenas de milhares de cubanos lotaram o estádio Ciudad Deportiva para curtir a primeira apresentação da banda cult britânica em solo cubano.
Foto: picture alliance/ZUMA Press/El Universal
Evo Morales para sempre?
Cartão vermelho para Morales: num referendo constitucional em 24 de fevereiro, os eleitores bolivianos votaram claramente contra um quarto mandato presidencial. Na época, o presidente, que tem 57 anos e governa o país desde 2006, admitiu a derrota. Mas agora o líder do partido Movimiento al Socialismo (MAS) anunciou planos de concorrer novamente em 2019, apesar da proibição constitucional.
Foto: Getty Images/AFP/A. Raldes
Retorno de um banqueiro
Surpresa no Peru: com maioria apertada, o ex-chefe do Banco Central do país e economista do Banco Mundial, Pedro Pablo Kuczynski, venceu em 5 de junho as eleições presidenciais. Keiko Fujimori – filha do ex-presidente Alberto Fujimori, atualmente atrás de grades – era considerada a favorita. Mas o temor de uma guinada para a direita foi aparentemente maior do que o receio do neoliberalismo.
Foto: picture alliance/dpa/Agencia Andina
Alemanha pede desculpas ao Chile
O presidente da Alemanha, Joachim Gauck, quebrou seu silêncio durante seu encontro com a líder do Chile, Michelle Bachelet. Ele se desculpou pela má conduta da diplomacia alemã no caso da Colonia Dignidad. Durante a ditadura de Augusto Pinochet, o assentamento fundado pelo alemão Paul Schäfer serviu de centro de tortura para a polícia secreta. Contudo Gauck rechaçou uma indenização às vítimas.
Foto: picture-alliance/AP Photo/E. Felix
O mundo visita o Rio de Janeiro
Foi um festival de superlativos: os Jogos do Rio, de 5 a 21 de agosto, contaram com a participação de 10 mil atletas e um público de 500 mil espectadores. O maior evento esportivo do mundo foi poupado de ataques terroristas, mau tempo, epidemias e criminalidade. No entanto, um caso de corrupção envolvendo um dirigente do Comitê Olímpico Internacional causou, mais uma vez, repercussão negativa.
Foto: Getty Images/AFP/Y. Chiba
Favorito da multidão na Rio 2016
O nove vezes medalhista de ouro Usain Bolt foi o queridinho do público e ídolo no país anfitrião dos Jogos. No Rio, o velocista jamaicano de 1,95 metro de altura quebrou seus próprios recordes. Ele concluiu a prova de 100 metros em 9,81 segundos, tornando-se assim o primeiro atleta a vencer pela terceira vez consecutiva essa modalidade nos Jogos Olímpicos.
Foto: Getty Images/P. Gilham
Impeachment controverso
Ela não foi somente a primeira mulher presidente do Brasil, mas também a primeira líder do país a ser afastada do cargo – já que Fernando Collor anunciou a renúncia antes de seu julgamento no Senado. Em 31 de agosto, os senadores aprovaram com os dois terços necessários a destituição da chefe de governo, de 70 anos. Até hoje o impeachment divide a sociedade brasileira.
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Colômbia tenta alcançar paz
Um milagre acontece: após 50 anos de guerra civil, o presidente colombiano, Juan Manuel Santos, e o chefe das Forças Armardas Revolucionárias da Colômbia (Farc), Rodrigo Londoño, assinaram em 26 de setembro, em Havana, um acordo de paz histórico. A guerra civil causou o deslocamento de 7 milhões de habitantes e a morte de mais de 200 mil no país.
Foto: picture-alliance/AP Photo/F. Vergara
Colombianos dizem "não"
Apesar da assinatura, no referendo de 2 de outubro os colombianos rejeitaram, por margem estreita, o acordo de paz entre o governo e as Farc. O presidente Juan Manuel Santos renegociou e apresentou um novo acordo, aprovado pelo Congresso em 1º de dezembro. Por seus esforços, ele foi agraciado com o Prêmio Nobel da Paz.
Foto: picture alliance/AP Photo/I. Valencia
População venezuelana sofre
A Venezuela à beira do abismo: fome, pobreza e medo se alastram no país que possui as maiores reservas de petróleo do mundo. A má gestão e a queda do preço do barril de petróleo levaram a uma grave crise econômica. Faltam gêneros básicos, remédios e energia elétrica. A inflação já ultrapassou 700% em 2016. Quem tem condições, abandona o país.
Foto: Reuters/I. Alvarado
Trump? Nem pensar!
A eleição de Donald Trump como presidente dos EUA assombra as relações dos países latino-americanos com seu vizinho localizado no norte. Na cidade fronteiriça mexicana Ciudad Juarez, um artista de rua desenhou uma caricatura de 9 metros do magnata no canal fechado com concreto às margens do Rio Bravo.
Foto: picture-alliance/dpa/S. Aguilar
Tragédia na Colômbia
Ao se aproximar do aeroporto de Medellín, um avião da companhia aérea boliviana LaMia caiu em 28 de novembro, por falta de combustível. Dos 71 mortos, 19 eram jogadores do time de futebol Chapecoense, que jogaria na final da Copa Sul-Americana contra o Atlético Nacional da Colômbia. O acidente provocou consternação em todo mundo; o time brasileiro foi declarado vencedor do torneio.
Foto: picture-alliance/AP Photo/L. Benavides
Haitianos vão às urnas
Após várias tentativas fracassadas, dessa vez as eleições levara a um resultado no Haiti. Em 20 de novembro, uma maioria de 55,7% escolheu como chefe de Estado o dono de plantações de banana Jovenel Moise, de 48 anos. O índice de abstenções, porém, foi enorme: dos 6,2 milhões de eleitores, apenas 1,3 milhão compareceram às urnas.
Foto: picture-alliance/AP Photo/R. Arduengo
Despedida de Fidel Castro
Cuba perde seu "Comandante": com a morte de Fidel Castro, em 25 de novembro, chega ao fim uma era política no país insular. O revolucionário, chefe de governo, presidente e líder do Partido Comunista cubano foi a figura de proa da esquerda mundial. Sua oposição aos EUA e o embargo imposto por Washington transformaram Cuba num símbolo da Guerra Fria.