Estudo aponta que número de fumantes no país caiu mais do que a média mundial nos últimos 25 anos. Número de mortes relacionadas ao tabagismo no planeta já passa de 6 milhões por ano.
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Um estudo divulgado nesta quinta-feira (06/04) aponta que o Brasil obteve um dos maiores sucessos na redução do número de fumantes entre 1990 e 2015. Neste período, a porcentagem de fumantes homens caiu de 29% para 12% e, entre as mulheres, de 19% para 8%.
De acordo com a pesquisa intitulada ImpactoGlobal das Doenças, publicada na revista médica The Lancet, o Brasil é uma "história de sucesso digna de menção", num mundo onde o cigarro é responsável por uma em cada dez mortes.
Os pesquisadores apontaram que a porcentagem de fumantes no mundo caiu nos últimos 25 anos. Em 2015, um homem em cada quatro, e uma mulher em cada 20 fazia o uso diário do tabaco. Já em 1990, a proporção era de um homem a cada três, e uma mulher a cada 12.
Mas o número de mortes causadas pelo tabagismo aumentou 4,7% em 2015 – para mais de 6,4 milhões – devido ao aumento da população mundial. O número de fumantes diários também subiu, para mais de 930 milhões, em comparação com 870 milhões em 1990 – um salto de 7%.
Em 2015, metade das mortes foi registrada em apenas quatro países: China, Índia, EUA e Rússia. Estes países, juntamente com Indonésia, Bangladesh, Filipinas, Japão, Brasil e Alemanha, são responsáveis por dois terços do consumo mundial de tabaco.
Marketing agressivo
Na Rússia, onde as políticas contra o tabagismo não haviam sido introduzidas até 2014, houve um aumento de mais de 4% de fumantes mulheres.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) alertou que as companhias de tabaco visam de maneira agressiva novos mercados, em particular os países em desenvolvimento. Na África Subsaariana, por exemplo, o número de homens e mulheres fumantes poderá aumentar 50% até 2025 em comparação com 2010.
"A indústria moderna do tabaco se beneficia do trabalho escravo de crianças e jovens em países pobres que mantêm o vício ao longo de toda a vida, tirando suas vidas para obter o lucro", afirma John Britton, do Centro de Estudos de Tabaco e Álcool da Universidade de Notthingham, no Reino Unido.
Britton afirmou ainda que as medidas globais destinadas a reduzir o tabagismo – como impostos mais altos, campanhas educacionais e advertências nos pacotes – focaram principalmente nos consumidores de tabaco, e não os fabricantes.
Especialistas em saúde estimam que metade dos fumantes diários terá uma morte prematura causada pelo hábito, a menos que eles parem de fazer uso do tabaco.
"O tabagismo continua sendo o segundo maior fator de risco de morte precoce e invalidez depois da hipertensão arterial", afirma uma das autoras do estudo, Emmanuela Gakidou, da Universidade de Washington, nos EUA.
FC/afp/lusa
Os fumantes mais famosos das telas
De James Dean a Uma Turman, eles são cercados de fumaça. O tabagismo tem sido coadjuvante frequente nas telas. Principalmente nas décadas passadas, quando cigarro ainda era sinônimo de charme e sofisticação.
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Rebelde sem filtro
James Dean foi o ídolo de uma geração. Em "Juventude transviada", seu cigarro era sinal de rebeldia contra os costumes dos anos 50. Ele se tornou o primeiro "bad boy" de Hollywood, eternizando também o conjunto calça jeans e camiseta como um símbolo da rebeldia.
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O detetive blasé
Ninguém conseguia fumar de forma mais relaxada que Humphrey Bogart. Como investigador Philip Marlowe, no filme "À beira do abismo", ele encantou fãs e críticos nos anos 40. Seu cigarro era uma das poucas coisas que emitiam luz nessa película sombria, uma autêntica representante do cinema noir.
Foto: picture-alliance/akg-images
Bonequinha fumante
Até hoje, o clássico "Bonequinha de luxo", com Audrey Hepburn, é sinônimo do glamour dos anos 60. Nele, a piteira esfumaçante é um acessório elegante que acompanha o chapéu e a luva. Na época, o fumo fazia parte dos bons modos da classe alta e não podia faltar nas festas.
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Um atrás do outro
Fosse lendo jornal, dirigindo, flertando ou mesmo fugindo da polícia, o cigarro era companhia inseparável de Jean-Paul Belmondo em seus filmes, como em "Acossado", de Jean-Luc Godard, seu primeiro grande sucesso. Na película, ele acendia um cigarro na brasa do que acabara de fumar.
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Um gentleman
James Bond tinha a arma em uma mão, o cigarro na outra e uma bondgirl sempre por perto. Nesta cena, o agente secreto é interpretado por Sean Connery. Em 2002 houve um grande debate se os filmes de 007 incluíam comerciais disfarçados de cigarros.
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O gênio inquieto
O grande detetive Sherlock Holmes desvenda crimes no cinema desde 1939. E o cachimbo é um de seus acessórios inseparáveis. Aqui, ele é interpretado por Roger Moore. Numa série recente da BBC para a televisão, Holmes não fuma mais, optando pelos adesivos de nicotina.
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A esposa do chefão
Em "Pulp Fiction", Uma Thurman interpreta a drogada Mia Wallace, mulher do líder do tráfico Marcellus Wallace. Entre uma baforada e outra, ela filosofa sobre o sentido da vida e tece diálogos espirituosos que contribuíram para tornar o filme um clássico.
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O publicitário esfumaçante
A séria televisiva "Mad Men" trouxe de volta o estilo de vida dos anos 60, tematizando o cigarro e as propagandas para promover o produto. Durante as filmagens, os atores tinham que tragar cigarros de ervas devido à lei trabalhista americana. Sem o cigarro, não teria sido possível reconstruir o espírito da época.
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O cowboy intrépido
O herói do velho oeste Lucky Luke atira mais rápido que sua sombra. E depois do trabalho cumprido, ele gosta de apreciar um cigarrinho. Desde o começo dos anos 80, entretanto, o acessório é substituído por uma palha. A mudança rendeu ao ilustrador Morris uma medalha de reconhecimento da Organização Mundial da Saúde.