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Brasil integra plataforma que vai mapear ecossistemas do planeta

Frank Hörnke9 de fevereiro de 2013

A nova plataforma IPBES é um orgão intergovernamental que vai mapear os ecossistemas do planeta, com vista a entender suas funções e também os benefícios que trazem para a vida do ser humano.

Foto: Fotolia/Oleksiy Ilyashenko

Em janeiro deste ano foi nomeada a liderança do IPBES (Plataforma Intergovernamental de Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos), órgão que será responsável por criar uma base de dados dos ecossistemas em todo o mundo. O objetivo é entender como funcionam os serviços do meio ambiente à vida do ser humano e assim fornecer soluções para a preservação da natureza ou a sua exploração de forma mais racional para que os recursos não acabem.

Esses sistemas são comunidades de seres vivos que interagem e criam um ciclo, como a vida em torno de um recife de coral, numa floresta nativa ou até mesmo em meio aos centros urbanos, onde as poucas árvores, pássaros, insetos, etc também são fundamentais para a manutenção da vida. Os benefícios que estas comunidades proporcionam ao ser humano são os serviços ecossistêmicos. Eles geram o alimento, a água, a madeira, a fibra, o oxigênio e o equilíbrio do clima como um todo.

A biodiversidade ultrapassou a mera definição de "diversidade das espécies". É preciso compreender o funcionamento dos ecossistemas: por exemplo, como a água que abastece as cidades é produzida, o efeito dos animais que trabalham na polinização, o que mantém encostas de montanhas estáveis. Essa prestação de serviços passou despercebida pelas autoridades por muitos anos.

Quando eles deixam de funcionar, as consequências se convertem quase sempre em tragédias para a população. O trabalho do IPBES será mostrar onde há perigo para que a "gentileza" da natureza não desapareça da face da Terra.

Conhecer e preservar os ecossistemas

A criação de um órgão internacional como o IPBES se faz necessária para preservar o equilíbrio da natureza e garantir a convivência entre o ser humano e o meio ambiente. O Futurando tem mostrado diversas interferências humanas que podem prejudicar os ecossistemas, como, por exemplo, o aumento das emissões de CO2, que traz consequências desastrosas para o clima, da mesma forma que o desmatamento, a pesca predatória, etc.

Agricultura ocupa mais de 30% da superfície terrestreFoto: picture alliance / dpa

Dados alarmantes da Pnuma (Programa de Meio Ambiente das Nações Unidas, na sigla em inglês) chamam a atenção do IPBES no início dos trabalhos: mais de 30% da superfície terrestre está sendo usada para a agricultura e com isso 20% dos habitat naturais vêm perdendo espaço desde a década de 1980. Houve uma redução de 100 milhões de hectares de floresta entre 2000 e 2005. Além disso, as ervas marinhas e os mangues diminuíram em 20% desde as décadas de 1970 e 1980, respectivamente.

Em algumas partes do globo já foram perdidas 95% de áreas pantanosas. A população de animais vertebrados diminuiu 30% desde 1970 e 20% dessas espécies estão ameaçadas de extinção atualmente. As espécies que mais correm risco são os corais. Os recifes com estes serem vivos diminuíram 38% desde 1980.

O pesquisador da Universidade de Campinas, Carlos Joly, comenta que "o IPBES será equivalente ao IPCC [Painel Internacional de Mudanças Climáticas] no campo da biodiversidade e dos serviços ecossistêmicos". Joly fez parte da equipe de especialistas brasileiros que estiveram em Bonn, na Alemanha, para a criação da nova plataforma. Entre a missão do novo grêmio está a criação de indicadores e metodologias, bem como o desenvolvimento de avaliações regionais que farão parte do banco mundial de dados.

Experiência brasileira

O Brasil integra o IPBES com boa experiência na bagagem. Em 1999 foi lançado o Programa de Pesquisas em Caracterização, Conservação, Recuperação e Uso Sustentável da Biodiversidade do Estado de São Paulo (Biota-Fapesp). Com o apoio da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo), o programa rendeu efeitos práticos. "Ele conseguiu elaborar mapas de áreas de conservação e restauração que hoje são usados pela Secretaria do Meio Ambiente para criação de parques e reservas", ressaltou Joly.

Exploração de madeira no estado do AmazonasFoto: picture-alliance/dpa

Além disso, podem ser mencionadas várias outras conquistas. O governo do estado de São Paulo usa dados do programa Biota para regular as construções em encostas, evitando assim desmoronamentos; na expansão imobiliária no litoral, preservando os ecossistemas locais; na expansão da plantação de cana de açúcar, para que a agricultura não desequilibre o meio ambiente; entre outros.

"Eu acho que demos um salto qualitativo em relação ao conhecimento de como funciona a Mata atlântica, bem como em relação ao conhecimento da diversidade que se tem no litoral norte de São Paulo e à importância que esse litoral tem do ponto de vista da conservação", comentou Joly, coordenador do programa Biota. E o pesquisador completou dizendo que "esse avanço vai se consolidar nestes próximos anos, uma vez que o apoio da Fapesp ao programa foi renovado até 2020".

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