Estimativa é do Banco Mundial, em relatório que debate educação e aprendizagem em vários países. Alunos brasileiros devem demorar 75 anos para ter o mesmo conhecimento em matemática de estudantes de países desenvolvidos.
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Os estudantes brasileiros devem levar mais de 260 anos para atingir a proficiência em leitura dos alunos de países desenvolvidos. Em matemática, a previsão é que eles atinjam o mesmo nível em 75 anos. Os dados são de um relatório divulgado nesta quarta-feira (28/02) pelo Banco Mundial.
As estimativas apresentadas no estudo foram feitas com base no desempenho dos alunos brasileiros em todas as edições do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa) – uma prova organizada pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
O teste é realizado a cada três anos entre os 35 Estados-membros da OCDE e 35 países parceiros, incluindo o Brasil. A prova avalia uma série de questões, como o conhecimento dos estudantes em ciências, leitura e matemática.
Com base nesses dados, o Banco Mundial produziu seu World Development Report, um relatório publicado anualmente pelo órgão para debater diferentes aspectos do desenvolvimento mundial. Neste ano, o documento é dedicado totalmente à educação e à crise global de aprendizagem.
O Brasil é um dos países que vivem essa crise, embora os alunos brasileiros de 15 anos tenham registrado uma melhora em seu desempenho em avaliações recentes, ressalta o Banco Mundial. A nota geral no último Pisa, no entanto, manteve-se a mesma em leitura e caiu em matemática.
O relatório destaca que escolaridade e aprendizagem não estão necessariamente correlacionadas. Os dados mostram, por exemplo, que 125 milhões de crianças em todo o mundo não possuem conhecimentos básicos de leitura e matemática mesmo frequentando a escola. Sem contar com os 260 milhões que não estão estudando.
Em países como Gana e Malawi, 80% dos estudantes ao final da segunda série não conseguiam ler palavras simples como "gato". Mesmo no Peru, um país considerado de nível médio na educação, metade dos alunos não passaram no mesmo teste.
No Quênia, Tanzânia e Uganda, quando se pediu para que estudantes da terceira série lessem frases como "o nome do cachorro é...", 75% deles não conseguiram compreendê-la.
Na Nicarágua, quando estudantes da terceira série foram avaliados em 2011, apenas metade deles conseguiram resolver corretamente uma soma simples como 5 + 6. Já em áreas urbanas do Paquistão, 60% dos alunos da terceira série foram capazes de subtrair 54 - 25, enquanto em áreas rurais, apenas 40% o fizeram.
"Esse lento início da aprendizagem significa que mesmo os alunos que chegam ao final da escola primária não dominam conhecimentos básicos", destaca o relatório.
O Banco Mundial menciona ainda casos de países que promoveram novas políticas e reformas na educação e conseguiram melhorar seu desempenho em avaliações mundiais, como Peru, Vietnã e Coreia do Sul – este país, por exemplo, contava com taxas baixíssimas de alfabetização na década de 1950, mas conseguiu superar esse índice e ter sucesso em rankings recentes.
EK/ots
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Quem faz a educação funcionar
Histórias de persistência, dedicação e trabalho dos que fazem parte das escolas públicas que, apesar das dificuldades, estão entre as mais destacadas do país.
Foto: DW/N. Pontes
Campeão olímpico
Quando estava no 7º ano, Antônio Wesley de Brito Vieira ganhou sua primeira medalha numa Olimpíada de Matemática. Hoje, aos 19 anos, está no 2º ano do curso de Matemática na Universidade Federal do Piauí e, por causa dos prêmios que acumulou na escola, recebe uma bolsa que ajuda a pagar os custos. Ele quer ser professor e, sempre que pode, retorna à Augustinho Brandão, onde fez o ensino médio.
Foto: DW/N. Pontes
Sala dos professores
No intervalo, os professores da escola Augustinho Brandão, em Cocal dos Alves, Piauí, se encontram. A diretora Aurilene Vieira (de blusa rosa) divide a mesa com ex-alunos, que se tornaram professores. A profissão é disputada na cidade. Cursos de graduação semipresenciais ajudaram na formação desta nova geração. Ainda assim, todos se deslocam para cidades maiores para concluir os estudos.
Foto: DW/N. Pontes
Hora extra em casa
O professor de matemática Antônio Amaral foi o primeiro a inscrever os alunos da escola Augustinho Brandão numa Olimpíada de Matemática. Para tirar a dúvida dos competidores, ele instalou uma lousa nos fundos de sua casa, onde recebe os estudantes depois das aulas, nos fins de semana e feriado. Os filhos de Amaral, Sávio e Saulo, gêmeos de 14 anos, também são medalhistas e bons de cálculo.
Foto: DW/N. Pontes
O vigia que é doutorando
No portão da escola, Tarcísio Vieira de Brito não perde um minuto sequer. Quando não precisa liberar a entrada ou saída de alunos e funcionários, o vigia se concentra nos estudos. Ele concluiu o ensino médio aos 22 anos, estudou Biomedicina, fez mestrado e cursa agora um doutorado. Obstinado, ele diz que só larga o posto de vigia quando passar num concurso de professor de universidade pública.
Foto: DW/N. Pontes
Professora e ex-zeladora
A professora Flávia, como é chamada na escola Antônio Custódio, em Sobral, também é conhecida como a maga da alfabetização. A relação dela com a escola é longa: aos 18 anos, trabalhava como substituta da zeladora – que era sua avó – fazendo serviços gerais. Hoje, aos 25 anos, Flávia é formada em Pedagogia, fez curso técnico em Saneamento Básico e trabalha como professora efetiva.
Foto: DW/N. Pontes
Ex-secretária na sala de aula
Faz dois anos que Socorro Mesquista, 54 anos, começou a sua vida como professora. Antes, ela trabalhava como secretária da escola Antônio Custódio desde 2010, mas resolveu estudar Pedagogia para viver a rotina dentro da sala de aula. Professora de Matemática, ela planeja um curso de especialização para 2017.
Foto: DW/N. Pontes
Futuro empresário
Aos 14 anos, Wendel Manfrini de Andrade Mendes já sabe qual será sua profissão: quer ser empresário. Dono de várias medalhas em Olimpíadas de Matemática, o aluno do 9º ano do ensino fundamental da escola Dorilene Arruda Aragão, em Sobral, é disputado por escolas particulares por seu excelente desempenho. Ana Lívia, de 7 anos, diz que quer seguir o mesmo caminho que o irmão mais velho.
Foto: DW/N. Pontes
Salas de aulas para todos
Reunir todos os alunos num único prédio foi a primeira vitória da escola Francisca Josué, em Deputado Irapuan Pinheiro, Ceará. Nas salas de aula, blocos vazados garantem uma maior ventilação, já que a temperatura na região pode ultrapassar os 40˚C. No Ideb, a escola obteve 8,2. Alunos e professores ainda comemoram o bom resultado.
Foto: DW/N. Pontes
Leitura divertida
No intervalo da aula, diversos livros ficam à espera dos alunos do ensino fundamental 1 da escola Francisca Josué. A escola implantou um programa de incentivo à leitura em que, a cada semana, um estudante leva uma maleta de livros para casa. No dia da devolução, sempre às quintas-feiras, os pais comparecem e trazem ilustrações, que ajudam o filho a contar a história em voz alta para toda a turma.
Foto: DW/N. Pontes
Disputa no campo
A disputa pela bola é acirrada no intervalo. Todos vestem o mesmo uniforme, mas os integrantes dos dois times sabem diferenciar seus jogadores. Eles disputam uma partida de futebol num campo sem linhas, onde as traves não estão alinhadas. O campo improvisado não impede que as crianças corram atrás da vitória. A torcida animada vibrava a cada gol, sem fazer diferença entre os times.