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Brasil marca presença com mais de 40 editoras

Felipe Tadeu5 de outubro de 2006

Tendo como país-tema a Índia, Feira Internacional do Livro de Frankfurt celebra sua 58ª edição. Estande da Câmara Brasileira do Livro reúne 41 editoras.

A Índia é o país-tema deste anoFoto: AP

O maior evento do mercado editorial em escala planetária não tem o mesmo poder de sedução sobre as massas que a feira anual do automóvel, sediada nos mesmos pavilhões da Messe de Frankfurt, mas os números apresentados pelos organizadores do meio literário também impressionam pelo gigantismo.

Inaugurada no dia 4 de outubro e com duração de quatro dias, a Feira Internacional do Livro bate neste ano o recorde de países presentes, com 113 nações de todos os continentes. Cerca de 400 mil títulos estarão expostos nas prateleiras das 7272 editoras que marcam presença na feira, como um verdadeiro espetáculo cultural que deve atrair por volta de 300 mil visitantes. Os alemães se reconhecem como a nação onde mais se comercializam livros.

A escolha da Índia como tema da feira se dá pela segunda vez. Em 1986, o segundo país mais populoso do mundo, com suas 24 línguas oficiais, foi o foco de atenção de editores internacionais do evento, que já teve o Brasil como país homenageado em 1994.

Presença brasileira

Penetração do idioma português no mercado de hoje é difícil, diz Oswaldo SicilianoFoto: Felipe Tadeu

Como nos anos anteriores, a Câmara Brasileira do Livro montou um único estande que reúne 41 editoras de todo o Brasil. Segundo o presidente da CBL, Oswaldo Siciliano, o principal objetivo da entidade na feira é "mostrar ao público em geral a qualidade do livro brasileiro, além de tentar que alguns dos nossos autores consigam destaque, mesmo com a difícil penetração do idioma português no mercado de hoje". Editoras como a Melhoramentos, a DBA, a Conrad, Record, Senac, Edições Biblioteca Nacional e Rocco dividem o espaço do estande brasileiro, situado no pavilhão 5.1.

A Cia. das Letras, dirigida por Luiz Schwarcz, continua sendo a editora brasileira que mais investe no evento alemão, sendo a única que possui estande próprio, localizado bem próximo à instalação da CBL. "Estamos na Feira Internacional de Frankfurt desde o primeiro ano de vida da nossa editora, isto é, há exatos 20 anos", contou Schwarcz.

O editor, que já conhecia o evento dos tempos em que trabalhava na Brasiliense, na década de 80, revela que chegou à Alemanha com os principais negócios de sua companhia já realizados: "Antigamente as pessoas se perguntavam qual seria 'o' livro da feira, e todo mundo vinha aqui para disputá-lo nos leilões". O editor mais experiente já captou que não deve fazer esse tipo de negócio, porque muitas vezes acaba comprando os direitos do livro errado por causa da pressa.

Intercâmbio de editores

Schwarcz percebe na Feira Internacional de Frankfurt a chance de estar num evento no qual pode se encontrar com editores do mundo inteiro. "A gente trata de uma coisa tão sensível como o livro, que substituir o contato humano pelo virtual nunca é muito bom. Com a internet, o contato entre nós editores é constante, mas a presença física, o encontro pessoal é fundamental", ensina.

Participa em Frankfurt há 20 anos: Luiz Schwarcz, da Cia. das LetrasFoto: DW/Felipe Tadeu

A Cia. das Letras, que conseguiu a proeza de vender para cerca de vinte países os direitos de Budapeste, romance best-seller de Chico Buarque, tem diversos outros títulos já encaminhados para lançamento no exterior: "Bernardo Carvalho, que já teve Nove Noites lançado pela Luchterhand Verlag, terá também agora o Mongólia, que será provavelmente lançado ainda este ano. Milton Hatoum e o seu Cinzas do Norte também deve ser publicado aqui na Alemanha. Não sei se o contrato já foi firmado, mas tenho praticamente certeza que a Suhrkamp vai dar continuidade às obras do autor".

Alexandre Dórea, da DBA – Dórea Books & Art – ,também vê na Feira Internacional do Livro de Frankfurt mais do que um mero mercado de aquisição de direitos. "Tinha uma época em que eu vinha cheio de intenção de vender meus títulos e lutei bastante por isso. Depois houve uma fase em que comprei muitas coisas. Hoje eu não venho com tanta sede ao pote, pois a feira serve para mim como uma reciclagem de minhas perspectivas, dos meus horizontes quanto ao que gostaria de fazer", conta o editor de muitas obras que se destacam no estande da CBL, principalmente pelo ousado aspecto gráfico.

Crítica ao estande brasileiro

Alexandre Dórea, da DBA, lamenta que o Brasil não seja apresentado de maneira mais atraente na feiraFoto: DW/Felipe Tadeu

Alexandre Dórea é um dos que lamentam quanto à forma com que a CBL apresenta as editoras brasileiras no estande. "O Brasil é um país que podia ser vendido de uma maneira muito mais atraente. Nosso mercado editorial tem nichos interessantes que estão atraindo muitas editoras espanholas, portuguesas e até inglesas, que andam ciscando lá no Brasil. A Câmara representa mal isso e incentiva pouco."

Para o editor de títulos como Ofélia, O Sabor do Brasil, Copacabana Palace – Um Hotel e Sua História e Vozes do Brasil, o que "os editores estrangeiros estão interessados é no nosso lado cool, como os americanos dizem. A bossa-nova, o Brasil moderno, o lado zen, o futebol, o país colorido, divertido e musical, onde também há violência".

A Feira Internacional do Livro de Frankfurt estará aberta ao público no sábado e no domingo, os dois últimos dias do evento deste ano.

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