Após a visita de três dias a Brasília e ao Nordeste brasileiro, Heidemarie Wieckzorek-Zeul retornou à Alemanha convicta de que finalmente começam a ser vistos os resultados de vários anos de contatos e boas relações bilaterais entre o Brasil e a Alemanha.

Entrementes, a Alemanha é o maior parceiro do Brasil no tocante à preservação e ao manejo sustentável das florestas tropicais brasileiras, incluindo demarcação de terras indígenas. Em conversa de uma hora com a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, na capital federal, a ministra alemã saudou a demarcação das áreas indígenas pelo Brasil.

A assinatura de créditos não reembolsáveis no valor de 40 milhões de euros (35 milhões para o programa de proteção às florestas tropicais e cinco milhões ao programa Fome Zero no Piauí), foi a forma encontrada pela ministra social-democrata para demonstrar seu aval ao governo Lula.

As verbas são repassadas ao Brasil pelo Banco Alemão de Reconstrução (Kreditanstalt für Wiederaufbau) e os projetos assistidos pelo Serviço Alemão de Cooperação Técnica e Social (DED) e a Agência Alemã de Cooperação Técnica (GTZ).

Elogios à equipe de governo

A ministra alemã considerou o Brasil um exemplo para os países em desenvolvimento, pela forma como está pondo em prática a solução de problemas internos. Para Wieczorek-Zeul, atingir estes objetivos não será difícil, pois "a equipe de Lula é altamente qualificada e o povo está altamente motivado". Um exemplo desta motivação foi sentida em sua visita a uma vila contemplada pelo programa Fome Zero, em Teresina.

Ao lado do governador do Piauí, o petista Wellington Dias, ela assinou um acordo de cinco milhões de euros para programas de desenvolvimento urbano. Ainda próximo à capital piauiense, ela visitou o acampamento Nossa Esperança. A coragem e a força de vontade das 500 famílias de sem-terras que ali vivem comoveram a ministra.

No Ceará, esteve em uma colônia de pescadores onde são desenvolvidos projetos de apoio à comunidade rural e ecoturismo e, em Fortaleza, visitou um parque eólico construído com apoio do DED. Seu tema no encontro com a ministra de Minas e Energia, Dilma Roussef, girou em torno de formas alternativas de energia. Por outro lado, estão sendo estudadas formas de apoiar a Eletrobrás em seu programa de extensão da energia elétrica aos mais longínquos recantos do país.

A questão das usinas nucleares de Angra, no Rio de Janeiro, fomentadas pela Alemanha no período do governo Geisel, não foram mencionadas durante a visita da ministra, assegurou à DW-WORLD a assessora de imprensa Sibylle Tapper, que acompanhou a comitiva ao Brasil. Wieckzorek-Zeul conheceu Lula há 20 anos, num encontro sindical na Alemanha. Ela esteve pela última vez no Brasil há três anos, quando visitou o Pará.