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Brasil pode contestar tarifa de Trump sobre aço

2 de março de 2018

Governo se mostra preocupado com nova restrição, afirma que ela afetará exportações brasileiras e pretende chegar a acordo com os EUA. Brasil é segundo maior exportador para o mercado americano.

Donald Trump
Trump anunciou decreto para impor tarifas de 25% às importações de aço e de 10% às de alumínio de alguns paísesFoto: Getty Images/AFP/M. Ngan

O Brasil poderá contestar em organismos internacionais a tarifa de 25% sobre as importações de aço e de 10% sobre as de alumínio anunciada pelo presidente Donald Trump nesta quarta-feira (1º/03). O Ministério do Desenvolvimento, Comércio Exterior e Serviços se mostrou preocupado com a restrição e afirmou que ela afetará as exportações brasileiras de ambos os produtos.

Leia mais: Trump anuncia tarifas à importação de aço e alumínio

O ministério afirmou que o governo brasileiro espera chegar a um acordo com os Estados Unidos para evitar a aplicação das tarifas, mas caso isso não seja possível, o Brasil pode questionar a medida em foros globais. "O governo brasileiro não descarta eventuais ações complementares, no âmbito multilateral e bilateral, para preservar seus interesses nesse caso concreto", afirmou.

Brasil é segundo exportador

O ministério se manifestou pouco depois de Trump anunciar, em Washington, que na próxima semana assinará um decreto para impor tarifas de 25% às importações de aço e de 10% às de alumínio de alguns países.

Segundo dados do Departamento de Comércio dos Estados Unidos, o Brasil tem uma cota de mercado de 13% nas exportações de aço para o mercado americano, atrás apenas do Canadá, com 16%. A China atende a apenas 2% das importações americanas.

Apesar de Trump não mencionar os países afetados, o secretário de Comércio, Wilbur Ross, assinalou num documento que a China é a "grande responsável" pelo excesso de aço nos mercados internacionais. Outros países mencionados pelo governo americano são a Índia, o Brasil, a Rússia e a Coreia do Sul.

Estruturas produtivas complementares

Nesta terça-feira, o ministro Marcos Jorge havia se reunido em Washington com Ross e reiterara a posição do governo brasileiro, de que o aço produzido no Brasil não representa uma ameaça à segurança nacional dos Estados Unidos.

O argumento do ministério é de que as estruturas produtivas dos dois países são complementares e 80% do aço exportado pelo Brasil é semiacabado e usado como insumo pela indústria siderúrgica americana.

Além disso, o ministério ressaltou que a parceria também é vantajosa para os EUA. Segundo o governo brasileiro, o Brasil importou cerca de 1 bilhão de dólares de carvão siderúrgico americano no ano passado. O combustível foi usado nas siderúrgicas nacionais para produzir o aço exportado aos Estados Unidos.

Ross afirmou disposição para buscar soluções positivas e destacou que uma eventual decisão de aplicação da sobretaxa poderia ser recorrida pelos países interessados.

Exportações

Segundo dados do Instituto Aço Brasil, as exportações brasileiras de aço bruto em 2017 totalizaram 15,4 milhões de toneladas (o que equivale a 8 bilhões de dólares), com alta de 14,3% em volume e de 43,9% em valor em relação ao ano anterior. As importações aumentaram 23,9%, chegando a 2,3 milhões de toneladas ( 2,2 bilhões de dólares).

No ano passado, o Brasil exportou 4,8 milhões de toneladas de produtos siderúrgicos para os EUA, Destas, 3,7 milhões em produtos semiacabados, que precisam ser reprocessados em usinas locais antes de serem utilizados na fabricaçãos de automóveis, eletrodomésticos e maquinários.

AS/RC/abr/efe/dpa/rtr

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