Brasil registra 221 mortes por covid-19 em 24 horas
3 de dezembro de 2021
País soma 615.400 óbitos associados ao coronavírus. Autoridades estaduais confirmam 10.627 novos casos, e total de infectados vai a 22,1 milhões.
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O Brasil registrou oficialmente nesta quarta-feira (03/12) 221 mortes ligadas à covid-19, segundo dados divulgados pelo Conselho Nacional de Secretários da Saúde (Conass).
Também foram confirmados 12.910 novos casos da doença. Com isso, o total de infecções registradas no país chega a 22.119.409, e os óbitos oficialmente identificados somam 615.400.
Diversas autoridades e instituições de saúde alertam, contudo, que os números reais devem ser ainda maiores em razão da falta de testagem em larga escala e da subnotificação.
Em números absolutos, o Brasil é o segundo país do mundo com mais mortes, atrás apenas dos Estados Unidos, que somam mais de 786,8 mil óbitos, mas têm população bem maior. É ainda o terceiro país com mais casos confirmados, depois de EUA (48,9 milhões) e Índia (34,6 milhões).
Já a taxa de mortalidade por grupo de 100 mil habitantes subiu para 292,8 no Brasil, a 10ª mais alta do mundo, atrás apenas de alguns pequenos países europeus e do Peru.
Ao todo, mais de 264,7 milhões de pessoas contraíram oficialmente o coronavírus no mundo, e foram notificadas 5,24 milhões de mortes associadas à doença, segundo dados da Universidade Johns Hopkins.
O Conass não divulga o número de recuperados. Segundo o Ministério da Saúde, 21.351.505 pacientes no Brasil haviam se recuperado da doença até esta quinta-feira.
No entanto, o governo não específica quantos desses recuperados ficaram com sequelas ou outros efeitos de longo prazo.
A forma como o governo propagandeia o número de "recuperados" já foi criticada por cientistas, que classificaram o número como enganador ao sugerir que os infectados estão completamente curados da doença após a fase aguda ou alta hospitalar.
Estudos no exterior estimaram que entre 10% e 38% dos infectados sofrem efeitos da "covid longa" meses após o vírus ter deixado o organismo.
Um estudo alemão apontou que sequelas podem surgir até mesmo meses depois da fase aguda da doença. Já uma pesquisa da University College London em pacientes de 56 países listou mais de 200 sintomas observados em pacientes com sequelas pós-covid.
rc (ots)
Pandemia no Brasil pelos olhos de um fotógrafo de guerra
Após cobrir conflitos em 35 países, o fotógrafo francês Jonathan Alpeyrie dirigiu suas lentes à evolução da pandemia de covid-19 no Rio de Janeiro e Manaus. Um painel contundente.
Foto: Jonathan Alpeyrie
Um rosto aos mortos
Com uma média diária de quase 4 mil mortos, o Brasil é um dos países mais atingidos pela pandemia. O fotógrafo francês Jonathan Alpeyrie esteve lá no terceiro trimestre de 2020, também para dar um rosto às muitas vítimas da covid-19. Como neste enterro no Cemitério São João Batista, no Rio de Janeiro, um dos maiores da América do Sul.
Foto: Jonathan Alpeyrie
Último adeus com distanciamento
Morto pelo novo coronavírus, um sexagenário, membro importante da comunidade da Favela Santa Marta, no bairro de Botafogo, é levado para o túmulo por funcionários de vestes protetoras. Os moradores dos bairros cariocas mais pobres têm sido vítimas numerosas da fúria do vírus e de uma política de saúde mais do que caótica.
Foto: Jonathan Alpeyrie
Boas intenções não bastam
Não faltam iniciativas bem intencionadas de mitigar os efeitos letais do vírus potente, veloz e em frequente mutação. Porém elas não bastam para compensar as falhas de um sistema de saúde cronicamente deficiente e de uma liderança política contraditória e mesmo irresponsável. A pandemia avança: o Instituto Oswaldo Cruz não descarta que, em breve, as mortes diárias cheguem a 5 mil ou mais.
Foto: Jonathan Alpeyrie
Em meio à guerra da pandemia
O francês Jonathan Alpeyrie é um repórter de guerra clássico. Suas foto-reportagens já o levaram à Síria, Ucrânia, Afeganistão e a focos de conflito na África, entre outros. Em 2020 ele esteve em Manaus, onde a variante P.1 do coronavírus foi detectada pela primeira vez. Cientistas temem que ela seja duas vezes mais contagiosa do que a cepa original.
Foto: Jonathan Alpeyrie
Cavando novas sepulturas
Atualmente pesquisadores partem do princípio que a virulenta mutação P.1 seja a predominante em todo o Brasil. O presidente Jair Bolsonaro é com frequência cada vez maior responsabilizado pelo descontrole da pandemia, após ter minizado a ameaça por tanto tempo. Neste cemitério de Manaus, novas sepulturas tiveram que ser cavadas em ritmo acelerado, para comportar os muitos mortos a cada dia.
Foto: Jonathan Alpeyrie
Impacto econômico no Norte
O coronavírus já alcançou os recantos mais distantes do Amazonas, vitimando em especial as populações mais frágeis, como a indígena. Os jovens da foto vivem em palafitas a uma hora da capital. A pandemia os atinge também economicamente, pois, com o desaparecimento dos turistas, vão-se também suas possibilidades de ganhar a vida.
Foto: Jonathan Alpeyrie
Fé, a última que morre
Com tantas incertezas, a muitos brasileiros só resta mesmo a fé para ajudá-los a atravessar o dia a dia sem desesperar. Na Favela Santa Marta do Rio de Janeiro, este pastor abençoa os moradores: ao lado da pobreza, narcotráfico, ocupação policial e outras formas de violência, agora seu novo desafio é também sobreviver ao coronavírus.