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CriminalidadeBrasil

Brasil teve 44 mil mortes violentas no ano, menor desde 2012

24 de julho de 2025

Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2024 registra redução de 5,4% de mortes em relação ao ano anterior. Por outro lado, cresceu o número de mortes de mulheres, crianças e adolescentes.

Cartazes colocados no chão em protesto contra a violência policial no Guarujá, São Paulo
Anuário considera mortes violentas intencionais os homicídios dolosos, latrocínios, lesão corporal seguida de morte e mortes por policiaisFoto: Allison Sales/AFP

O número de mortes violentas intencionais registradas no Brasil manteve a tendência de queda e atingiu o número mais baixo desde 2012, quanto tiveram início as medições realizadas pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

Segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2024, divulgado pela entidade nesta quinta-feira (24/05), foram registradas 44.127 vítimas de morte violenta no Brasil, uma redução de 5,4% em relação a 2023. Em relação a 100 mil habitantes, a taxa do ano passado foi de 20,8.

Foram registradas em 2024 81.873 pessoas desaparecidas, aumento de 4,9% em relação ao ano anterior. Segundo o relatório, isso provavelmente se deve a assassinatos por facções criminosas que ocultam as vítimas em cemitérios clandestinos ou queimam seus corpos.

O Fórum Brasileiro de Segurança Pública define mortes violentas intencionais como sendo a soma dos casos de homicídio doloso, latrocínio, lesão corporal seguida de morte e mortes decorrentes de intervenções policiais, seja em serviço ou fora.

Amapá e Bahia lideram as mortes por estado

Na avaliação por região, o Nordeste permanece como a mais violenta, com índice de 33,8 por 100 mil habitantes, seguido do Norte com 27,7. As menores taxas foram registradas nas regiões Sul (14,6) e Sudeste (13,3).

As maiores taxas foram registradas nos estados do Amapá (45,1), Bahia (40,6), Ceará (37,5), Pernambuco (36,2) e Alagoas (35,4), enquanto as mais baixas ocorreram no Distrito Federal (8,9), Santa Catarina (8,5) e São Paulo (8,2). Dos 20 municípios com maior número de ocorrências, nove são da Bahia.

Apenas quatro estados registraram aumento na taxa de mortalidade em 2024: Maranhão (12,1%), Ceará (10,9%), São Paulo (7,5%) e Minas Gerais (5%).

Em São Paulo, a letalidade foi impulsionada pelos latrocínios, lesões corporais seguidas de morte, mortes de policiais e decorrentes de intervenções policiais.

Homens e negros são maioria das vítimas

A avaliação do perfil das vitimas em todo o país revela que 91,1% eram homens, 79% eram pessoas negras e 48,5% tinham menos de 29 anos. Do total, 73,8% foram mortos com armas de fogo e 58% em vias públicas.

O anuário registrou 60.394 mortes em razão da violência policial de 2014 a 2024, sendo 6.243 apenas no ano passado, o que corresponde a 2,9 por 100 mil habitantes. Isso significa que 14% de todas as mortes violentas ocorreram por intervenções policiais.

Anuário registrou 60.394 mortes em razão da violência policial entre 2014 e 2024, sendo 6.243 apenas em 2024Foto: Mario Tama/Getty Images

As polícias mais letais são as do Amapá (17,1 mortes por 100 mil habitantes), Bahia (10,5) e Pará (7,0). Entre as cidades com mais de 50% das mortes violentas provocadas por policiais estão Itabaiana (SE), com 75,6% do total, seguida de Santos (SP) e São Vicente (SP), ambas com 66,1%.

Alta da violência contra crianças e mulheres

As mortes violentas de crianças e adolescentes de 0 a 17 anos aumentaram em todas as faixas etárias em relação a 2023. No ano passado, foram registradas 2.356 vítimas pertencentes a esses grupos, um aumento de 3,7% em relação ao ano anterior.

O número de feminicídios também aumentou, com 1.492 vítimas no ano passado (alta de 0,7%). Entre as vítimas desses crimes, 63,6% eram mulheres negras, e 70,5% tinham de 18 a 44 anos.

De cada 8 vítimas, 10 foram mortas por companheiros ou ex-companheiros, e 97% delas foram assassinadas por homens.

As causas da queda

A diretora executiva do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Samira Bueno, afirmou ao jornal O Globo que as causas para a redução da letalidade no Brasil são múltiplas e, em grande parte, conhecidas.

Uma explicação seria a mudança da estrutura demográfica da população brasileira. De 2004 a 2020, o Brasil teve uma diminuição do número de adolescentes e jovens de 10 a 19 anos e uma estabilidade entre as pessoas de 20 a 29 anos, sendo que esses são grupos com risco elevado de mortalidade por homicídio.

Citada pelo jornal, Samira destacou ainda o papel das políticas estaduais de prevenção à violência, com foco nos modelos de integração policial. Ela diz que vários estados brasileiros adotaram programas de redução de homicídios em áreas mais críticas de 2000 a 2010, na tentativa de integrar ações policiais e medidas de caráter preventivo.

Ela lembrou que houve ainda investimentos significativos na modernização da gestão das polícias e na adoção de novas tecnologias e sistemas de inteligência. Outro fator, segundo Samira, seria a trégua entre as facções do crime organizado Primeiro Comando da Capital e o Comando Vermelho, em especial no Norte e no Nordeste.

Letalidade ainda bastante alta

Apesar da queda, a letalidade no Brasil ainda é bastante alta se comparada ao resto do mundo, e o país tem o maior número absoluto de homicídios do planeta. Em relação à população, o Brasil é o 16ª mais violento entre 103 países, segundo o Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC).

rc/bl (ots)

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