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Brasil se diz consternado com violência em Bucha

7 de abril de 2022

Em nota, Itamaraty presta solidariedade ao povo ucraniano, mas não menciona a Rússia. Enquanto Bolsonaro mantém silêncio sobre a guerra, ministro das Relações Exteriores classifica agressão russa de inadmissível.

Carro queimado e corpos por rua em Bucha
Retiradas das tropas russas revelou atrocidades cometidas em BuchaFoto: Zohra Bensemra/REUTERS

O governo brasileiro prestou nesta quarta-feira (06/04) solidariedade às famílias das vítimas dos mortos em Bucha, em meio à guerra na Ucrânia. A Rússia não foi mencionada numa nota de quatro parágrafos divulgada pelo Itamaraty.

"O governo brasileiro recebeu, com grande consternação, as notícias e imagens de violência contra civis e de elevado número de mortos, muitos dos quais com sinais de tortura e maus-tratos, na localidade de Bucha, na Ucrânia", afirma o texto.

O Ministério das Relações Exteriores acrescenta que se solidariza com todo o povo ucraniano e pede que o Direito Internacional Humanitário seja respeitado.

A retirada das tropas russas da região de Kiev deixou um rastro de atrocidades. Imagens divulgadas no sábado por autoridades ucranianas mostraram dezenas de corpos de civis pelas ruas de Bucha, alguns com sinais de tortura e amarrados, e valas comuns com centenas de mortos. O cenário foi confirmado por jornalistas de vários veículos internacionais. Segundo a Ucrânia, mais de 400 mortos foram encontrados nos arredores da capital.

A Ucrânia e a comunidade internacional responsabilizam soldados russos pelo massacre. Moscou, porém, nega as acusações e alega que as imagens não passam de encenação para culpar a Rússia.

Na nota divulgada nesta quarta, evitando citar Moscou, o governo brasileiro reiterou que defende uma "investigação completa e independente de quaisquer alegadas violações" para apurar as responsabilidades.

"Como membro do Conselho de Segurança das Nações Unidas, o Brasil permanece plenamente engajado nas discussões com vistas à imediata cessação das hostilidades e à promoção de diálogo conducente a solução pacífica e duradoura, em consonância com a tradição diplomática brasileira, a Carta das Nações Unidas e o direito internacional", finaliza o texto.

O Brasil assumiu em janeiro deste ano um assento rotativo no Conselho de Segurança da ONU. No biênio 2022-2023, o país completará sua 11ª passagem pelo órgão, que tem 15 países com direito a voto, mas apenas os cinco permanentes têm direito ao veto: China, Estados Unidos, França, Reino Unido e Rússia. 

Bolsonaro em silêncio

O presidente Jair Bolsonaro vem mantendo o silêncio sobre a invasão da Ucrânia pela Rússia, iniciada há mais de um mês. Pouco antes da guerra, Bolsonaro viajou a Moscou, onde se encontrou com seu homólogo russo, Vladimir Putin, em meados de fevereiro. Na época, ele teceu elogios ao líder russo, chegando a afirmar que Putin buscava a paz.

Apesar do silêncio do presidente, o Brasil tem criticado a invasão russa na ONU. No Conselho de Segurança das Nações Unidas, o país votou a favor de uma resolução que condenava as ações de Moscou. O ministro das Relações Exteriores, Carlos França, também culpou a Rússia pela guerra.

Durante uma audiência na Comissão de Relações Exteriores do Senado nesta quarta-feira, França afirmou que invasão russa é inadmissível e negou que o país tenha uma posição dúbia sobre a guerra.

"No caso desse conflito, nós temos um lado claro, que é a paz mundial. A agressão é inadmissível", disse. "No momento em que há um conflito armado e a invasão de território, nós entendemos que a Rússia cruzou uma linha vermelha. Quanto a isso não há dúvida em relação à posição do Brasil. O lado do Brasil está muito claro. É a defesa do interesse nacional e a busca pela paz. E essa posição é respeitada aí fora."

O ministro, no entanto, voltou a criticar as sanções econômicas impostas à Rússia, argumentando que houve seletividade nas punições que atenderiam aos interesses de um pequeno grupo de países e prejudicariam os demais. Ele também destacou o que Brasil não pretende sancionar Moscou e, no momento, se preocupa com o fornecimento de fertilizantes.

"A própria Alemanha sofre com a possibilidade de deixar de contar com energia do combustível russo para sua indústria, para aquecimento de sua população, para geração de energia. Se até esses países têm dificuldade, que dirá o Brasil, que depende dos fertilizantes para manter girando o motor muito pujante que é o do agronegócio", acrescentou.

cn/lf (ABR, ots)

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