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Brasil tem deflação de 0,36% em agosto

9 de setembro de 2022

É a segunda queda consecutiva da taxa e, mais uma vez, o recuo foi puxado principalmente pela diminuição dos preços dos combustíveis. Mesmo com força menor, inflação deve estourar a meta pelo segundo ano consecutivo.

Placa com preço de combustíveis em posto de gasolina Petrobras
Pelo segundo mês consecutivo, a deflação no Brasil foi puxada pela queda no preço dos combustíveis (foto de março de 2022)Foto: Buda Mendes/Getty Images

A inflação no Brasil registrou queda de 0,36% em agosto, informou nesta sexta-feira (09/09) o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). É o segundo recuo consecutivo do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (IPCA) e, mais uma vez, a queda foi influenciada principalmente pela diminuição no preço dos combustíveis.

A queda em agosto foi menor do que a registrada em julho (-0,68%). No ano, o IPCA acumula alta de 4,39% e, nos últimos 12 meses, de 8,73% – abaixo dos 10,07% verificados nos 12 meses imediatamente anteriores. Em agosto de 2021, a variação foi de 0,87%.

Mesmo com a perda de força, a inflação deverá estourar, pelo segundo ano consecutivo, a meta de 3,5% definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). O IPCA é considerado cumprido neste ano se variar entre 2% e 5%.

O mercado financeiro projeta uma inflação de 6,61% em 2022; e de 5,27% em 2023. Quer dizer, aposta-se no estouro do teto da meta também em 2023.

Dos 377 produtos e serviços pesquisados pelo IBGE, 245 tiveram alta de preços no mês, sendo que em julho foram 237. Mesmo com a indicação de que o pior já passou em relação à inflação, o Banco Central elevou a taxa Selic para 13,75% – quer dizer, o maior patamar em seis anos.

Às vésperas da eleição presidencial, a alta de preços pressiona o governo federal, que teme a perda do poder de compra da população. Para reduzir os danos, Jair Bolsonaro aposta em corte de tributos, a exemplo da lei que definiu um teto para a cobrança do ICMS sobre combustíveis, energia, transporte e telecomunicações, sancionada em 23 de junho.

Combustíveis puxam deflação

A exemplo do mês de julho, o resultado de agosto foi influenciado principalmente pela queda no grupo dos transportes (-3,37%), que contribuíram com -0,72 ponto percentual no índice do mês. O grupo comunicação também recuou, com impacto de -0,06 ponto percentual.

O resultado dos transportes foi influenciado mais uma vez pela queda no preços dos combustíveis (-10,82%). De acordo com o IBGE, em agosto, os preços dos quatro combustíveis pesquisados caíram: gás veicular (-2,12%), óleo diesel (-3,37%), etanol (-8,67%) e gasolina (-11,64%), este último com impacto negativo mais intenso (-0,67 ponto percentual) entre os 377 subitens do IPCA.

O IBGE lembra ainda que o preço da gasolina nas refinarias foi reduzido em R$ 0,18 por litro em 16 de agosto. Já os preços das passagens aéreas (-12,07%) também recuaram, após quatro meses de alta.

Em relação às altas, o destaque foi para o grupo de saúde e cuidados pessoais (1,31%), que contribuiu com 0,17 ponto percentual em agosto. Já o grupo de alimentação e bebidas (0,24%) desacelerou em relação a julho (1,3%), com impacto de 0,05 ponto percentual.

Os demais grupos registraram entre o 0,10% de habitação e o 1,69% de vestuário – a maior variação positiva na inflação de agosto.

No grupo de alimentação e bebidas, houve altas em componentes importantes, como o frango em pedaços (2,87%), queijo (2,58%) e frutas (1,35%).

Já as quedas expressivas ocorreram nos preços do tomate (-11,25%), da batata-inglesa (-10,07%) e do óleo de soja (-5,57%). Além disso, o preço do leite longa vida, que havia subido 25,46% em julho, caiu 1,78% em agosto, contribuindo com -0,02 ponto percentual no índice do mês.

fc (ots)

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