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Brasil tem um ataque a vida de político a cada 13 dias

29 de setembro de 2020

Relatório registra ao menos 125 casos de assassinatos e atentados contra representantes eleitos e candidatos desde 2016, num total de 327 casos de violência política. Agressões cresceram após eleições de 2018.

Protesto pelo assassinato da vereadora Marielle Franco
Protesto pelo assassinato da vereadora Marielle Franco. Rio de Janeiro foi estado que registrou mais ataquesFoto: Reuters/L. Benassatto

O Brasil tem ao menos um atentado à vida de políticos, candidatos e pré-candidatos a cargos eletivos a cada 13 dias, aponta o relatório Violência Política e Eleitoral no Brasil – Panorama das violações de direitos humanos de 2016 a 2020, realizado pelas organizações Terra de Direitos e Justiça Global e apresentado nesta segunda-feira (28/09).

O levantamento, realizado a partir de notícias de meios de comunicação, registrou ao menos 125 casos de assassinatos e atentados contra políticos entre 1° de janeiro de 2016 e 1° de setembro de 2020. Ao todo, foram registrados no período 327 casos de violência política, incluindo 85 ameaças, 33 agressões, 59 ofensas, 21 invasões e 4 casos de prisão ou tentativa de detenção de agentes políticos.

Segundo o documento, que foi entregue ao Conselho Nacional de Direitos Humanos, os casos de violência contra políticos e candidatos vêm crescendo nos últimos anos, registrando um acirramento desde as eleições de 2018.

Em 2017, foram mapeados 19 assassinatos e atentados. Ainda que tenha sofrido uma pequena queda em 2018 (17 registros), o número de ataques saltou para 32 em 2019, e 2020 já contabiliza 27 casos até o início de setembro.

O Rio de Janeiro foi o estado que registrou o maior número de assassinatos e atentados: 18 no total. Minas Gerais, Ceará, Maranhão e Pará dividem o 2º lugar no ranking, com 11 casos em cada estado. 

O relatório chama atenção para dois casos simbólicos de violência política e eleitoral ocorridos recentemente: a execução da vereadora carioca Marielle Franco (PSOL), em março de 2018, e o atentado a faca ao então candidato e atual presidente Jair Bolsonaro, em setembro do mesmo ano, durante a campanha eleitoral. 

"Os casos aqui apresentados não se resumem a ataques de ordem pessoal, trata-se de fenômenos que afetam a integridade da democracia, comprometem o exercício regular de direitos políticos e atacam esferas coletivas e difusas de participação", diz o texto.

Impunidade

Conforme o estudo, em 63% dos ataques contra a vida os suspeitos não foram identificados; já em registros de agressão, 43% dos responsáveis também não foram identificados. Os dados permitem concluir, de acordo com as ONGs, haver no Brasil um contexto de alta impunidade e baixa responsabilização dos crimes.

A pesquisa sublinha que a intensidade da violência na disputa política é bem maior na esfera municipal. Nos casos mapeados, cerca de 91% das vítimas de atentados e assassinatos são do âmbito municipal: vereadores, prefeitos ou vice-prefeitos (pré-candidatos, candidatos ou eleitos). Os 11 casos restantes (9%) envolveram candidatos a deputado estadual e a governador, deputados federais, estaduais e senadores.

Os homens são as maiores vítimas de assassinatos e agressões. No entanto, as políticas e candidatas mulheres foram vítimas de 76% dos casos registrados de ofensas.

Para Élida Lauris, da Terra de Direitos, a pesquisa traz dados reveladores para entender o cenário de violência que se têm vivido no Brasil nos últimos anos. "Por exemplo, nos últimos quatro anos e meio, a cada cinco dias, a sociedade brasileira conviveu com pelo menos um episódio de violência política como parte do seu cotidiano. Alguns dados são muito alarmantes, como o número de assassinatos e atentados e o agravamento das ofensas e das agressões em 2019", destaca.

MD/ots

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