Brasil terá cinco filmes na mostra Panorama da Berlinale
25 de janeiro de 2017
Festival de Cinema de Berlim inclui mais duas produções brasileiras na programação da segunda mais importante seção do evento. Brasil também volta a concorrer ao Urso de Ouro nesta edição.
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O Festival de Cinema de Berlim, a Berlinale, divulgou nesta quarta-feira (25/01) a programação completa da mostra Panorama, a segunda mais importante do evento, destacando o Brasil como "bem representado", com cinco filmes.
A lista definitiva da mostra inclui 51 filmes de 43 países, sendo que 36 deles terão sua estreia mundial na Berlinale. As novas produções brasileiras incluídas na mostra são Como Nossos Pais, de Laís Bodanzky, e o curta de animação Vênus – Filó, a fadinha lésbica, de Sávio Leite.
Vazante, de Daniela Thomas, Pendular, de Julia Murat, e No Intenso Agora, de João Moreira Salles, já haviam sido anunciados nas listas divulgadas nos últimos dias 20 de dezembro e 17 de janeiro.
Segundo comunicado de imprensa emitido nesta quarta-feira, Como Nossos Pais retrata a vida cotidiana de três gerações em São Paulo, como uma "demonstração pirotécnica de paixões individuais e desilusões existenciais, encenadas com uma naturalidade sublime".
Vênus – Filó, a fadinha lésbica, por sua vez, é inspirado na obra Bufólicas, de Hilda Hilst.
Presença forte do Brasil
Na coprodução luso-brasileira Vazante, Thomas trata das relações raciais e de gênero no início do século 19. A obra revive a época do trabalho escravo na extração de pedras preciosas em Minas Gerais.
Cenas do filme "Joaquim", o representante brasileiro na Berlinale
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Pendular, por sua vez, mostra a relação entre um escultor e uma dançarina. O festival descreveu a obra de Murat como "um tratamento de gênero original e filosófico sobre jovens boêmios à beira da meia-idade".
Em No Intenso Agora, Salles "justapõe uma cornucópia de materiais de arquivo", documentando os acontecimentos que se desenrolaram em Paris em 1968, a supressão da Primavera de Praga e uma "sociedade chinesa autoconfiante sob Mao", do ponto de vista da mãe do diretor. Trata-se de uma "reflexão política privada", descreve a Berlinale. O filme foi incluído na seção Panorama Dokumente, dedicada a documentários.
A 67ª edição do festival, que vai de 9 a 19 de fevereiro, traz também o Brasil de volta à competição principal, com o longa Joaquim, de Marcelo Gomes, concorrendo ao Urso de Ouro.
Desde a primeira edição do Festival de Cinema de Berlim, em 1951, o Brasil já concorreu 24 vezes ao prêmio principal e foi contemplado duas vezes: em 1998, com Central do Brasil, de Walter Salles, e em 2008, com Tropa de Elite 2, de José Padilha. A última vez que um filme brasileiro concorreu ao Urso de Ouro foi em 2014, com Praia do Futuro, de Karim Ainouz.
LPF/efe/dw/ots
DW indica: os 10 melhores filmes de 2016
Enquanto a temporada cinematográfica de 2016 vai chegando ao fim, o especialista da DW Jochen Kürten reuniu seus dez lançamentos preferidos, marcados por forte presença francesa e algumas surpresas alemãs.
Foto: picture alliance/dpa/StudioCanal
Mon roi
Filme romântico da mais alta qualidade, "Meu rei", da diretora francesa Maïwenn, é cinema puro. A história de amor, a montanha-russa de emoções em que Tony (Emmanuelle Bercot) e Giorgio (Vincent Cassel) mergulham, mal deixam ao espectador tempo para respirar. Grandioso cinema de atores, um magnífico melodrama: para mim, o melhor filme de 2016.
Foto: picture alliance/dpa/StudioCanal
La belle saison
Mais uma narrativa amorosa de uma cineasta francesa: em "Um belo verão" Catherine Corsini dirige o olhar para a década de 1970. Aqui, o que fascina é a terna ligação entre a jovem Delphine (Izïa Higelin), vinda da província para a cidade, e a apaixonada Carole (Cécile de France). Amor e história, emoção e razão, com sutileza tipicamente francesa.
Foto: picture-alliance/dpa/Alamode Film
A bigger splash
Refilmagem do clássico homônimo dos anos 60, "A piscina" é melhor do que o original. O diretor siciliano Luca Guadagnino coloca suas quatro personagens contrastantes em rota de colisão na ilha italiana de Pantelleria, entre elas, o improvável casal interpretado por Tilda Swinton e Matthias Schoenaerts. Calor intenso e sentimentos reprimidos, capturados em belíssimas imagens.
Foto: Sandro Kopp
The end
Pena que, depois de estrear na 66ª edição no festival Berlinale, o tratado filosófico-cinematográfico de Guillaume Nicloux "The end" não encontrou o caminho para as salas exibição. O roteirista e diretor francês larga o peso-pesado Gérard Depardieu com seu cão num bosque, enviando-o numa jornada existencial e maratona de atuação que nunca se sabe aonde pode levar. Misterioso, mas também divertido.
Foto: Les films du Worso - LGM Films
Frantz
E mais um francês: François Ozon é considerado um dos mais excitantes diretores do berço do cinema europeu, que a cada novo filme pisa terreno virgem. "Frantz" trata de franceses e alemães, de guerra e paz, com o apoio fundamental dos fantásticos atores Paula Beer e Paul Niney. Visualmente, Ozon evoca a bela fotografia em preto-e-branco de seu compatriota François Truffaut.
Foto: X Verleih
A hologram for the king
Uma bela surpresa Tom Tykwer ter decidido fazer um filme "pequeno", depois do megalomaníaco e um tanto pretensioso "A viagem". "Negócio das Arábias" traz o cineasta alemão novamente em plena forma. E tão pequeno assim o projeto não é, tendo como protagonista o astro americano Tom Hanks, excelente, e locações sensacionais. E humor inteligente também não falta.
Foto: X Verleih
Junges Licht
Mais uma surpresa cinematográfica "made in Germany": "Junges Licht" (literalmente "Jovem luz") chegou às salas de exibição sem passar por grandes festivais. Um terno filme de memórias, abordando uma tocante relação pai e filho, comovente, musical, sonhador. O diretor é Adolf Winkelmann, especialista em histórias da região mineira do Ruhr, numa inesperada guinada estilística aos 70 anos de idade.
Foto: JungesLicht/Weltkino
Paterson
"Paterson" também traz um veterano de volta à velha forma: o ícone do cinema independente americano Jim Jarmusch, após algumas produções um tanto artificiais e estéreis. "Paterson" conta delicadamente a história do motorista de ônibus e poeta, interpretado por Adam Driver, cuja linda esposa (Golshifteh Farahani) o espera todos os dias em casa: felicidade de vida tornada poesia imagética.
Foto: Mary Cybulski
The revenant
Cercado de grande expectativa ao estrear no início do ano, "O regresso" quase caiu no esquecimento. Mas é um dos filmes grandiosos de 2016, em que o mago mexicano do cinema Alejandro González Iñárritu encena de modo empolgante uma trama brutal e impiedosa. E apesar de toda a aura de superstar, Leonardo DiCaprio se confirma como magnífico ator, inesquecível na cena da luta contra o urso.
Foto: picture alliance/Zuma Press/Twentieth Century Fox
Toni Erdmann
E não se pode esquecer a grande surpresa cinematográfica alemã do ano: depois de ser ignorado pelo júri do Festival de Cannes, "Toni Erdmann" tem colecionado prêmios, e ainda tem chances de um Golden Globe ou Oscar. Tanto alvoroço assim faz quase esquecer como é anticonvencional esse filme da ainda novata Maren Ade, cheio de humor e ironia. Uma verdadeira sensação!