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Brasil vai ganhar guerra da agricultura contra UE, diz Furlan

Geraldo Hoffmann29 de janeiro de 2006

Ministro faz um balanço da participação brasileira no Fórum de Davos e do andamento das negociações da OMC e do acordo UE-Mercosul. Conferência em Frankfurt tenta atrair novos investimentos alemães para o Brasil.

Luiz Fernando Furlan: 'Os investidores sabem que podem confiar no governo Lula'Foto: Geraldo Hoffman

No Fórum Econômico Mundial 2006, que terminou neste domingo (29/01), em Davos, na Suíça, o Brasil teve bem menos destaque do que nos anos três anteriores, quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi a estrela do encontro.

Delegação brasileira em Davos, 27/01/2006Foto: MRE - AIG - Imprensa

Desta vez, a Índia e a China roubaram a cena como potências econômicas emergentes. E isso, segundo o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Luiz Fernando Furlan, tem uma explicação. "A Índia investiu muito para se apresentar em Davos, mas fator decisivo é que esses países estão crescendo mais. O Brasil oferece estabilidade política e econômica, mas o empresário está mais disposto a correr riscos de investimentos, quando as taxas de crescimento são altas", disse o ministro à DW-WORLD.

Segundo Furlan, o Brasil, para aumentar seu crescimento econômico, precisa continuar desonerando o capital, "o que já vem fazendo. E fazer aquilo que faremos amanhã em Frankfurt: mostrar que temos um mercado doméstico de 170 milhões de pessoas, cujo poder aquisitivo vem aumentando. E que temos boas oportunidades para investimentos com retorno seguro".

Reuniões internacionais

A delegação brasileira aproveitou o Fórum de Davos para uma série de reuniões internacionais. "Participamos da reunião ministerial com 26 países sobre a Rodada Doha da OMC, onde houve um clima positivo, com sinais de que as negociações podem avançar. E conversamos com a União Européia sobre o acordo com o Mercosul", disse o ministro.

Chanceler Celso Amorim discursa em DavosFoto: AP

Furlan disse não acreditar que as notícias sobre os escândalos de corrupção tenham arranhado a boa imagem do país que Lula havia transmitido à elite econômica reunida na Suíça, nos últimos anos. "O presidente Lula decidiu, há três semanas, não ir a Davos – como também desistiu de participar de outras conferências – para priorizar assuntos da agenda nacional neste ano eleitoral. Nossa presença foi forte, mas é claro que a vinda do presidente teria dado um destaque maior", explicou.

Quanto à Rodada Doha da OMC, Furlan disse que o Brasil está disposto a vir ao encontro dos europeus, mas rebateu as críticas feitas recentemente pelo comissário de Comércio da UE, Peter Mandelson, de que o país, junto com a Índia, estaria bloqueando as negociações.

Mandelson sob pressão

Ele atribuiu as declarações de Mandelson ao fato de o comissário estar sendo pressionado por alguns dos 25 países da UE, que ainda têm um setor agrícola forte e que temem perdas com o corte de subsídios.

"É ilusório pensar que o Brasil tenha poder para bloquear as negociações da Rodada Doha, que foi também chamada de rodada do desenvolvimento. O Brasil e outros países em desenvolvimento vão ganhar a guerra da agricultura contra a União Européia, que não tem como manter os subsídios que vinha dando a este setor", disse Furlan.

OMC e UE-Mercosul

Celso Amorim conversa com Kofi Annan em Davos, 27/01/2006Foto: MRE - AIG - Imprensa

Segundo o ministro, na reunião com os europeus em Davos, ficou claro também que as negociações do acordo UE-Mercosul estão estreitamente vinculadas aos resultados da Rodada da OMC. Ele espera que na cúpula da União Européia e América Latina/Caribe, em maio próximo, em Viena, ocorram avanços. "Mas como desde setembro passado as negociações em nível técnico estão paradas, eu, que venho lutando há dez anos para que esse acordo saia, ainda não posso garantir que ele será fechado este ano", ressalvou.

Em busca de investimentos alemães

Em Davos, o ministro havia dito que o Brasil ainda não está atraindo suficientemente capital estrangeiro. Numa tentativa de melhorar esse quadro, ele fala com 120 empresários alemães e 30 brasileiros, nesta segunda-feira (30/01), em Frankfurt, sobre oportunidades de investimentos privados no Brasil.

"Vamos mostrar as oportunidades que se abrem com a nova rodada de concessões de obras rodoviárias, que realizamos neste ano, e do projeto Norte-Sul. Também vamos falar sobre as PPPs-Parcerias Público Privadas (PPPs) nacionais e apresentar o quadro jurídico seguro para os investimentos nessa área", adiantou Furlan.

Celso Amorim e representante comercial dos EUA, Robert Portman, em DavosFoto: MRE-AIG-Imprensa

Segundo Furlan, há boas chances para os alemães investirem na área de energias renováveis, por exemplo, na construção de dutos para o transporte do etanol, mas também em linhas de transmissão de energia.

O ministro descartou a possibilidade de haver uma freada ou queda nos investimentos estrangeiros no país neste ano eleitoral. "Não há motivos para o investidor ficar inseguro por causa do ano eleitoral, independentemente de quais forem os candidatos. Estamos empreendendo uma série de esforços para atrair novos investimentos e, depois de três anos, os investidores sabem que podem confiar no governo Lula", concluiu.
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