Pesquisadora da Universidade de Zurique diz que, apesar do avanço do conservadorismo, grupos marginalizados puderam quebrar barreira importante. São eles, afirma, que não deixarão Bolsonaro mudar imagem tão facilmente.
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Nas eleições deste ano, o número de mulheres que conquistaram uma vaga no Senado seguiu no patamar de 2014: sete. Na Câmara dos Deputados, a presença feminina passou de 51 para 77, 15% do total. E apenas uma governadora, Fátima Bezerra (PT-RN), foi eleita.
Mesmo sendo mais da metade da população e do eleitorado, as mulheres seguem sub-representadas na política brasileira. Segundo dados do Banco Mundial, a média global de mulheres no parlamento é 23,6%. Na Argentina, por exemplo, é de 39%, e na Bolívia, de 53%. O Brasil está atrás até mesmo dos Emirados Árabes Unidos (22,5%).
"As maiores mudanças institucionais para impulsionar candidaturas de mulheres ocorreram por decisão judiciais. Os partidos resistiram a decisões do TSE e do STJ em relação à reserva de 30% do fundo de campanha para as candidaturas femininas. Esse dinheiro não foi distribuído como deveria", explica Malu Gatto, pesquisadora pós-doutoral no Departamento de Ciências Políticas da Universidade de Zurique, na Suíça.
Apesar disso, uma quantidade significativa de mulheres feministas chegou ao Congresso, como Sâmia Bonfim e Talíria Petrone. Erica Malunguinho foi a primeira mulher transgênero negra a se eleger deputada estadual em São Paulo. "Foi uma eleição de polarização. Apesar de o conservadorismo ter obtido a maioria das vagas, tivemos uma vitória grande de movimentos sociais e grupos que não fazem parte da política."
Para Gatto, que estuda representação política no Brasil, a gestão de Jair Bolsonaro deve afetar setores da sociedade de forma diferente. "Uma das coisas que ouvi muito nestas eleições foi que não importava se Bolsonaro era homofóbico, misógino ou racista porque as pautas mais importantes eram saúde, educação e segurança pública. Mas essas políticas passam por recortes raciais, de gênero e de orientação sexual."
DW Brasil: O presidente eleito Jair Bolsonaro recebeu atenção negativa no exterior. O que ele deve fazer para melhorar sua imagem global?
Mallu Gatto: Percebe-se que Bolsonaro está tentando mudar sua imagem para a de alguém não extremista. Ele tem buscado o apoio de grupos marginalizados contra os quais vinha falando de uma maneira negativa e ameaçadora. A esposa dele deu uma entrevista apresentando-o como amoroso e tolerante. Por outro lado, os movimentos sociais estão percebendo isso e não vão deixá-lo mudar sua imagem facilmente. Eles não vão permitir que comentários de Bolsonaro sejam esquecidos em nível nacional, nem a sua história de intolerância. Ainda não é possível saber até que ponto o presidente eleito conseguirá remediar sua imagem no contexto global.
Bolsonaro apresentou-se como um candidato antissistema. Ele conseguirá governar desta forma?
Creio que veremos a política sendo feita de maneira similar à forma atual. Muita gente dizia que Bolsonaro não teria governabilidade, mas isso não é verdade. O PSL tem a segunda maior bancada na Câmara e o Congresso eleito é extremamente conservador. O presidente deve ter o apoio de grande parte da bancada BBB. Essa governabilidade vai seguir os padrões do presidencialismo de coalizão. A eleição dele representa um desejo antissistema, até mais do que um antipetismo. Mas ele não vai conseguir mudar radicalmente a forma de fazer política.
Quais as suas preocupações em relação ao futuro governo?
É importante avaliar como esse governo vai ter impactos desproporcionais para diferentes grupos da população. Uma das coisas que ouvi muito nestas eleições foi que não importava se Bolsonaro era homofóbico, misógino ou racista porque as pautas mais importantes eram saúde, educação e segurança pública. Mas sabemos que essas políticas passam por recortes raciais, de gênero e de orientação sexual. Temos que monitorar para que não haja retrocessos para grupos marginalizados. Em termos de segurança pública, sabemos que homens negros jovens são os que mais morrem no Brasil. Ao que tudo indica, as políticas públicas de segurança vão afetar a população negra de maneira muito mais forte. Ainda é difícil de estimar isso, mas grupos marginalizados, como negros, mulheres e LGBTs, estão assustados e com medo. Precisamos entender o porquê disso.
O que você espera da participação militar neste governo?
Não está claro ainda, mas a presença dos militares vai ser mais forte do que no passado. Já vemos algumas coisas que preocupam por conta da história recente de ditadura. Não creio que haverá uma volta da ditadura, mas ocorrerá a erosão das instituições democráticas. Haverá cada vez mais a pauta da Escola Sem Partido, autoritarismo dentro das universidades e uma restrição maior de liberdade de expressão de mídia. Isso deve ocorrer de forma institucionalizada ou ad hoc, por conta do não controle de atores. Não vai ser Bolsonaro que sairá à rua para ameaçar LGBTs e negros, mas as pessoas que acreditaram no discurso normalizado e autoritário talvez o façam pelas suas próprias mãos.
Como você vê a sub-representação feminina no Legislativo?
Neste ano houve uma renovação grande, que se deu a muito custo. Os políticos tradicionais fizeram de tudo para proteger o seu espaço de poder. E isso é uma questão histórica. Para as mulheres, como um grupo sub-representado, essa sempre foi uma pauta difícil de marcar no Congresso. Vê-se isso desde 1995, quando as primeiras cotas foram discutidas. As maiores mudanças institucionais para impulsionar candidaturas de mulheres ocorreram por decisão judiciais, não pelo Legislativo. Com as decisões do TSE e do STJ em relação à reserva de 30% do fundo partidário e de campanha para as candidaturas femininas, houve uma resistência enorme dos partidos. Esse dinheiro não foi distribuído da maneira que deveria. A intenção era que promovesse a representação das mulheres no Legislativo, mas isso não aconteceu. As mulheres, principalmente vindas de movimentos sociais e de partidos de esquerda, conseguiram chegar à Câmara dos Deputados. Haverá uma representação maior de mulheres feministas, que farão forte oposição em um Congresso mais conservador.
Erica Malunguinho foi a primeira mulher transgênero negra a se eleger deputada estadual em São Paulo. Fabiano Contarato, abertamente homossexual, conquistou uma vaga no Senado pelo Espírito Santo. Essas vitórias são uma resistência ao conservadorismo?
Sim. Elas são simbólicas e importantes para trazer a voz a grupos marginalizados. Mesmo algumas pessoas que não foram eleitas tiveram apoio substantivo. Duda Salabert, em Minas Gerais, foi bem votada. Ela fez uma campanha muito significativa como a primeira mulher travesti da América Latina a se candidatar ao Senado. Essa foi uma eleição de polarização. Apesar de o conservadorismo ter conquistado a maioria das vagas, houve uma vitória grande de movimentos sociais e de grupos que historicamente não fazem parte da política. Para eles, quebrar essa barreira é bem mais difícil. Então esses ganhos são muito importantes. Grande parte destas campanhas foi feita com pouquíssimos recursos, na rua e de forma coletiva.
Acredita que o governo Bolsonaro terá mulheres em posição de destaque?
Na gestão Temer existiu uma comoção internacional e doméstica tão grande com a ausência de mulheres que ele precisou se ajustar. Não creio que Bolsonaro vá colocar mulheres por uma pauta de inclusão, até porque ele já diminuiu essa questão da representatividade de gênero e raça. Ele vai colocar para não sofrer esse tipo de crítica.
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Protesto em defesa da indústria do carvão
Cerca de 20 mil trabalhadores da indústria do carvão protestaram na cidade alemã de Bergheim, exigindo a proteção aos seus empregos, enquanto uma comissão do governo federal prepara um plano para extinção escalonada da utilização dessa fonte de energia. Na manifestação, os mineiros marcharam sob o slogan "sem bom trabalho não há bom meio ambiente, levantamos a voz por nossos empregos". (24/10)
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O premiê australiano, Scott Morrison, fez um pedido formal de desculpas em nome do país às vítimas de abuso sexual infantil. Em discurso emocionado no Parlamento, em Camberra, Morrison disse que a Austrália deve reconhecer o sofrimento vivido por essas pessoas durante décadas, assim como o fracasso do Estado em protegê-las desses "crimes sombrios e maléficos". (22/10)
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Após atravessar fronteira mexicana, milhares de migrantes, a maioria proveniente de Honduras, prosseguem em direção aos EUA. Muitos foram obrigados a recuar por forças de segurança mexicanas e permanecem na ponte que liga Guatemala e México. (21/10)
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Pedaço da Lua é vendido por mais de US$ 600 mil
Meteorito lunar de 5,5 quilos é arrematado por valor acima do esperado em leilão nos EUA. Fragmento foi encontrado na África no ano passado e deverá ser exposto em templo no Vietnã. Apelidado de "Buagaba" ou "quebra-cabeça lunar", meteorito é composto de fragmentos que se encaixam como num quebra-cabeça. Oferta vencedora foi feita por pessoa ligada ao complexo religioso Tam Chuc Pagoda. (20/10)
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Crânio de Luzia é encontrado
Pesquisadores do Museu Nacional, no Rio de Janeiro, encontraram o crânio de Luzia, o fóssil humano mais antigo descoberto na América e que revolucionou os estudos sobre o povoamento do continente americano. Os ossos foram localizados nos escombros do edifício atingido por um incêndio em 2 de setembro. Apesar de alguns danos ao fóssil, técnicos comemoram as boas condições das peças. (19/10)
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Salto do século completa 50 anos
Marca de 8,90 metros alcançada pelo americano Bob Beamon nos Jogos Olímpicos da Cidade do México é considerada um dos cinco maiores momentos do esporte do século 20. Salto veloz e vigoroso foi conquistado na final olímpica em 18 de outubro de 1968, na primeira tentativa, completando assim seus 50 anos. Beamon, com 22 anos na época, foi detentor do recorde mundial por mais de duas décadas. (18/10)
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O Canadá se tornou o segundo país do mundo a legalizar o uso da maconha para fins recreativos, depois do Uruguai, que adotou a medida em 2013. A partir de agora, cada consumidor poderá portar até 30 gramas da droga, além de cultivar até quatro pés de maconha em casa. O governo federal comunicou ainda que perdoará todas as pessoas com condenações por posse de até 30 gramas. (17/10)
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Temer é indiciado no inquérito dos portos
A Polícia Federal concluiu um inquérito que apurava suspeitas de fraudes na edição do Decreto dos Portos, envolvendo o presidente Michel Temer. Em seu relatório final, a corporação indiciou o chefe de Estado e sua filha Maristela, além de outras nove pessoas, e pediu o bloqueio de bens de todos eles. Também solicitou a prisão de quatro envolvidos, incluindo um coronel amigo de Temer. (16/10)
Foto: Reuters/R. Moraes
Morre Paul Allen, cofundador da Microsoft
O empresário americano Paul Allen, que fundou a gigante Microsoft nos anos 1970 ao lado de seu amigo de infância Bill Gates, morreu aos 65 anos nos Estados Unidos. Ele vinha lutando contra um tipo de câncer conhecido como linfoma não-Hodgkin. Bilionário, ele comprou clubes esportivos e era conhecido pela filantropia. "O computador pessoal não teria existido sem ele", disse Gates em nota. (15/10)
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Papa canoniza mártir salvadorenho e Paulo 6º
O papa Francisco declarou santos o arcebispo salvadorenho Óscar Romero e o papa Paulo 6º , juntamente com cinco outras pessoas menos conhecidas. Romero, assassinado por um tiro em pleno altar enquanto realizava uma missa em 1980, e Paulo 6º, que liderou a Igreja nos momentos de encerramento do Concílio Vaticano 2º, foram figuras discutidas e contestadas tanto dentro como fora da Igreja. (14/10)
Ato contra intolerância em Berlim
Dezenas de milhares de pessoas foram às ruas do centro de Berlim protestar contra a extrema direita e a favor de uma sociedade mais tolerante. Os organizadores afirmaram que cerca de 240 mil pessoas compareceram à manifestação. O Brasil também foi lembrado. Participantes levaram cartazes e faixas com dizeres de protesto contra o presidenciável Jair Bolsonaro (PSL), além da hashtag #EleNão. (13/10)
Foto: Getty Images/AFP/J. MacDougall
Fogo em trem de alta velocidade na Alemanha
Um trem de alta velocidade que ia de Colônia para Munique, na Alemanha, pegou fogo durante o trajeto próximo a Dierdorf. Cinco pessoas se feriram levemente ao sair do veículo. As causas do incêndio estão sendo investigadas. As chamas começaram no primeiro vagão logo após a locomotiva. (12/10)
Foto: Reuters/W. Rattay
Falha e pouso de emergência
Dois astronautas tiveram que fazer um pouso de emergência após uma falha logo após o lançamento da aeronave russa Soyuz MS-10 que os levaria até a Estação Espacial Internacional (ISS). Os dois voltaram à Terra numa cápsula que aterrissou perto da cidade de Dzhezkazgan, no Cazaquistão, após o lançamento mal-sucedido. (11/10)
Foto: picture-alliance/dpa/Sputnik/A. Filippov
Keiko Fujimori é detida no Peru
A líder da oposição no Peru Keiko Fujimori foi detida por suspeita de lavagem de dinheiro, após ser interrogada num tribunal. A filha do ex-presidente Alberto Fujimori é acusada de receber doações ilegais da Odebrecht para campanhas presidenciais. Ela nega as acusações. (10/10)
Foto: Imago/Agencia EFE/E. Arias
Embaixadora dos EUA na ONU renuncia
A embaixadora dos EUA na ONU, Nikki Haley, vai deixar o cargo no fim deste ano, anunciou o presidente Donald Trump, após a mídia americana noticiar a mais recente de uma série de baixas para o governo do republicano. A embaixadora não divulgou o motivo de sua renúncia, afirmando apenas ser "importante reconhecer quando é tempo de se afastar". (09/10)
Foto: Reuters/J.Ernst
ONU alerta sobre aquecimento global
Para limitar o aumento da temperatura do planeta a 1,5°C e, assim, evitar drásticas alterações no clima serão necessárias "mudanças rápidas, vastas e sem precedentes" em nível global, alertou o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas da ONU. Além de fenômenos climáticos extremos, um aumento maior que esse afetaria a saúde, o fornecimento de água e o crescimento econômico. (08/10)
Foto: picture-alliance/AP Photo/F. Bustamante
Bolsonaro e Haddad no segundo turno
Em uma das eleições mais polarizadas da história, milhões de eleitores brasileiros foram às urnas e decidiram enviar ao segundo turno os candidatos Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT). Favorito no Sul e Sudeste, o ex-militar teve 46% dos votos válidos contra 29% do petista, que foi o mais votado em oito estados do Nordeste e no Pará. Em terceiro, Ciro Gomes (PDT) teve 12%. (07/10)
Nobel da Paz premia luta contra violência sexual
O médico congolês Denis Mukwege e a ativista yazidi Nadia Murad foram os vencedores do Nobel da Paz de 2018, por seus esforços para "acabar com o uso da violência sexual como arma de guerra". Mukwege, de 63 anos, passou grande parte de sua vida atendendo vítimas de violência sexual no Congo. Murad, de 25, sobreviveu à escravidão sexual perpetrada pelo "Estado Islâmico" no Iraque. (05/10)
A Holanda informou que seus serviços de inteligência frustraram um ataque cibernético contra a Organização para Proibição de Armas Químicas (Opaq), com sede no país, em abril. O país expulsou quatro supostos espiões russos envolvidos no caso. Os agentes teriam estacionado um veículo num hotel próximo à sede da Opaq com o objetivo de hackear o sistema de wi-fi e computadores da organização. (04/10)
O Prêmio Nobel de Química de 2018 foi atribuído a três cientistas bioquímicos pela utilização dos princípios da evolução para desenvolver proteínas que resolvem os problemas químicos da humanidade. Metade do prêmio foi à evolucionista americana Frances H. Arnold (à dir.), e a outra metade será dividida entre o americano George P. Smith (centro) e o britânico Gregory P. Winter (à esq.). (03/10)
Nobel de Física premia 1ª mulher em 55 anos
O americano Arthur Ashkin, o francês Gérard Mourou e a canadense Donna Strickland (foto) foram agraciados com o Nobel de Física de 2018 por suas pesquisas e invenções no campo da física do laser. Ashkin, de 96 anos, é a pessoa mais velha a ganhar um Nobel. Já Strickland é a terceira mulher da história a levar o prêmio de Física, concedido desde 1901, e a primeira a ser premiada em 55 anos. (02/10)
Foto: picture-alliance/AP Images/N. Denette
Nobel de Medicina para avanços contra o câncer
O americano James P. Allison e o japonês Tasuku Honjo foram os vencedores do prêmio Nobel de Medicina de 2018. Eles foram premiados por seus estudos que permitiram avanços no tratamento contra o câncer, anunciou o Instituto Karolinska de Estocolmo. As descobertas feitas pelos dois cientistas permitem novos métodos para a inibição da regulação negativa do sistema imunológico. (01/10)