Brasil volta a registrar mais de mil mortes por covid em 24h
3 de fevereiro de 2022
Patamar de mil mortes diárias não era superado desde agosto passado. Número de novos casos chega a 298,4 mil e bate recorde. Fiocruz afirma que ocupação de UTIs é crítica em 9 unidades da Federação.
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O Brasil registrou oficialmente nesta quinta-feira (03/02) 1.041 novas mortes ligadas à covid-19, segundo dados divulgados pelo Conselho Nacional de Secretários da Saúde (Conass).
É a primeira vez que o Conass registra mais de mil mortes por covid-19 em 24 horas no país desde 18 de agosto, há mais de cinco meses. A alta de novos casos e mortes se relaciona à disseminação da variante ômicron, mais transmissível.
Nesta quinta, também foram registrados 298.408 novos casos de covid-19, quebrando o recorde anterior, de 28 de janeiro. Com isso, o total de infecções registradas no país chega a a 26.091.520, e os óbitos oficialmente identificados somam 630.001.
Diversas autoridades e instituições de saúde alertam, contudo, que os números reais devem ser ainda maiores em razão da falta de testagem em larga escala e da subnotificação.
Uma pesquisa Datafolha publicada em 15 de janeiro apontou que um entre quatro brasileiros com 16 ou mais anos de idade afirma ter ter sido diagnosticado com covid-19 desde o início da pandemia no país. O número representa quase o dobro dos casos oficialmente notificados.
A média móvel de casos, que avalia os últimos sete dias, também é recorde, com 189.526 infecções. A média móvel de óbitos aumentou para 702, patamar verificado pela última vez em agosto passado.
Já a taxa de mortalidade por grupo de 100 mil habitantes está em 299,8 no Brasil, a 14ª mais alta do mundo, atrás de alguns pequenos países europeus e do Peru.
Em números absolutos, o Brasil é o segundo país do mundo com mais mortes, atrás apenas dos Estados Unidos, que somam mais de 894,3 mil óbitos, mas têm população bem maior. É ainda o terceiro país com mais casos confirmados, depois de EUA (75,7 milhões) e Índia (41,8 milhões).
Ao todo, mais de 386,9 milhões de pessoas contraíram oficialmente o coronavírus no mundo, e foram notificadas 5,7 milhões de mortes associadas à doença, segundo dados da Universidade Johns Hopkins.
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Ocupação de UTIs é crítica em nove unidades da Federação
Nesta quinta, uma nota técnica da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) informou que a taxa de ocupação de leitos de UTIs dedicados à covid-19 é considerada crítica, com mais de 80% de ocupação, em nove unidades da Federação: Amazonas, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Distrito Federal, Piauí, Rio Grande do Norte, Pernambuco e Espírito Santo.
Segundo a publicação, em 13 unidades da Federação houve aumento recente das taxas de ocupação dos leitos de UTI para covid-19. Entre 25 capitais com dados disponíveis, 13 estão na zona de alerta crítico, nove na zona de alerta intermediário e oito fora da zona de alerta.
Os pesquisadores do Observatório Covid-19 da Fiocruz avaliam que o comportamento das taxas de ocupação em estados e capitais "parece apontar para a interiorização de casos da doença". Algumas capitais já apresentam mais estabilidade ou mesmo queda nas suas taxas, enquanto as taxas dos estados crescem expressivamente.
A nota técnica da Fiocruz ressalta que o cenário atual não é o mesmo registrado entre março e junho de 2021, a fase mais crítica da pandemia, e que mesmo com o acréscimo de leitos para covid-19 ocorrido nas últimas semanas, a disponibilidade de leitos é hoje bem menor.
Os pesquisadores alertam para a baixa cobertura vacinal em diversas áreas do país, onde os recursos assistenciais são mais precários, e lembram que uma proporção considerável da população que não recebeu a dose de reforço ou não se vacinou é mais suscetível a formas mais graves da infecção com a ômicron.
A Fiocruz destaca que a "elevadíssima" transmissibilidade da variante pode resultar em números expressivos de internações em leitos de UTI, mesmo com uma probabilidade mais baixa de ocorrência de casos graves.
bl (ots)
As variantes do novo coronavírus
Para evitar a estigmatização e a discriminação dos países onde as variantes do Sars-Cov-2 foram detectadas pela primeira vez, a OMS padronizou seus nomes conforme letras do alfabeto grego.
Foto: Sascha Steinach/ZB/picture alliance
Várias denominações para uma cepa
A Organização Mundial da Saúde (OMS) definiu que as novas variantes do coronavírus passam a ser chamadas por letras do alfabeto grego e não devem mais ser identificadas pelo local onde foram detectadas pela primeira vez. Cientistas criticavam ainda que estavam sendo usados vários nomes para a cepa descoberta na África do Sul, como B.1.351, 501Y.V2 e 20H/501Y.V2.
Foto: Christian Ohde/CHROMORANGE/picture alliance
Nomes científicos continuam válidos
A OMS pediu que os países e a imprensa passem a adotar a nova nomenclatura das variantes e evitem associar novas cepas aos locais de origem. A organização acrescentou, porém, que as novas denominações não substituem os nomes científicos, que devem continuar sendo usados em trabalhos acadêmicos.
Foto: Reuters/D. Balibouse
Variante alfa
A variante B.1.1.7 foi detectada em setembro de 2020 no Reino Unido e se espalhou pelo mundo. Segundo um estudo publicado em março na "Nature", há evidências de que a variante alfa seja 61% mais mortal do que o vírus original. Entre homens com mais de 85 anos, o risco de morte aumenta de 17% para 25%. Para mulheres da mesma faixa etária, de 13% para 19%, nos 28 dias posteriores à infecção.
Foto: Christian Ohde/imago images
Variante beta
Pesquisadores identificaram a variante B.1.351 em dezembro de 2020 na África do Sul. A cepa atinge pacientes mais jovens e é associada a casos mais graves da doença. Os cientistas sequenciaram centenas de amostras de todo o país desde o início da pandemia e observaram uma mudança no panorama epidemiológico, "principalmente com pacientes mais jovens, que desenvolvem formas graves da doença".
Foto: Christian Ohde/imago images
Variante gama
A variante P.1 foi detectada pela primeira vez em 10 de janeiro de 2021 pelo Japão em passageiros vindos de Manaus. Originária do Amazonas, ela se espalhou pelo Brasil e outros países vizinhos. A cepa possui 17 mutações, três das quais estão na proteína spike. São provavelmente essas últimas que fazem com que o vírus possa penetrar mais facilmente nas células para então se multiplicar.
Foto: Christian Ohde/imago images
Variante delta
A variante B.1.617, detectada em outubro de 2020 na Índia, causa sintomas diferentes dos provocados por outras cepas, é significativamente mais contagiosa e aparentemente aumenta o risco de hospitalização, segundo sugeriram estudos. "O vírus se adapta de forma inteligente. Muitos doentes recebem resultados negativos nos testes, mas desenvolvem sintomas graves", explicou um médico de Nova Déli.
Foto: Christian Ohde/imago images
Variante ômicron
A nova variante B.1.1.529, batizada de ômicron pela Organização Mundial da Saúde, foi descoberta em 11 de novembro de 2021 em Botsuana, que faz fronteira com a África do Sul, onde a cepa também foi encontrada. A ômicron contém 32 mutações na chamada proteína "spike" (S), número considerado extremamente alto. Cientistas avaliam que essa variante se dissemina mais rapidamente do que as anteriores.
Foto: Andre M. Chang/Zuma/picture alliance
A busca pela padronização
O novo padrão foi escolhido após "uma ampla consulta e revisão de muitos sistemas de nomenclatura", afirma a OMS. O processo durou meses e entre as sugestões de padronização estavam nomes de deuses gregos, de religiões, de plantas ou simplesmente VOC1, VOC2, e assim por diante.
Foto: Ohde/Bildagentur-online/picture alliance
Nomes e apelidos polêmicos
Desde o início da pandemia, os nomes utilizados para descrever o Sars-Cov-2 têm provocado polêmica. O ex-presidente americano Donald Trump costumava chamar o novo coronavírus de "vírus da China", como forma de tentar culpar o país asiático pela pandemia. O vírus foi detectado pela primeira vez na cidade chinesa de Wuhan.
Foto: picture-alliance/AA/A. Hosbas
Novas cepas podem ser mais perigosas
Mutações em vírus são comuns, mas a maioria delas não afeta a capacidade de transmissão ou de causar manifestações graves de doenças. No entanto, algumas mutações, como as presentes nas variantes do coronavírus originárias do Reino Unido, da África do Sul e do Brasil, podem torná-lo mais contagioso.
Foto: DesignIt/Zoonar/picture alliance
Associação ao local de origem
Historicamente, vírus novos costumam ganhar nomes associados ao local de descoberta, como o ebola, que leva o nome de um rio congolês. No entanto, esse padrão pode ser impreciso, como é o caso da gripe espanhola de 1918. As origens desse vírus são desconhecidas, mas acredita-se que os primeiros casos tenham surgido no estado do Kansas, nos Estados Unidos.
Foto: picture-alliance/National Museum of Health and Medicine