Brasileira Eva Sopher é agraciada com a Medalha Goethe 2015
28 de agosto de 2015
Diretora do Theatro São Pedro, em Porto Alegre, é homenageada por sua colaboração internacional para o intercâmbio das culturas brasileira e alemã. Eva Sopher foi para o Brasil com os pais em 1936, fugindo do nazismo.
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A empreendedora cultural e presidente da Fundação Theatro São Pedro, Eva Sopher, foi laureada com a Medalha Goethe 2015. O prêmio é uma homenagem realizada anualmente pelo Instituto Goethe a personalidades vinculadas à Alemanha que se destacam na expressão cultural de seus países e colaboram para promover o intercâmbio internacional entre as culturas.
O tema da edição deste ano é "o espírito da História". Eva Sopher é reconhecida por ter restaurado e reconstruído o Theatro São Pedro, em Porto Alegre. Hoje o teatro não só é um dos maiores símbolos culturais da capital gaúcha como também um ponto de encontro internacional para artistas de todas as vertentes.
Junto com a brasileira, também foram condecorados o filósofo sírio Sadik Al-Azm, que se engaja pela liberdade de expressão e pela comunicação entre o mundo árabe islâmico e a Europa ocidental; e Neil MacGregor, diretor do British Museum por 13 anos, por despertar no público uma nova consciência histórica ao conectar temas complexos da História da Arte em suas exposições.
De família judaica, Eva Sopher nasceu na Alemanha e se naturalizou brasileira. Em 1936, ela se mudou com os pais para o Brasil, fugindo da perseguição nazista. Com 16 anos, Eva já trabalhava em uma galeria de arte em São Paulo, e nos anos 1960 iniciou a recuperação de seu "templo secular", como costuma chamar o Theatro São Pedro. Hoje, com 91 anos de idade, ela continua sendo responsável pelo espaço, organizando de até oito espetáculos semanais.
Reerguida das cinzas
A Biblioteca Anna Amalia, em Weimar, é um dos mais importantes centros da vida intelectual alemã. Dez anos atrás, foi tomada pelas chamas. Especialistas ainda estão tentando salvar dezenas de milhares de livros.
Foto: picture-alliance/dpa
Templo do saber
Fundada em 1691, a Biblioteca Anna Amalia, em Weimar, é considerada Patrimônio Mundial da Humanidade pela Unesco. Recebeu o nome de Anna Amalia de Brunswick-Wolfenbüttel, que foi sua maior patrocinadora. O salão em estilo rococó é um dos mais magníficos templos de livros do mundo. Após um incêndio, o prédio foi reaberto em 24 de outubro de 2007, dia do aniversário de sua patrona.
Foto: AP
Sala de estudo de Goethe
Assim era o salão rococó antes do incêndio. O filho de Anna Amalia, Carl August, Grão-Duque da Saxônia, expandiu a biblioteca enquanto novo governante, a partir de 1775. Dois anos mais tarde, ele imbuiu Johann Wolfgang von Goethe da supervisão geral da biblioteca. Goethe ocupou o cargo até sua morte, em 1832, a tornando uma das bibliotecas mais importantes da Alemanha.
Foto: picture alliance/dpa
O grande incêndio
Em 2 de setembro de 2004, pouco antes de uma planejada reforma, o "berço do classicismo alemão" sofre um incêndio que atinge o terceiro andar e a mansarda da histórica biblioteca. O incidente não deixa só a população de Weimar consternada: amigos de cultura em todo o mundo ficam chocados com as imagens do edifício barroco em chamas.
Foto: picture-alliance/dpa
Destruição de um monumento
A segunda galeria do histórico salão rococó é destruída totalmente pelo fogo, outras partes da casa são seriamente danificadas pela água usada para combater o incêndio. A biblioteca perde 50 mil livros históricos, outros 62 mil foram danificados pelo fogo e pela água. Causa do incêndio foi um cabo elétrico defeituoso, segundo especialistas.
Foto: picture alliance/dpa
Joias culturais queimadas
Uma imagem desoladora é presenciada pelos bombeiros após a eliminação do fogo. O incêndio destruiu ou danificou seriamente cerca de um quinto do acervo histórico e um décimo do acervo total de um milhão de livros. Cerca de 28 mil volumes foram salvos do prédio de 400 anos pelo diretor da biblioteca, Michael Knoche, e por numerosos voluntários, incluindo uma valiosa Bíblia de Lutero.
Foto: picture-alliance/dpa
Compromisso comum pela cultura
Um total de 38,8 milhões de euros em doações, subsídios do governo e recursos de fundações foram recolhidos desde 2004 para o salvamento do acervo. Deles, 20 milhões já foram gastos. Com os restantes 18 milhões de euros, a fundação Klassik Stiftung Weimar quer continuar com o programa por, pelo menos, mais 15 anos.
Foto: picture-alliance/dpa
Luta para reconhecer as letras
Cerca de 36 mil capas de livros já foram restauradas, em parte através dos mais recentes métodos de reconhecimento de escrita. Mas a restauração das obras mais fortemente danificadas, os chamados "Aschebücher" (livros de cinzas), ainda levará muitos anos para ser concluída. Um quinto das 50 mil perdas totais pôde ser substituído, mas muitos dos livros eram peças únicas.
Foto: picture-alliance/dpa
Um Copérnico salvo
O sucesso mais recente: entre os chamados "livros de cinzas" apareceu em um tesouro há muito tempo perdido. Uma primeira edição do "De revolutionibus orbium coelestium", de Nicolau Copérnico, do ano de 1543. Nele, Copérnico provou que a Terra gira sobre seu próprio eixo e faz parte de um sistema planetário que orbita em torno do Sol. Esta teoria iria mudar a visão do mundo para sempre.
Foto: Candy Welz/Klassik Stiftung Weimar
Novo centro de estudos
Cinco meses após o maior incêndio ocorrido em uma biblioteca alemã no pós-guerra, é inaugurado um novo edifício orçado em 23,8 milhões de euros em fevereiro de 2005. Nela, o público tem acesso livre a mais de 100 mil mídias. A nova biblioteca inclui também dois arquivos subterrâneos que ligam a biblioteca histórica à nova biblioteca.
Foto: picture alliance/dpa
Feridas visíveis
A segunda galeria do salão rococó, completamente destruída pelas chamas, não foi reconstruída em sua forma original, mas transformada em uma sala de leitura especial. Aqui podem ser estudados manuscritos, mapas e globos terrestres, e peças das coleções especiais, que exigem condições específicas de manuseamento. Na foto, é possível reconhecer claramente o setor destruído e a parte restaurada.
Foto: Klassik Stiftung Weimar
Berço do saber
A Biblioteca Anna Amalia é utilizada por pesquisadores nacionais e estrangeiros. A especialidade da biblioteca é a pesquisa da literatura alemã do Iluminismo ao período romântico tardio. Fazem parte do grande acervo 2.600 livros manuscritos, 8.600 mapas e 29 globos terrestres, assim como microfilmes, mídias sonoras e eletrônicas.