Brasileiro "Meu nome é Bagdá" é premiado na Berlinale
29 de fevereiro de 2020
Longa de Caru Alves de Souza recebe prêmio do júri de melhor filme na mostra Generation. Produção retrata o cotidiano de jovem skatista em São Paulo. Brasil concorre ainda ao Urso de Ouro neste domingo.
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O longa Meu nome é Bagdá ganhou nesta sexta-feira (28/02) o prêmio do júri de melhor filme na mostra Generation, dedicada ao público infanto-juvenil, do Festival Internacional de Cinema de Berlim, a Berlinale.
Dirigido por Caru Alves de Souza, o filme retrata o cotidiano da jovem skatista Bagdá, interpretada por Grace Orsato, na cidade de São Paulo. O júri afirmou que foi unânime na escolha do vencedor.
Ao argumentar a decisão, o júri disse ser impossível "não ser conquistado pela protagonista e sua comunidade e, da mesma maneira, era impossível esquecer o auge glorioso e poderoso deste filme". "É uma prova de que a vida pode não nos proporcionar milagres, mas podemos superar todos os obstáculos se seguirmos nossa paixão", acrescentou.
"Meu nome é Bagdá": o cotidiano de uma skatista na periferia
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De acordo com a diretora do longa, Meu nome é Bagdá "é um filme sobre solidariedade entre mulheres e sobre as dificuldades que elas enfrentam no dia a dia".
Inspirada no livro Bagdá – O skatista, de Toni Brandão, o filme não conquistou somente o júri em Berlim. Em sua estreia no festival, o longa arrancou longos aplausos da plateia.
Esse foi o primeiro prêmio brasileiro na atual edição da Berlinale. O Brasil disputa ainda o Urso de Ouro com Todos os mortos, de Caetano Gotardo e Marco Dutra. Coprodução entre Brasil e França, o longa discute a herança da escravidão na virada do século 19.
Nesta edição, o Brasil veio forte também na mostra Panorama, a segunda mais importante do festival, representado pelos filmes Cidade pássaro, de Matias Mariani; Nardjes A., de Karim Aïnouz; O reflexo do lago, de Fernando Segtowick; e Vento Seco, de Daniel Nolasco. Participou ainda da mostra a coprodução entre Brasil, Argentina e Suíça Un Crimen Común, dirigida pelo argentino Francisco Márquez.
Na mostra Generation, além de Meu nome é Bagdá, o Brasil esteve presente com Rã, de Ana Flavia Cavalcanti e Julia Zakia; Alice Júnior, de Gil Baroni; e Irmã, de Luciana Mazeto e Vínicius Lopes. Também participou na seção Fórum, mais experimental, com dois títulos.
Neste ano, um brasileiro foi escolhido para fazer parte do júri internacional do festival. O cineasta pernambucano Kleber Mendonça Filho, autor de filmes aclamados pela crítica como Aquarius (2016) e Bacurau (2019), faz parte da equipe presidida pelo ator britânico Jeremy Irons.
Além de Mendonça Filho, compõem o grupo a diretora palestina Annemarie Jacir, a atriz argentina Bérénice Bejo, a produtora alemã Bettina Brokemper, o cineasta americano Kenneth Lonergan e o ator italiano Luca Marinelli.
A Berlinale chega a sua 70ª edição com nova direção, novas locações e novas perspectivas. Ao mesmo tempo em que promete inovações, o maior festival de cinema da Alemanha apresentará também clássicos do cinema.
Foto: picture-alliance/Pop-Eye/C. Kratsch
Novos nomes à frente do festival
Após a renúncia de Dieter Kosslick no ano passado, a 70ª edição da Berlinale começa com uma nova dupla de responsáveis: o italiano Carlo Chatrian, diretor artístico, e Marietta Rissenbeek, diretora-executiva. Neste ano, a Berlinale acontece de 20 de fevereiro a 1º de março.
Foto: Reuters/A. Hilse
Novos locais no centro de Berlim
Devido ao fechamento de um grande cinema multiplex na praça Potsdamer Platz, na capital alemã, foi necessário procurar uma nova locação para o Festival de Cinema de Berlim. O Cubix, na Alexanderplatz, antes um local secundário do festival, agora é o principal endereço da Berlinale.
Foto: DW/A. Gollmer
Filme de abertura
O festival abre com o filme canadense-irlandês "My Salinger year". O trabalho do diretor Philippe Falardeau conta a história de uma jovem escritora que trabalha como assistente de uma agente literária de sucesso e que responde a correspondências de fãs de um autor cult. A atriz americana Sigourney Weaver, que interpreta a agente literária, é aguardada em Berlim para a abertura da Berlinale.
Foto: micro-scope
Presidente do júri
O ator britânico Jeremy Irons será o presidente do júri internacional neste ano. Ao fim do festival, ele e sua equipe decidirão quem receberá o cobiçado Urso de Ouro. Oscar de melhor ator em 1990 por "Reverso da fortuna", Irons deu voz ao personagem Scar na versão original de "Rei Leão".
Foto: picture-alliance/dpa/B. Smith
Os brasileiros
O longa "Todos os mortos", dos brasileiros Caetano Gotardo e Marco Dutra, coprodução franco-brasileira, concorrerá na mostra competitiva. Na seção Panorama, estão "Cidade pássaro", de Matias Mariani; "Nardjes A.", de Karim Aïnouz; "O reflexo do lago", de Fernando Segtowick; e "Vento seco", de Daniel Nolasco. Outros 11 filmes do Brasil participam de mostras paralelas do festival.
Foto: Dezenove Som e Imagens/Hélène Louvart
Nova seção competitiva
Além da competição principal pelos ursos, foi criada em 2020 a seção competitiva Encontros. Quinze filmes, incluindo "Gunda" (foto), devem mostrar "a vitalidade do cinema". "Cada filme apresenta um jeito diferente de interpretar a história do cinema: autobiográfico, íntimo, político, social, filosófico, épico, surreal", diz o festival em nota.
Foto: Egil Haskjold Larsen/Sant & Usant
Fora de competição
A nova direção do festival acabou com a categoria "hors concours", que antes integrava a seção competitiva. Os filmes fora de competição passarão a ser mostrados numa seção especial. O primeiro convidado de destaque da Gala Especial da Berlinale será "Pinóquio", de Matteo Garrone, com Roberto Benigni.
Foto: Greta De Lazzaris
Cinema alemão em foco
O cinema alemão continuará desempenhando um papel importante no festival. Entre os diversos filmes apresentados na série Perspectiva Cinema Alemão, está o longa-metragem "Schlaf" (Sono), estrelado por Sandra Hüller.
Foto: Marius von Felbert/Junafilm
Mulheres na direção
Enquanto cresce a quantidade de mulheres por trás das câmeras, como o maior festival de cinema da Alemanha se posiciona no debate sobre gênero? Essa e outras questões relacionadas ao tema são discutidas nas principais mostras internacionais de cinema. A Berlinale mostra, entre outros, "Charlatan", novo filme da cineasta polonesa Agnieszka Holland.
Foto: Marlene Film Production
Homenagem a Helen Mirren
A atriz britânica Helen Mirren receberá o Urso de Ouro honorário pelo conjunto de sua obra. Oriunda do teatro, em que também fez grande sucesso, ela é conhecida pelos seus êxitos em Hollywood. Entre os vários prêmios de sua longa carreira cinematográfica, está o Oscar de melhor atriz em 2007, por sua atuação em "A rainha".
Foto: picture-alliance/newscom/J. Ruymen
King Vidor na Retrospectiva
No centro da seção Retrospectiva está o diretor americano King Vidor (à esq., com Audrey Hepburn e Jeremy Brett durante a filmagem de "Guerra e paz" em 1955). O texano (1894-1982) começou na era do cinema mudo, e em 1928 criou uma obra épica com "A turba". Contudo, também se afirmou no filme sonoro com obras-primas como "Duelo ao sol" (1947) e "Homem sem rumo" (1955).
Foto: picture-alliance/dpa
Clássico de 1924 restaurado
Um ponto alto para os fãs de cinema acontecerá em 21 de fevereiro, quando será apresentado o clássico do cinema mudo alemão "Figuras de cera", de 1924. O famoso filme do diretor Paul Leni foi restaurado digitalmente e será exibido, com música recém-gravada, no Friedrichstadt Palast.