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CeBIT 2009

6 de março de 2009

Empresários oferecem inovações e mão-de-obra ao mercado de software em Hannover. Alguns brasileiros desistiram de participar da feira devido à crise financeira, outros veem oportunidades.

Foto: AP

A crise financeira internacional levou alguns expositores brasileiros a desistir de participar da maior feira de Tecnologia da Informação (IT) e Telecomunicações do Mundo, mas não abalou o representante da empresa paulista de consultoria SCA, Antonio Coló. A última vez que ele esteve em Hannover foi em 1998. Ele voltou por acreditar que tem algo diferente a oferecer em um contexto econômico que considera propício a negócios.

Antônio Coló: CeBIT em contexto econômico propício a negóciosFoto: DW / Marcio Pessoa

Coló quer aproveitar o novo conceito exigido pelo mercado em depressão, "alta racionalização dos processos para a redução de custos". Ele desenvolveu um aplicativo para fins corporativos que facilita cálculos contábeis e insere o usuário nas regras internacionais do sistema financeiro.

O engenheiro diz que seu software tem reduzido o tempo de trabalhos contábeis de uma semana para 20 minutos. Coló disse ter ficado surpreso ao fazer a pesquisa de mercado sobre o seu produto porque descobriu que muitos usuários trabalham ainda com planilhas tipo Excel. "Existem programas que fazem este trabalho, mas nenhum integra tantas funções e é tão flexível quanto o nosso", garante.

"Maior possibilidade de fechamento de negócios"

No total, 11 expositores e oito empresas prospectoras brasileiras participam da CeBIT 2009. A feira segue até o dia 8 de março em Hannover e os brasileiros esperam encaminhar negociações de seus softwares e "sentir a temperatura do mercado". Nesta edição, a feira registra 4.300 expositores de quase 70 países, 25% a menos do que no ano passado.

"A crise financeira também fez com que oito empresas brasileiras desistissem de vir", explica Claus Traeger, consultor da delegação brasileira na CeBIT. Para Oldemar Brahm, a feira deste ano tem menos participantes, mas quem "fez o esforço de vir está mais focado. Logo a possibilidade de fechar negócios é maior", projeta o empresário da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica.

Empresas brasileiras vão a Hannover desde 1995 e, em 2000, a participação passou a ser organizada pela Associação Brasileira de Exportadores de Software e Serviço (Softex). A Softsul, unidade gaúcha da Softex, é quem planeja essa participação brasileira na Alemanha. O mercado brasileiro de IT movimentou 18 bilhões de dólares em 2007, 14,5 % a mais do que no ano anterior, conforme dados do IDC Análises de Mercado.

Mão-de-obra barata

Dois desejos diferentes trazem os brasileiros a Hannover. Os expositores querem compradores para suas inovações. Os prospectores querem "sentir o mercado" e oferecer serviços offshore. "Vim para encontrar parceiros internacionais que queiram desenvolver seus softwares no Brasil, onde a mão-de-obra é qualificada e mais barata", revela Lisandro Jacobus, da DBC Company.

Traeger calcula que 10% dos softwares desenvolvidos no Brasil vão para o mercado internacional. Para o consultor, o que diferencia o Brasil dos outros países emergentes é seu mercado interno grande e eficiente.

Traeger: mão-de-obra brasileira é qualificada e mais barataFoto: DW / Marcio Pessoa

Segundo ele, as empresas do país detêm 1,7% do mercado internacional. "A nossa produção é absorvida pelo mercado interno, embora todas a multinacionais do setor estejam no Brasil", destaca.

Há alguns anos, o desenvolvimento da tecnologia de software para o setor financeiro no Brasil desperta especial atenção na CeBIT. Antes da estabilidade econômica, os bancos concentraram recursos em inovações que possibilitassem operações complexas da noite para o dia e isso aguçou este nicho no Brasil. "Um depósito em Manaus realizado à noite teria que estar disponível em São Paulo na mesma hora para não haver perda de dinheiro", lembra Traeger.

Objetivo alcançado

O elevado nível dos softwares bancários brasileiros repercutiu no desenvolvimento de programas para outros segmentos. Hoje, conforme os integrantes da delegação, o Brasil tem grande qualidade de produtos e serviços, mas isso não é muito conhecido no mundo.

"Há muitos anos, o Brasil tem participado intensamente de feiras internacionais. Isso melhora a imagem do país, mas ainda é incipiente", opina Traeger. Neste ano, os aplicativos brasileiros ligados à telecomunicação têm um estande específico. A estratégia surgiu depois da constatação de que esse nicho era diferente e não poderia ficar no estande das outras empresas brasileiros na CeBIT.

Oldemar Brahm é presidente do conselho da Softsul e participou de várias edições da CeBIT. Para ele, a feira de 2009 está sendo a mais rica de todas. "Em função da crise, a procura é muito grande por aplicativos que reduzam custos e quem apresenta este tipo de alternativa tem sucesso em Hannover", explica.

Autor: Marcio Pessôa

Revisão: Roselaine Wandscheer

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