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Brasileiros comemoram em Colônia

Tobias Jungblut, de Colônia21 de junho de 2002

Na cidade da maior catedral da Alemanha, brasileiros se reúnem a cada jogo para torcer pela Seleção. Desta vez não foi diferente e o restaurante Viva Brasil ficou lotado com uma tocida unida e fiel.

Gol do Brasil no Japão, alegria também na AlemanhaFoto: DW-WORLD

Desde às 7 horas desta sexta-feira (21), reuniram-se no mais antigo restaurante brasileiro em Colônia, dezenas de imigrantes tupiniquins ansiosos para acompanhar o que muitos consideraram a final antecipada desta Copa do Mundo de 2002. Mais conhecido como "seu Ari", o dono do restaurante, o alemão Arie Weinert, já preparava quitutes típicos para serem servidos aos fiéis torcedores. Em meio a café e torradas, cerveja e caipirinha circulavam pela platéia improvisada.

O local possui uma decoração só com artigos originais do Brasil. Na entrada, uma placa da Avenida Interlagos (São Paulo) recebe o visitante, que encontra, mais ao fundo, uma pequena venda de produtos nacionais. "Por favor não toque nas mercadorias", diz um bilhete escrito à mão colado com fita adesiva na vitrine. Samba é a música que recebe os espectadores, entre eles a cearense Patrícia, que tirou o dia de folga para assistir ao jogo.

O trabalho é duro e muita gente deve ser atendida. Entram garçons improvisados para dar conta da demanda. "Dia de jogo é sempre assim. Todo mundo vem e ninguém sai antes do apito final", conta seu Ari. Os palpites são raros, com excessão dos gritos de vitória de Ciro, antigo frequentador do local.

Final antecipada -

"Não é final não. Ainda tem muito pela frente e as outras seleções são muito fortes", afirmou o bombeiro Paulo Wagner, 26 anos, que passa férias na Alemanha. Mesmo confiante na seleção canarinho, Patrícia, de Fortaleza, também acha precipitado considerar este jogo uma final. "Se o Brasil for para a decisão, acho que será contra Alemanha ou Senegal", completou ela, sem saber que a tabela de jogos não permite uma final brasileira contra o país africano.

Depois do pontapé inicial, às 8h30 da manhã alemã, um dos garçons do local, Pagé, 27 anos, caminha entre os presentes com uma bandeja anunciando as bebidas: "Fanta, Coca-Cola, água e Bier! Alles hier!" (Fanta, Coca-Cola, água e cerveja! Tudo aqui!). Pagé, há oito meses em Colônia, vem de Minas Gerais e não pensa em voltar. "Brasil sem Coca-cola, água e Bier não dá!", continua ele.

Até os mais jovens brasileiros vestiram a camisa canarinho em ColôniaFoto: DW-World

Os primeiros gols -

Aos 23 minutos do primeiro tempo, o Brasil sofre o primeiro gol, marcado por Owen, mas a torcida não exprime grande preocupação. O sentimento que mais toma conta da brasileirada é a decepção com a defesa canarinho. "O Lúcio falhou feio. Foi por isso que a gente tomou o gol", analisou Nicolas, de 32 anos, que assistia atentamente a partida da entrada do restaurante.

Ciro, que havia anunciado gols de Ronaldo e Rivaldo, resolveu acender uma vela diante de um preto-velho e pedir ajuda aos espíritos. Pouco antes do intervalo, alguns já se retiravam achando que o Brasil sairia de campo sem o esperado gol de Rivaldo. Entretanto, depois de ótima jogada de Ronaldinho Gaúcho, o atacante da camisa 11 acerta o canto direito do goleiro inglês, igualando o placar, para alívio dos torcedores.

Alemães presentes no local também torciam, mas para o time adversário do Brasil. "A defesa inglesa é excelente e eles ainda têm Owen e Beckham. Acho que eles ainda vão marcar e o Brasil não vai conseguir passar pela zaga", disse o alemão Andreas, de 26 anos, que torcia contra a equipe de Felipão.

A salvação -

O segundo gol foi um lance inesperado para todos. A cobrança de Ronaldinho levou a bola ao ângulo direito de Seaman, sem dar-lhe chance para defesa. O inesperado levou os brasileiros ao delírio, que vibravam, gritavam, dançavam e cantavam a vitória, ao som de sambas-enredos. "Agora é só deixar assim", gritavam alguns. "Faz mais um", pediam outros.

O jogo termina e a festa fica ainda mais animada: samba no mais alto volume e a rua é bloqueada. O restaurante é pequeno demais para tanta alegria. Todos participam, dos novos aos velhos, dos homens às mulheres. "Achei que o Brasil fosse para a prorrogação, mas sabia que ia ganhar. Eu apostei em 1 a 0", confessou o paraibano José Severino. O dono do restaurante, seu Ari, admitiu ter gostado muito do jogo e que esse foi melhor da Seleção Brasileira até agora.

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