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Brasileiros competem na Olimpíada de Alemão

18 de julho de 2018

Evento reúne mais de 140 alunos de 74 países em Freiburg. Realizada desde 2008 em diferentes locais da Alemanha, competição premia não só conhecimento do idioma, mas também competência intercultural e espírito de equipe.

Palavra "deutsch" em branco sobre fundo verde
Alemão ("deutsch") é idioma que está em alta no mundoFoto: Fotolia/HandmadePictures

"Por que os alemães usam meias com sandálias?" Perguntas como essa preocupam há tempos Petros Baloglou, da Grécia. Agora, ele finalmente tem a oportunidade de satisfazer sua curiosidade, in loco: ele é um dos melhores alunos de alemão em seu país de origem e ganhou, por isso, uma passagem para Freiburg.

Na cidade do sul da Alemanha, ele pode aprender muito sobre o país e seu povo mas, acima de tudo, ele compete com outros estudantes de todo o mundo entre 14 e 19 anos de idade na Olimpíada Internacional de Alemão (IDO 2018). Eles vêm de países como Albânia, Índia, Japão, Colômbia, Camarões, Austrália e Brasil.

"Está sendo uma experiência muito boa. Estou podendo conhecer várias pessoas de lugares diferentes do mundo e não tem nada melhor que conhecer outras culturas e melhorar meu alemão", diz Mateus Giordano, de 15 anos. O mineiro de Belo Horizonte é um dos dois representantes brasileiros no concurso deste ano, juntamente com o gaúcho Lucas Moré, de 16 anos.

Mateus Giordano, aluno de alemão de Belo Horizonte: "Nada melhor que poder conhecer outras culturas"Foto: DW/B. Warken

Eles visitam a Europa pela primeira vez. Lucas, que é de Santa Cruz do Sul, diz que nunca conseguira viajar à Alemanha devido às suas condições financeiras. "O intercâmbio não é muito estimulado entre pessoas mais novas. Geralmente se incentiva quem tem um nível de alemão mais elevado", afirma. Os dois ganharam a bolsa para o evento mesmo estando ainda no nível A2, de conhecimento básico da língua.

Cerca de 13 milhões de estudantes de alemão foram convidados para participar da competição, mas cada país pode enviar no máximo dois concorrentes. Para a maioria dos mais de 140 participantes, esta é a primeira vez que visitam o país cuja língua estão aprendendo.

No que diz respeito ao vocabulário específico sobre gramática, os competidores estão muito à frente de muitos alemães. Só na aplicação das regras é que eles às vezes ainda "derrapam". "E também com a pronúncia das vogais, especialmente de ‘ö' e ‘ü'", diz a professora de alemão Milica Purovic.

Ela viajou de Montenegro para acompanhar dois alunos na IDO. Mas ela também teve que primeiro se qualificar para a viagem, através de uma aula inovadora. Em seu país, Milica quer acabar com o preconceito de que o alemão é uma língua dura e fria. "Para mim, ele é cheio de poesia", diz. "Os mais belos poemas e romances foram escritos em alemão, na minha opinião."

Estudante Lucas Moré, de Santa Cruz do Sul: "Geralmente, as bolsas são para quem tem nível de alemão mais elevado"Foto: DW/B. Warken

"Muitos dos competidores já podem ler livros em alemão, mas eles não precisam só de bons conhecimentos linguísticos”, ressalta a funcionária do Instituto Goethe Sabine Erlenwein, gerente de projetos da competição deste ano. "O que está em jogo não é ganhar de qualquer maneira e superar seu competidor. Basicamente, este é um encontro entre jovens de todo o mundo, uma oportunidade única para se divertir e construir pontes entre as nacionalidades." E, segundo ela, isso funciona da melhor forma quando os alunos resolvem tarefas em conjunto.

Além de exercícios de gramática são oferecidas na IDO, realizada entre 16 e 27 de julho, diversas tarefas em grupo. Uma delas pede que os participantes façam entrevistas na rua, com habitantes locais, durante uma caminhada através de Freiburg, para saber mais sobre a cidade, e que eles exponham suas descobertas em colagens. Em outra oficina, os participantes são incentivados a realizar apresentações tematizando a cultura de sua terra natal – em alemão, é claro. E também é organizada uma colaboração com estudantes de arte durante uma visita a uma escola em Freiburg.

Na decisão sobre quem serão os três primeiros colocados da IDO, contam não só a competência linguística, mas também a competência intercultural e o espírito de equipe do aluno. E há até um prêmio adicional para fairplay.

A Olimpíada Internacional de Alemão existe desde 2008, criada pela Associação Internacional de Professores de Alemão (IDV) e pelo Instituto Goethe.

Participantes da Olimpíada Internacional de Alemão de 2012, realizada em FrankfurtFoto: DW

A primeira Olimpíada de Alemão foi realizada na Croácia em 2000. Desde 2008 ela ocorre na Alemanha, a cada dois anos. Dresden, Hamburgo, Frankfurt e Berlim já sediaram. Freiburg sedia a IDO pela primeira vez. Nunca, de acordo com Sabine Erlenwein, houve tantos participantes. "O interesse pela língua alemã é grande em todo o mundo, e a Alemanha é também um lugar atraente para muitos, como país para se cursar uma universidade."

Não é de se admirar, portanto, que o número de países que participam do IDO esteja aumentando constantemente. Eles eram 46 em 2010 e agora já são 74. A Polônia lidera a lista de aprendizes de alemão, com mais de dois milhões entre os cerca de 13 milhões de alunos do idioma. Na França, eles são um milhão. Mas a demanda está crescendo na Índia, na Turquia e até no Vietnã.

Para o Instituto Goethe, a Olimpíada Internacional de Alemão é um investimento no futuro. "A IDO é uma iniciativa que procura reduzir preconceitos e fortalecer a tolerância e o entendimento além das fronteiras nacionais", diz a gerente de projetos Sabine Erlenwein. "Ao mesmo tempo, ela é também uma boa propaganda para a Alemanha como um país atraente para quem quer estudar e trabalhar."

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