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Brasileiros protestam a favor de Dilma na Alemanha

Érika Kokay11 de junho de 2016

Munidos de cartazes, bandeiras, apitos e pandeiros, manifestantes defendem a democracia, criticam o governo Michel Temer e pedem a volta da presidente afastada. Houve protestos em Berlim, Colônia, Frankfurt e Munique.

Em Frankfurt, protesto contou com tradução simultânea do premiado tradutor alemão Michael Kegler
Em Frankfurt, protesto contou com tradução simultânea do premiado tradutor alemão Michael KeglerFoto: Raphael Maximino dos Santos Vannuzini

Brasileiros na Alemanha foram às ruas nesta sexta-feira (10/06) em protesto contra o presidente interino Michel Temer, aderindo à série de manifestações unificadas que ocorreram no Brasil e em outras cidades do mundo. Berlim, Colônia, Frankfurt e Munique foram palco de protestos.

Em Munique, cerca de 30 pessoas se encontraram na praça Marienplatz para pedir a volta da presidente afastada Dilma Rousseff. Embalados ao som de um pandeiro, instrumento tipicamente brasileiro, e de um "samba contra o golpe", a manifestação atraiu olhares dos transeuntes alemães.

"Tiraram muitas fotos da gente. Os alemães estava muito curiosos, mas vários já sabiam sobre o golpe", declara à DW Brasil uma das organizadores, Erica Caminha, que mora em Munique.

Brasileiros também se reuniram em Berlim, em frente ao mais conhecido cartão-postal da cidade, o Portão de Brandemburgo, que já foi palco de outro protesto pró-Dilma em março. Participantes estimam que cerca de 100 brasileiros estiveram presentes no ato desta sexta-feira.

"A gente tem que lutar até o fim. Antes era para que o golpe não rolasse. Agora que rolou, é para derrubar o governo ilegítimo. A gente tem que mostrar isso para o mundo. Se eu não fizesse nada me sentiria muito mal", conta a jornalista Nina Lemos, que mora em Berlim e foi ao protesto.

Ato em Berlim reuniu manifestantes em frente ao Portão de Brandemburgo, embalados ao som de música brasileiraFoto: Nina Lemos

Tradução simultânea

Em Frankfurt, os manifestantes se reuniram na praça Goetheplatz, na companhia do premiado tradutor e crítico literário alemão Michael Kegler. Fluente em português, Kegler fazia a tradução simultânea do que era declarado ao microfone, disponível a quem quisesse se pronunciar.

Os cerca de 40 participantes defenderam a democracia, criticaram o governo Temer e pediram a volta de Dilma Rousseff. Em suas mãos, cartazes traziam frases como "Nie wieder Putsch" (Golpe nunca mais) e "Für die Demokratie in Brasilien" (Pela democracia no Brasil).

"O nosso objetivo é conscientizar os alemães e a imprensa alemã sobre o golpe que está em curso no Brasil. A Alemanha reconheceu o nosso governo, e muitos não sabem o que está acontecendo", diz uma das organizadoras, Adriana Maximino dos Santos, que ainda criticou o atual gabinete de Temer.

Maximino, que ajudou a entoar um coro da música "Apesar de você", de Chico Buarque, conta que havia muitos curiosos em volta do protesto brasileiro. "Eles tiravam fotos da gente e muitos pararam e ficaram ouvindo o que falávamos, até porque havia a tradução simultânea de Kegler."

"Não estamos alheios"

Na cidade de Colônia, no oeste da Alemanha, o ato contou com apitos, pandeiros, cartazes e bandeiras do Brasil. "Es war ein Putsch" (Foi um golpe), dizia uma imensa faixa em letra verde e amarela, aberta na praça Heumarkt. "Fora Temer" foi outra entre as frases favoritas.

Segundo uma das organizadoras, Elisabete Arantes, o ato com cerca de 30 pessoas reuniu "mais gente do que era esperado, dado o tamanho da comunidade brasileira na cidade". "Foi muito animado. Cantamos contra o Temer e a favor da Dilma", explica a brasileira que mora em Colônia.

Em Colônia, manifestantes brasileiros levaram cartazes em alemão e portuguêsFoto: Elisabete Arantes/Humanistas e Progressistas em NRW

"Esse governo não é legítimo. Temer subiu ao poder através de truques que pisaram em nossa Constituição. Nós não votamos nesse programa de governo que eles estão querendo impor ao povo. Nossa presidente foi eleita e não pode ser cassada sem um crime de responsabilidade", opina Arantes. "Não é porque estamos aqui que estamos alheios ao que está acontecendo no Brasil."

Além dos protestos simultâneos que ocorreram nesta sexta-feira em várias regiões do Brasil, pelo menos 25 cidades do exterior, em países como Estados Unidos, Portugal, Holanda e Bélgica, foram ou serão palco de manifestações brasileiras no decorrer desta semana.

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