"Brasileiros respeitarão resultado das eleições", diz Moraes
29 de outubro de 2022
Na última sessão do TSE antes do 2º turno, ministro pede comparecimento às urnas e destaca segurança e ofertas de transporte gratuito para os eleitores. Corte eleitoral enfrentou novos desafios nos últimos dias.
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Na última sessão do plenário do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) antes das eleições, o presidente da Corte Alexandre de Moraes disse ter absoluta certeza de que todos os brasileiros vão respeitar o resultado da votação, ao término das apurações no próximo domingo.
"Temos todos absoluta certeza de que domingo será um dia de festa, da festa da democracia, da festa da escolha popular, do respeito à escolha popular. Tenho certeza de que todos os 156 milhões de brasileiros após a proclamação do resultado, 156 milhões de brasileiros respeitarão o resultado das eleições", disse o ministro nesta sexta-feira (28/10).
Moraes pediu aos eleitores que não deixem de comparecer às urnas, "para que cada vez mais a cada eleição nós tenhamos uma menor abstenção". Ele destacou que TSE atuou para garantir o acesso aos locais de votação, como na questão do transporte gratuito e da segurança.
Ataques ao TSE
A declaração veio após novos ataques ao sistema eleitoral por apoiadores de Jair Bolsonaro.
A campanha do atual mandatário alegou irregularidades em inserções eleitorais por emissoras de rádios. Moraes negou um pedido dos bolsonaristas para abrir um inquérito sobre o caso, depois de considerar inconsistentes os dados da denúncia. O ministro avaliou que as suspeitas eram "sem base documental crível, ausente, portanto, qualquer indício mínimo de prova".
Bolsonaro aparece atrás de Luiz Inácio Lula da Silva em todas as pesquisas de intenção de voto. Neste sábado, serão divulgadas as últimas sondagens do Ipec e Datafolha para a presidência.
Nesta sesta sexta-feira, as campanhas de Lula e Bolsonaro abriram mão de todos os direitos de respostas com pedidos de inserções na televisão ainda não julgados pelo TSE. O plenário aprovou o acordo por unanimidade.
Transporte e segurança
Todas as capitais brasileiras e ao menos outras 100 cidades pelo país vão proporcionar transporte gratuito para os eleitores. Em boa parte dos casos, será necessário apresentar algum tipo de documentação, de acordo com os critérios adotados em cada localidade.
Diversas prefeituras e governos estaduais anunciaram o reforço do policiamento durante o fim de semana, especialmente no período de votação. Somente em São Paulo, 93 mil policiais estarão nas ruas, número cinco vezes maior do que nos domingos normais.
rc (ots)
A história das eleições presidenciais no Brasil
A história das eleições presidenciais no Brasil
Foto: Adriano Machado/REUTERS/Nelson Almeida/AFP
1989: a primeira eleição direta da redemocratização
Os brasileiros voltaram a escolher diretamente um presidente depois de 27 anos. Um total de 22 candidatos se apresentou – até hoje um recorde. O pleito foi marcado por debates na TV e acusações de manipulação jornalística. Fernando Collor, filiado a um partido nanico, largou na frente ao se apresentar como “caçador de marajás”. No final, Collor derrotou o líder sindical Lula (PT) no 2° turno.
Foto: Radiobras/Roosewelt Pinheiro
1994: o início da era tucana
No início de 94, o pleito tinha um favorito: Lula. No entanto, alguns meses antes da eleição foi lançado o Plano Real, bem-sucedido em conter a inflação. A popularidade de Fernando Henrique Cardoso (PSDB), um dos autores do plano, disparou. Lula, que havia criticado o real, afundou nas pesquisas. FHC acabou vencendo a eleição ainda no 1° turno. Era o início de oito anos de hegemonia do PSDB.
Foto: Acervo FHC
1998: a reeleição entra em cena
Em 1997, foi aprovada a emenda da reeleição– com denúncias de compra de votos –, abrindo caminho para FHC disputar mais um mandato. Mais uma vez seu adversário foi Lula, que indicou Leonel Brizola, seu antigo rival na esquerda, como vice. Durante a campanha, o governo omitiu que o real estava sobrevalorizado. FHC foi eleito no 1° turno. Depois da posse, o real sofreu uma desvalorização recorde.
Foto: Acervo FHC/Secretaria de Imprensa
2002: o início da hegemonia petista
Lula chegou à eleição com uma nova imagem: se comprometeu a apoiar o plano real, nomeou um empresário como vice e recorreu a marqueteiros. A estratégia para acalmar o mercado deu certo. Ciro Gomes chegou a despontar em segundo lugar, mas afundou após uma série de declarações que repercutiram mal. No final, Lula derrotou o candidato do governo FHC, José Serra, no segundo turno, com 61% dos votos.
Foto: Agência Brasil/M. Casal Jr.
2006: escândalos não impedem reeleição de Lula
Lula se candidatou novamente após a eclosão do escândalo do Mensalão. Parecia destinado a vencer no 1° turno, mas a prisão de assessores do PT na reta final abalou sua campanha. No 2° turno, os petistas contra-atacaram. Rotularam o tucano Geraldo Alckmin de privatista e de ser contra o Bolsa Família. Alckmin acabou recebendo menos votos no 2° turno do que na primeira rodada, e Lula foi reeleito.
Foto: Instituto Lula/R. Stuckert
2010: a primeira presidente mulher
Com alto índice de popularidade, Lula apresentou Dilma Rousseff como candidata à sucessão. Os tucanos voltaram a lançar José Serra, e a ex-ministra Marina Silva disputou pela primeira vez. A campanha de Serra tentou encurralar Dilma ao acusá-la de ser favorável ao aborto. No final, pesou a popularidade de Lula, e a petista ganhou no 2° turno, se tornando a primeira mulher a chegar à Presidência.
Foto: Agência Brasil/W. Dias
2014: a campanha mais cara e acirrada
Nova polarização entre PSDB e PT: Dilma disputou um novo mandato com Aécio Neves. Após a morte de Eduardo Campos (PSB), Marina Silva entrou na corrida, mas desabou nas pesquisas após ataques do PT. Dilma foi reeleita com apenas 3,28 pontos percentuais a mais que Aécio no 2° turno. A petista e o tucano gastaram R$ 570 milhões - com muitas doações de empresas acusadas de corrupção na Lava Jato.
Foto: Reuters/R. Moraes
2018: polarização entre PT e Bolsonaro
Após uma campanha que acirrou ânimos e dividiu o país, Jair Bolsonaro (PSL) foi eleito com 55,13% dos votos, contra 44,87% de Fernando Haddad (PT). A vitória do ex-capitão defensor do regime militar marcou a volta da extrema direita brasileira ao poder e representou um fracasso para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que nesse pleito estava preso por corrupção e impedido de se candidatar.
Foto: Reuters/P. Whitaker/N. Doce
2022: inédita disputa entre presidente e ex-presidente
Os candidatos mais bem posicionados nas pesquisas são o presidente Jair Bolsonaro (PL), que disputa reeleição, e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que recuperou os direitos políticos. Bolsonaro ampliou benefícios sociais às vésperas da campanha e vem questionando o sistema eleitoral. Já Lula busca aliança ampla contra extrema direita e capitalizar sua experiência anterior no governo.