"Brutal demais" para o Louvre, escultura vai para o Pompidou
18 de outubro de 2017
Museu parisiense considerou peça que simboliza ato sexual obscena demais para seu público. Diante da recusa, Centro Pompidou de arte moderna recebe obra, que já havia sido exposta na Alemanha por três anos.
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Uma escultura de 12 metros de altura, rotulada por muitos como obscena e que acabou rejeitada pelo Museu do Louvre como "brutal demais", encontrou nova casa no Centro Pompidou, também em Paris.
Intitulada Domestikator, a obra geométrica do artista holandês Joep van Lieshout mostra uma figura humana na cor vermelha que aparentemente tenta penetrar por trás uma criatura de quatro patas.
A peça deveria inicialmente ser exposta no Jardim de Tuileries, adjacente ao Louvre, como parte da Feira Internacional de Arte Contemporânea (Fiac), realizada anualmente na capital francesa. Mas no último minuto, o presidente do museu, Jean-Luc Martinez, se negou a receber a escultura.
Numa carta aos organizadores da Fiac, Martinez disse que postagens em redes sociais sobre a obra haviam criado "uma percepção errônea desse trabalho, que pode ser brutal demais para o público tradicional do Jardim de Tuileries".
Pierre Bachelot, da Galeria Carpenter´s Workshop e que representa Van Lieshout, disse que o Louvre alegou que a obra poderia chocar visitantes. "É arte, então é preciso abrir a cabeça."
Diante da rejeição do Louvre, museu mais visitado do mundo, o também parisiense Centro Pompidou – conhecido por sua fachada repleta de tubos coloridos e que abriga arte moderna – decidiu receber a escultura.
A obra foi definida pelo diretor do Pompidou, Bernard Blistene, como "uma utopia magnífica em harmonia com o espaço público". "Obscena? Pornográfica? Bem, obscenidade está por toda parte, a pornografia, infelizmente, está por toda parte, certamente não nesta obra de arte."
Domesticação do mundo
A escultura foi revelada na terça-feira (17/10) diante do Pompidou. Nesta quarta-feira, visitantes do local puderam admirar a enorme peça de madeira, aço e fibra de vidro.
"Acho que ela pertence a qualquer lugar. Serve para ser olhada e discutida, para fazer com que as pessoas saiam de seu estado de sonho", disse a turista canadense Rita Sliven. "Ela faz a gente sorrir", disse Sylvain Tailaon, também canadense.
Van Lieshout disse estar contente com o fato de que visitantes do Centro Pompidou terão a chance de ver seu trabalho. "Espero que ele gere perguntas e diálogo em torno das questões levantadas pela domesticação em nosso mundo."
Segundo o artista, o título Domestikator representa a domesticação da Terra pelo ser humano e a evolução da robótica e do big data. A peça já havia sido exposta durante três anos em Bochum, na Alemanha, sem gerar controvérsia.
Apesar de a Domestikator já ter sido revelada, a 44ª edição da Fiac começa oficialmente nesta quinta-feira e vai até domingo. Mais de 70 esculturas foram instaladas em Paris para o evento.
Esta não é a primeira vez que uma peça exposta por ocasião da feira de arte gera polêmica. Em 2014, uma enorme escultura inflável representando um brinquedo sexual foi vandalizada e teve de ser colocada sob guarda.
LPF/rtr/afp/ap
Fenômenos climáticos na arte
Não há como ignorar o clima. Faça sol ou faça chuva, ele está sempre à nossa volta. Uma exposição em Bonn mostra como a cultura incorporou o clima e como a arte o retrata desde a Antiguidade.
Foto: bpk/RMN - Grand Palais/Gabriel Loppé
Classificação de nuvens
Desde 1802, as nuvens são enumeradas e classificadas de forma sistemática em um catálogo criado pelo naturalista inglês Luke Howard. Impressionado com o tema, o poeta alemão Johann Wolfgang von Goethe escreveu uma poesia sobre a formação das nuvens. O pintor inglês John Constable, que se considerava um especialista em nuvens, pintou suas observações sobre a vista de Salisbury (na foto).
Foto: Victoria and Albert Museum London
A cruz com o Sol
Como será o tempo amanhã e nos próximos dias? Há séculos, a humanidade se faz essa pergunta. Este relógio solar em forma de cruz é do século 17. Os relógios solares eram usados já na Antiguidade.
Foto: KHM-Museumsverband
Contraste entre céu e água
A mostra no museu Bundeskunsthalle de Bonn questiona até que ponto catástrofes e fenômenos climáticos influenciam não só o meio ambiente como também a cultura. O pintor inglês de paisagens William Turner tinha grande interesse pelos fenômenos atmosféricos, tanto que o contraste entre céu e as águas do rio Tâmisa em Londres foram um tema constante em suas pinturas, como neste quadro de 1795.
Foto: Tate London
Neblina escocesa
O francês Jean-Bruno Gassies pintou essa paisagem montanhosa da Escócia em 1826. A névoa era um tema muito recorrente entre os pintores românticos para imprimir um certo clima de mistério em seus trabalhos. A veneração da natureza indicava também um forte anseio pela espiritualidade e pela religiosidade.
Foto: bpk/RMN - Grand Palais/Jean Schormans
Impressionistas e o clima
O francês Louis Eugène Boudin foi um precursor do Impressionismo. Nos anos de 1890, pintou a praia de Trouville na costa atlântica francesa. Um dos primeiros paisagistas a pintar ao ar livre, era também considerado o "rei do céu", porque transpunha magistralmente as belezas do céu para as telas. Nesta pintura, o mar encontra-se tranquilo, apesar da ameaçadora tormenta que se anuncia.
Foto: The National Gallery London
Aviso de névoa
Esse instrumento de sinalização sonora ("foghorn", corneta de neblina) é importante na navegação marítima. A mistura entre clarinete e trompete serve para alertar outras embarcações sobre neblina. Essa sirene de Lefèbre (foto) foi utilizada pela primeira vez em 1877 na costa norte da Holanda.
Foto: Rijksmuseum Amsterdam
Paisagem ameaçadora
Além de provocar medo, uma tempestade também pode ter seu lado belo. Com o surgimento da fotografia, as observações meteorológicas tornaram-se mais precisas. As tomadas fotográficas de paisagens foram igualmente incorporadas por pintores em favor da arte. O americano Albert Bierstadt, por exemplo, concentrou-se no efeito dramático da luz em seu quadro intitulado "Chegada da tempestade", de 1891.
Foto: Museumsverbund Nordfriesland/Sönke Ehlert
Um símbolo é atingido
Em 1889, graças a sua altura, a Torre Eiffel era estratégica para a transmissão de dados meteorológicos. Cerca de 350 estações em todo o mundo, inclusive na África, recebiam as informações transmitidas de Paris. Esta foto de 1902 mostra o momento exato em que a torre é atingida por um raio, mas ele não provocou dano algum ao símbolo absoluto da capital francesa.