Bundestag só aceitará deputados vacinados e testados
11 de janeiro de 2022
Parlamento alemão fecha cerco a entrada de deputados não vacinados no plenário. Parlamentares de ultradireita próximos de grupos negacionistas criticam novas medidas.
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A partir desta quarta-feira (12/01), os deputados alemães só poderão acessar os edifícios do Bundestag, o Parlamento alemão, se comprovarem a regra 2G plus. Isso significa que só será autorizado a comparecer ao plenário quem tiver tomado as duas doses da vacina contra covid-19 (geimpft) ou quem estiver recuperado da doença e já tiver recebido uma dose do imunizante (genesen). Além disso, em ambos os casos, será obrigatório apresentar um teste negativo de coronavírus recente.
Só estará livre de apresentar um teste negativo quem tiver recebido a dose de reforço. Também será exigido o uso de máscaras PFF2 no interior do prédio - simples máscaras cirúrgicas não serão mais aceitas. Elas podem ser retiradas para discursos no plenário.
As novas regras foram informadas aos parlamentares em carta do diretor do Bundestag, Lorenz Müller. A base legal para os novos regulamentos é uma ordem geral do presidente do Bundestag, Bärbel Bas.
Lorenz explicou que o crescente número de casos de covid-19 na Alemanha e a disseminação da variante ômicron também representam um "risco crescente de infecção" para os membros do Parlamento. "É por isso que as medidas para proteger a funcionalidade do Bundestag devem ser expandidas ainda mais", escreveu na carta aos deputados.
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Críticas da ultradireita
Os membros que não cumprirem as normas só poderão assistir às sessões plenárias a partir da galeria dos visitantes. Mesmo para isso, porém, terão que apresentar um teste negativo recente. Autotestes feitos em casa, vendidos nas farmácias ou supermercados, não serão aceitos.
Nos últimos meses, vários parlamentares do partido de ultradireita Alternativa para Alemanha (AfD) que criticavam as vacinas só puderam acompanhar as sessões da tribuna dos visitantes devido aos regulamentos, que agora são ainda mais restritivos.
"Vemos com as restrições cada vez mais novas e cada vez mais amplas no Bundestag alemão que o mandato livre dos deputados é restrito", criticou a líder da AfD, Alice Weidel. Para ela, as medidas são "desproporcionais", motivo pelo qual o partido "considera tomar medidas legais".
As novas regras significam que "grande parte dos parlamentares da AfD estão excluídos de atuar no plenário", criticou o assessor jurídico da legenda, Stephan Brandner.
"Esta ordem carece de qualquer proporcionalidade e equivale a uma vacinação obrigatória ou mesmo exclusão deliberada de deputados", acrescentou.
De acordo com Brandner, sob o disfarce do coronavírus, as pessoas foram mais uma vez "restringidas em seus direitos".
Nos últimos meses, a AfD tem mantido relações próximas com grupos negacionistas da pandemia e muitos deputados da legenda tomaram parte em protestos contra medidas de restrição.
Casos em alta na Alemanha
O Instituto Robert Koch (RKI), agência governamental para o controle e prevenção de doenças, relatou novamente nesta terça-feira um aumento na incidência nacional de casos de covid-19 em sete dias.
Atualmente, são 387,9 infectados a cada 100.000 habitantes em uma semana – no dia anterior, eram 375,7. Há uma semana, a incidência nacional era de 239,9.
As autoridades de saúde da Alemanha relataram nesta terça-feira 45.690 novas infecções por coronavírus e 322 mortes em 24 horas.
No total, o país já registra oficialmente 7.581.381 casos de covid-19 e 114.351 devido à doença desde o começo da pandemia.
le (afp, ots)
Os principais partidos alemães
São eles: Partido Social-Democrata (SPD), União Democrata Cristã (CDU), União Social Cristã (CSU), Partido Liberal Democrático (FDP), Alternativa para a Alemanha (AfD), Verdes, Esquerda e Aliança Sahra Wagenknecht (BSW)
Foto: picture-alliance/dpa
União Democrata Cristã (CDU)
Fundada em 1945, a CDU se considera "popular de centro". Seus governos predominaram na política alemã do pós-guerra. O partido soma em sua história cinco chanceleres federais, entre eles Helmut Kohl, que governou por 16 anos e conduziu o país à reunificação em 1990, e Angela Merkel, a primeira mulher a assumir o cargo, em 2005.
Foto: picture-alliance/dpa/A. Dedert
Partido Social-Democrata da Alemanha (SPD)
Integrante da Internacional Socialista, o SPD é uma reconstituição da legenda homônima fundada em 1869 e identificada com as classes trabalhadoras. Na Primeira Guerra, ele se dividiu em dois partidos, ambos proibidos em 1933 pelo regime nazista. Recriado após a Segunda Guerra, o SPD já elegeu quatro chanceleres federais: Willy Brandt, Helmut Schmidt, Gerhard Schröder e Olaf Scholz.
Foto: Thomas Banneyer/dpa/picture alliance
União Social Cristã (CSU)
Igualmente fundada em 1945, a CSU só existe na Baviera, onde a CDU não conta com diretório local. Os dois partidos são considerados irmãos. A CSU tem como objetivo um Estado democrático e com responsabilidade social, fundamentado na visão cristã do mundo e da humanidade. Desde 1949, forma no Bundestag uma bancada única com a CDU.
Foto: Peter Kneffel/dpa/picture alliance
Aliança 90 / Os Verdes (Partido Verde)
O partido Os Verdes surgiu em 1980, após três anos participando de eleições como chapa avulsa, defendendo questões ambientais e a paz. Em 1983, conseguiu formar uma bancada no Bundestag. Oito anos depois, o movimento Aliança 90 se fundiu com ele. Em 1998 participou com o SPD pela primeira vez do governo federal.
Foto: Christophe Gateau/dpa/picture alliance
Partido Liberal Democrático (FDP)
O Partido Liberal Democrático (FDP, na sigla em alemão) foi criado em 1948, inspirado na tradição do liberalismo e valorizando a "filosofia da liberdade e o movimento pelos direitos individuais". O partido é tradicionalmente um membro minoritário de coalizões de governo federais
Foto: Hannes P Albert/dpa/picture alliance
A Esquerda (Die Linke)
Die Linke (A Esquerda, em alemão) surgiu da fusão, em 2007, de duas agremiações esquerdistas: o Partido do Socialismo Democrático (PDS), sucessor do Partido Socialista Unitário (SED) da extinta Alemanha Oriental, e o Alternativa Eleitoral por Trabalho e Justiça Social (WASG, criado em 2005, aglutinando dissidentes do SPD e sindicalistas).
Foto: DW/I. Sheiko
Alternativa para a Alemanha (AfD)
Fundada em 2013, inicialmente como uma sigla eurocética de tendência liberal, a AfD rapidamente passou a pender para a ultradireita, especialmente após a crise dos refugiados de 2015-2016. Com posições radicalmente anti-imigração, membros que se destacam por falas incendiárias, a legenda tem vários diretórios classificados oficialmente como "extremistas" pelas autoridades
Foto: Martin Schutt/dpa/picture alliance
Aliança Sahra Wagenknecht (BSW)
A Aliança Sahra Wagenknecht (BSW) é um partido fundado em janeiro de 2024 pela mulher que lhe dá o nome, uma ex-parlamentar do partido Die Linke (A Esquerda) que defende uma mistura de política econômica de esquerda e retórica social de direita. Nas suas primeiras eleições, o partido tomou boa parte do espaço que era ocupada pela Esquerda.
Foto: Anja Koch/DW
Os pequenos
Há numerosos partidos menores na Alemanha, como Os Republicanos (REP) e o Heimat (Pátria), ambos de extrema direita, ou o Partido Marxista-Leninista (MLPD), de extrema esquerda. Outros defendem causas específicas, como o Partido dos Aposentados, o das mulheres, dos não eleitores, ou de proteção dos animais. E mesmo o Violetas, que reivindica uma política espiritualista.