Bundeswehr está sucateada, afirma relatório
25 de setembro de 2014Um Exército moderno, visto internacionalmente como um parceiro confiável para o gerenciamento de crises: é dessa maneira que a ministra da Defesa, Ursula von der Leyen, gosta de apresentar as Forças Armadas da Alemanha (Bundeswehr). A realidade, no entanto, é bem diferente.
De acordo com um relatório apresentado nesta quarta-feira (24/09) pelo inspetor-geral da Bundeswehr, Volker Wieker, as Forças Armadas alemãs sofrem com equipamentos militares ultrapassados, soldados sobrecarregados e uma lista extensa de veículos de combate e de transporte avariados.
Alguns membros da Comissão de Defesa do Bundestag (câmara baixa do Parlamento) ficaram perplexos. "Não sou o único que quase caiu da cadeira com essas informações", disse o deputado Alexander Neu, do partido oposicionista A Esquerda, após a reunião em que foi apresentado o relatório, nesta quinta-feira (25/09).
O encarregado para as Forças Armadas do Bundestag, deputado Hellmut Könighaus, disse temer que a Alemanha possa atender apenas parcialmente seus compromissos internacionais. "Justamente nas áreas nas quais sempre oferecemos ajuda, como transporte aéreo e serviços médicos, alcançamos uma sobrecarga que nos impossibilita a substituição de equipamentos e também de pessoal", alertou, em entrevista à emissora RBB.
Além de soldados sobrecarregados e armamento defasado, diversos dispositivos militares estão parados à espera de conserto, pois os recursos para aquisição de peças de reposição foram reduzidos significativamente.
Segundo a imprensa alemã, no máximo 25 dos 57 aviões de transporte Transall C-160 – modelo da década de 60 e, portanto, mais velho que a grande maioria dos soldados – estão aptos para uso. A tecnologia está ultrapassada e vulnerável. Peças de reposição podem ser obtidas apenas de carcaças de máquinas aposentadas.
Os C-160 são usados também para o transporte de materiais em missões internacionais, como agora para a região afetada pelo surto de ebola, na África. Mas, quando completamente carregadas, as aeronaves voam apenas 1.200 quilômetros.
Os problemas fizeram com que seis instrutores do Exército alemão ficassem presos na Bulgária porque a aeronave – que já era uma substituta – aguarda por peças de reposição. Eles deverão treinar forças curdas que lutam contra o "Estado Islâmico". Já a aeronave que deveria transportar cerca de 600 toneladas de equipamentos militares para os curdos no norte do Iraque ainda nem decolou de Leipzig, também por falta de peças de reposição.
A situação gerou mal-estar até com o líder dos curdos, Massud Barsani. Além de chegar sem o carregamento e sem os instrutores, a ministra Von der Leyen ainda teve que ouvir de Barsani que a qualidade dos armamentos fornecidos pelo Ocidente poderia ser muito melhor, e a quantidade, maior.
Além dos Transall, vários outros equipamentos estão sucateados. Menos de um quinto dos helicópteros Sea Lynx, usados em missões que combatem a pirataria no Chifre da África, podem levantar voo. Já os helicópteros de transporte, dos modelos 90 e CH 53, usados primordialmente em missões da ONU, estão praticamente reduzidos a um décimo do contingente total. Caças estão restritos a 20%, e os tanques, à metade.
A extensa lista de avarias:
Helicóptero Tiger – de 31, apenas 10 disponíveis
Helicóptero 90 – de 33, apenas 8 disponíveis
Helicóptero Sea King – de 21, apenas 3 disponíveis
Helicóptereo Sea Lynx – de 22, apenas 4 disponíveis
Helicóptero CH 53 – de 82, apenas 16 disponíveis
Caça Eurofighter – de 109, apenas 42 disponíveis
Caça Tornado – de 89, apenas 38 disponíveis
Corveta K130 – de 5, apenas 2 disponíveis
Submarino U212 – de 4, apenas 1 disponível
Fregata – de 11, apenas 7 disponíveis
Tanque Marder – de 406, apenas 280 disponíveis
Tanque Boxer – de 180, apenas 70 disponíveis
PV/dpa/afp