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Busca por máscaras antigás quadruplica em Israel

Ulrike Schleicher (av)29 de agosto de 2013

Risco de que conflito sírio se espalhe e de que Assad use armas químicas contra vizinhos põe em alerta israelenses, que correm para se prevenir. Netanyahu opta pela cautela, mas se diz com "dedo no gatilho".

Foto: Edouard Elias/AFP/Getty Images

A hotline do serviço de correios israelense entrou em colapso no início desta semana. No espaço de dois dias, o número de encomendas telefônicas de máscaras antigás e acessórios quadruplicou.

"Foi demais", comentou, seco, Chaim Mazaki, porta-voz do departamento. Os usuários faziam fila também nos postos de correio de todo o país, que servem como centros de distribuição para equipamento de proteção contra ataques químicos.

O motivo são as notícias da vizinha Síria – onde, ao que tudo indica, foram empregadas armas químicas, o que preocupa cada vez mais os israelenses. A isso se acrescentam as ameaças declaradas por parte de políticos sírios e iranianos: caso os Estados Unidos ataquem a Síria, Israel será o primeiro alvo dos ataques de represália, prometem.

Até agora, Israel tem se mantido fora do sangrento conflito na Síria. Apenas em maio houve uma pequena escaramuça na região de fronteira nas Colinas de Golã, região da Síria sob ocupação israelense. Além disso, segundo a imprensa, desde o início do ano, Israel teria bombardeado alvos na Síria por três vezes, visando impedir o fornecimento, por Damasco, de armas ultramodernas à milícia Hisbolá, aliada do Irã, com bases no sul do Líbano.

Algumas vezes, porém, os israelenses também têm prestado ajuda: até hoje, um total de 100 feridos sírios receberam tratamento nos hospitais do norte de Israel – só no último fim de semana foram admitidos 15 deles.

Precaução e ameaças

Até recentemente, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu não dera praticamente nenhuma declaração oficial a respeito da situação na Síria. Isso mudou no último domingo, quando ele abriu a sessão do gabinete governamental com um breve discurso sobre os acontecimentos mais recentes no país vizinho. As palavras foram escolhidas com extremo cuidado.

Agora, é preciso lidar concretamente com as consequências da "horrível tragédia", afirmou. Por um lado, a comunidade internacional não pode permitir que um dos mais perigosos regimes do mundo possua as armas mais perigosas, disse Netanyahu. Por outro, disse, Israel saberá se defender se precisar. "Se necessário, nós estamos com o dedo no gatilho", avisou Netanyahu.

Premiê Netanyahu: cautela e desafioFoto: Reuters

Também o presidente israelense Shimon Peres exigiu "uma tentativa internacional para eliminar todas as armas químicas da Síria". Seu apelo se dirigia aos Estados Unidos: na qualidade de aliado de Israel, Washington tem um dever a cumprir.

Até segunda ordem, Israel se aterá ao papel de espectador. "Acompanhamos o desenrolar dos acontecimentos com apreensão, mas enquanto Israel não estiver em perigo, não tomaremos nenhuma iniciativa", declarou o ministro da Defesa Danny Danon.

Em geral, é considerada mínima a probabilidade de que o presidente sírio, Bashar al-Assad, venha a atacar Israel. "O regime vai pensar duas vezes antes de fazer isso", afirmou Danon.

Apesar da atitude reservada, Israel se sente cada vez mais sob pressão e age de acordo. Nesta semana, na cidade portuária de Haifa, mísseis antiaéreos foram posicionados em direção ao norte. No dia seguinte, o comitê de segurança do Knesset (parlamento) se reuniu. O Exército israelense também divulgou a realização de dois dias de exercícios nas Colinas de Golã.

Devido aos confrontos com o Irã, a guerra civil na Síria, as mais recentes revoltas no Egito, os ataques a partir do Sinai e do Líbano, a situação em Israel está cada vez mais imprevisível. É grande o medo de que prevaleçam os grupos radicais islâmicos e os adversários do Estado israelense.

Falta de treinamento

O correio nacional segue tentando suprir a demanda crescente de máscaras de gás – o que não é fácil. Segundo a frente patriótica nacional Pikud Haoref, um comando regional das forças de Defesa israelenses, no momento, 60% de todos os cidadãos possuem o equipamento. Não há meios financeiros para suprir a todos, e a proposta de elevar as verbas de 350 milhões de dólares reservadas a esse fim sucumbiu aos cortes orçamentários.

No entanto, esse não é o único problema. Faltam conhecimentos e prática de como lidar com o equipamento de proteção, como lembra Maja Schuldiner, do Weitzman Institute of Science, em Rehovot. Durante a guerra do Golfo Pérsico, em 1991, muitos morreram por não saber o que fazer.

Lojas em Jerusalém também vendem máscaras contra gásFoto: Kate Shuttleworth

"Muitos esqueceram, no pânico, de abrir a tampa protetora, e sufocaram. Outros se injetaram sem razão a substância atropina, fornecida como antídoto, e morreram de envenenamentos e enfartes cardíacos", relata Schuldiner.

Desde então, foram realizadas poucas simulações de um ataque – mais um motivo pelo qual Maja Schuldiner, mãe de três filhos, torce para que os israelenses não tenham que empregar suas máscaras respiratórias.

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