Sem mencionar greve dos caminhoneiros, presidente do STF afirma que crises são solucionadas com a união de todas as instituições e poderes e diz que sociedade não deve esquecer passado autoritário.
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Ao abrir a sessão plenária do Supremo Tribunal Federal (STF) nesta quarta-feira (30/05), a presidente Cármen Lúcia afirmou que a democracia é o único caminho para solucionar a crise que o país enfrenta.
"Também as democracias vivem crises. Mas dificuldades se resolvem com a aliança dos cidadãos, e a racionalidade, objetividade e trabalho de todas as instituições, de todos os poderes. A democracia não está em questão. Não há escolha de caminho. A democracia é o único caminho legítimo", destacou a ministra.
Greve dos caminhoneiros chega ao 10º dia
01:58
Cármen Lúcia não mencionou diretamente a paralisação dos caminhoneiros, que alcançou o seu décimo dia, mas o discurso fez referências à crise de abastecimento e ao pedido de alguns dos integrantes do movimento de uma intervenção militar.
"A construção permanente do Brasil é nossa, e ela é permanente, democrática e comprometida com a ética", destacou a ministra. Cármen Lúcia ressaltou que o direito brasileiro oferece soluções para a atual crise e afirmou que a sociedade não deve esquecer o passado de "regimes sem direitos", em referência à ditadura.
"Não temos saudade senão do que foi bom na vida pessoal e em especial histórico de nossa pátria. Regimes sem direitos são passados de que não se pode esquecer, nem de que se queira lembrar", afirmou.
A presidente do STF defendeu ainda o respeito aos direitos fundamentais e o combate à corrupção, além de lembrar que o Judiciário trabalha para garantir o direito dos brasileiros durante o período de crise. "Há de ter seriedade e também manter a esperança", destacou.
Apesar de um acordo alcançado entre caminhoneiros e governo nesta segunda-feira, a paralisação continua nas estradas do país. Segundo o ministro de Segurança Pública, Raul Jungmann, há atualmente 540 pontos de concentração do movimentos nas rodovias e dois bloqueios totais.
CN/abr/ots
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A greve dos caminhoneiros em imagens
Paralisação contra valor do diesel paralisou o Brasil, causando desabastecimento de combustíveis e alimentos e agitando a classe política. Reveja os acontecimentos até agora.
Foto: picture-alliance/dpa/W. Rudhart
Primeiro dia
Uma apreciação do dólar ante o real e a alta do barril de petróleo no mercado internacional provocaram uma série de aumentos no preço do diesel nos primeiros meses de 2018. Caminhoneiros anunciam a paralisação e bloqueiam estradas pelo país para pressionar o governo a reduzir valor do combustível.
Foto: Reuters/R. Moraes
Segundo dia
Alto valor do preço da gasolina faz com que população apoie protestos dos caminhoneiros. Com bloqueio das estradas, abastecimento é prejudicado e filas em postos de combustível viram cenas corriqueiras no país.
Foto: DW/N. Pontes
Terceiro dia
Presidente da Petrobras, Pedro Parente, anuncia decisão "excepcional" de reduzir em 10% o preço do diesel. Paralisação continua, e Parente é criticado por adotar medidas que deixam o preço do combustível no Brasil vulnerável a variações cambiais e também do barril do petróleo no mercado internacional.
Foto: Reuters/A. Machado
Quarto dia
Grupos infiltrados entre os grevistas tentam direcionar greve para assuntos políticos. Pedidos de intervenção militar ou de apoio a partidos políticos foram identificados pela imprensa brasileira.
Foto: picture-alliance/AP Photo/S. Izquierdo
Quinto dia
Se em 2013 o Facebook foi o canal preferido para propagação de informações sobre os protestos que tomaram o país, este ano o Whatsapp é o aplicativo da moda. No entanto, muitas notícias falsas sobre a paralisação foram compartilhadas.
Foto: DW/N. Pontes
Sexto dia
Forças de segurança, como a PRF, são convocadas para tentar evitar conflitos nas rodovias bloqueadas.
Foto: picture-alliance/AA/F. Teixeria
Sétimo dia
Temer cede e Governo publica em edição extra no Diário Oficial de domingo (27) medidas que preveem o congelamento do preço do diesel por 60 dias, com redução de R$ 0,46 no preço do litro. O governo federal concordou ainda em eliminar a cobrança de pedágio para eixo suspenso de caminhões vazios em todo o país.
Foto: Reuters/U. Marcelino
Oitavo dia
Mesmo com o acordo em mãos, vários grupos de caminhoneiros não aceitam voltar ao trabalho e liberar as estradas. Itens básicos começam a faltar nas pretaleiras dos supermercados por causa da falta de abastecimento. Impacto na economia ainda é incalculável, analisam especialistas.
Foto: Reuters/D. Vara
Nono dia
O Brasil parou. Segundo analistas, insatisfação geral da população se juntou às demandas dos caminhoneiros, e país vive um novo momento de protestos gerais, com semelhanças ao que ocorreu em 2013.
Foto: picture-alliance/ZUMAPRESS/Agencia O Globo/A. Scorza
Décimo dia
Petroleiros paralisam trabalhos, contrariando Tribunal Superior do Trabalho, que decidiu no dia anterior pela ilegalidade da greve, com previsão de multa diária de R$ 500 mil.