1. Pular para o conteúdo
  2. Pular para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW
CatástrofeGlobal

Cão é mais eficiente do que robô para encontrar soterrados

9 de fevereiro de 2023

Toda vez é como um pequeno milagre: na Turquia e na Síria ainda estão sendo resgatados sobreviventes sob os escombros do terremoto. Cães farejadores ajudam nas buscas. No futuro também deverão ser usados robôs.

Cão farejador entre escombros
Quando encontram possíveis sobreviventes, cães farejadores latem e sinalizam com as patasFoto: Ministere de l'Intérieur/Securité Civile/AP/dpa/picture alliance

As equipes de resgate trabalham incansavelmente 24 horas por dia na busca por sobreviventes soterrados sob os escombros deixados pelos terremotos na Turquia e na Síria na segunda semana de fevereiro. As chances de encontrar sobreviventes diminuem a cada dia que passa.

Há várias maneiras de descobrir onde possa haver pessoas vivas sob as montanhas de ruínas. Às vezes até é possível a comunicação direta. Voluntários e equipes de ajuda humanitária interrompem seu trabalho quando creem ter ouvido um sinal de vida. Por vezes, os soterrados podem chamar a atenção com gritos ou batidas, ou até mesmo enviar uma mensagem para a família ou amigos.

Entretanto, essas são exceções. Normalmente, os socorristas dependem de outros métodos para procurar sobreviventes. O projeto da União Europeia Cursor (abreviatura para o nome em inglês de Uso Coordenado de Equipamentos Robóticos Miniaturizados e Sensores Avançados para Operações de Busca e Resgate) apresentou na terça-feira (07/02) robôs e drones para ajudarem a resgatar vítimas dos escombros de terremotos.

Cães farejadores da Grécia a caminho da TurquiaFoto: Thanassis Stavrakis/AP/picture alliance

Os pequenos robôs sobre rodas são equipados com câmeras infravermelhas e térmicas, e sugam o ar do local através de um tubo, a fim de verificar a presença de CO2 e proteínas específicas de seres humanos, localizando-os sob os escombros. Com a ajuda de alto-falantes e microfones, pode-se fazer contato com os soterrados. E drones fornecem imagens 3D do local.

Quando persistem os tremores secundários, a busca por sobreviventes é "altamente perigosa [para equipes de resgate], porque tudo pode desmoronar", diz Karsten Berns, cientista da computação e chefe do departamento de sistemas de robôs da Universidade Técnica da Renânia-Palatinado. "É isso que se quer melhorar com sistemas autônomos como este."

O que fazem os robôs de resgate?

Berns é especialista em resgate com robôs em áreas de terremotos − sua equipe fez parte de um projeto similar ao Cursor em 2016. Os robôs com que Berns trabalhou no projeto também tinham o objetivo de facilitar a atuação das equipes de socorro.

Havia tanto pequenos veículos sobre esteiras com sensores infravermelhos, como grandes robôs semelhantes a  escavadeiras. Graças a sua capacidade de mover escombros pesados ou partes de prédios, e de ser operados a um quilômetro de distância, nenhum operador de escavadeira fica exposto a perigos. Enquanto isso, uma câmera transmite para a central de controle o que o robô "vê".

Alguns robôs que exploram casas desmoronadas podem ser equipados com sensores de gás: não apenas o risco de desmoronamento, mas também o de uma explosão é alto, devido a tubulações danificadas após um terremoto.

Ainda não operacionais

Tanto os robôs da equipe de Berns quanto os novos exemplares do projeto Cursor são apenas protótipos desenvolvidos em pesquisas e testados no contexto de apresentações individuais.

No entanto, nenhuma dessas máquinas pode ajudar a encontrar soterrados na área do terremoto turco-sírio. A produção em série para uso em desastres reais ainda está longe de ser realidade.

Para tal, é preciso por exemplo esclarecer a questão dos custos: quem deve financiar a produção de máquinas tão caras, quem pagaria o transporte para as áreas do terremoto? Na área de pesquisa não há capacidade de arcar com esses custos, diz Berns em entrevista à DW: é aqui que a indústria tem de se mexer.

O que é melhor: robô ou cão farejador?

Uma vantagem muito clara dos cães de resgate é que eles não são protótipos. Os animais já são usados ​​para isso há muito tempo, e também na Turquia e na Síria estão à procura de sobreviventes sob os escombros. Equipes com cães de resgate também viajaram da Alemanha e do Brasil para a área do terremoto.

Os cães podem identificar o cheiro de suor, hormônios, sangue, excrementos ou até mesmo hálito humano. Quando farejam alguém soterrado, latem e sinalizam com as patas.

Equipes de resgate trabalham sem cessar na busca por sobreviventes entre os escombrosFoto: Stoyan Nenov/REUTERS

Outro aspecto positivo dos animais é que eles não dependem de eletricidade ou da internet, de que os robôs de resgate precisam, para transmissão de dados. Sua única necessidade é água e ração.

Segundo Berns, a tecnologia dos robôs ainda não está aperfeiçoada o suficiente para superar o nariz de um bom cão farejador: "Eu diria que, hoje, o cão pastor ainda é melhor." Também existem algumas vantagens dos robôs: a transmissão por câmera não é possível com cães, por exemplo, e eles não podem ser controlados com tanta precisão quanto um veículo pequeno.

Humanos tomam a decisão final

Enquanto trabalhavam no projeto Icarus (Sistema de controle para robôs de busca e resgate), Berns e sua equipe divagavam sobre a possibilidade de automatizar a decisão sobre os prédios a priorizar numa operação de resgate. Mas logo foram dissuadidos da ideia por ajudantes ativos.

"Eles disseram: 'Pelo amor de Deus, tal decisão já é extremamente difícil para um especialista humano'. Há gente sob escombros que está feliz por alguém estar vindo, e os especialistas sabem muito bem que não podem salvá-las."

Quando o perigo de desabamento é muito grande, por vezes a equipe é forçada a deixar as vítimas soterradas para trás, a fim de não colocar em perigo a vida de quem está ajudando. Tal decisão não pode ser entregue a um robô.

Pular a seção Mais sobre este assunto
Pular a seção Manchete

Manchete

Pular a seção Outros temas em destaque