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Cão salsicha ganha museu na Alemanha

3 de abril de 2018

Com seu corpo alongado e sua teimosia, o dachshund é considerado tipicamente alemão, mas vem perdendo popularidade no país. Inconformados, dois empresários decidiram homenagear a raça com um museu no sul do país.

Museu do Dachshund
Uma das peças do museu em Passau retrata o dachshund como símbolo da cultura bávaraFoto: picture-alliance/dpa/A. Weigel

O que Napoleão Bonaparte, Abraham Lincoln, Pablo Picasso, Andy Warhol e a cantora Adele têm em comum? Seu amor pelos cachorros da raça dachshund ou teckel – mais conhecidos como salsichas.

Durante décadas, o pequeno e robusto cachorrinho era muito popular entre os alemães. Mas, agora, labradores, chihuahuas e pugs superaram os cães da raça dachshund, que, de acordo com a revista alemã Partner Dog e a associação de registro de animais Tasso e.V., caiu para o 29º lugar no quesito popularidade.

Atualmente, em nenhum lugar do mundo existem mais representantes da raça dachshund do que no Japão, onde cerca de 20 mil filhotes nascem todos os anos. Em comparação, em 2017, nem a metade nasceu na Alemanha.

Portanto, nas ruas alemãs o teckel está definitivamente em baixa. Incoformados, os empresários Josef Küblbeck e Oliver Storz criaram um museu sobre a raça na cidade bávara de Passau, no sul da Alemanha. 

Museu em homenagem ao cão salsicha

01:29

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Durante 20 anos, eles tiveram cães da raça em todas as suas variações e, então, um colecionador da Bélgica cedeu sua coleção de objetos para os dois. No novo Dackel Museum, que abriu as portas no último domingo (01/04), eles expuseram as milhares de peças, que incluem dachshunds feitos de porcelana, em forma de abridores de garrafa ou enfeites de árvore de Natal e retratados em pinturas.

Até mesmo o "Wackeldackel" – a réplica do cachorrinho que balança a cabeça e costumava ter um lugar de honra no vidro traseiro de carros alemães – está nas vitrines, bem como "Waldi", o colorido mascote dos Jogos Olímpicos de Verão de 1972.

"Os dachhunds são astutos, agradáveis, sociáveis, rápidos, inteligentes, persistentes, carinhosos, leais, amorosos e dedicados", opina Küblbeck.

Ele e Storz leram tudo sobre os dachshunds e têm várias histórias na ponta da língua: quando a raça saiu de moda na virada do milênio, o cantor britânico Liam Gallagher comprou dez dachshunds só para a raça não acabar, contam os empresários.

Em Passau, muitos proprietários de lojas já adotaram a tendência: em restaurantes italianos há pizzas em formato de dachshund e, em padarias, pretzel e chocolates.

No entanto, o primeiro museu sobre a raça dachshund na Alemanha também tem opositores que gritam alto e dizem que ele não tem nada a ver com cultura. Apesar da desaprovação de alguns, Küblbeck e Storz não se deixam abalar e estão orgulhosos do museu. 

O Dackel Museum, em Passau, reúne milhares de peças em homenagem à raçaFoto: picture-alliance/dpa/A. Weigel

"Quando se olha no espelho, o dachshund vê um leão"

Além do pastor-alemão, o dachshund é considerado até hoje um símbolo do estilo de vida alemão – ou, mais ainda, do estilo de vida bávaro – e são conhecidos por sua personalidade forte e teimosia.

Os donos sabem que os cachorros da raça têm uma autoestima saudável e que, às vezes, são atingidos por uma espécie de megalomania quando, sem medo nenhum, enfrentam outros cães de porte maior. Não é à toa que um ditado diz: "Quando se olha no espelho, o dachshund vê um leão."

Na Idade Média, as raposas e os texugos eram um grande problema nas áreas rurais, porque matavam galinhas e comiam a colheita. Os caçadores não conseguiam pegá-los, pois eles viviam debaixo da terra.

Portanto, eram necessários cães com pernas curtas e curvadas para a escavação e com instinto de caçador. Já em 1560, os salsichas foram mencionados em um livro sobre cães como "criados especificamente para a caça em regiões de texugos e raposas".

Em 1888, os oficiais prussianos e amantes de cães Klaus Graf Hahn e Emil Ilgner fundaram o "clube alemão do teckel", que existe até hoje e tem mais de 20 mil associados. Até mesmo o imperador Guilherme 2º era um fã declarado da raça: ele mandou fazer um túmulo para seu companheiro de caça chamado Erdmann, que morreu em 1901.

Por meio do imperador, o amor aos dachshunds se alastrou no século 19 através do Canal da Mancha também em direção à Inglaterra: Guilherme 2º era neto da rainha britânica Vitória, que também era apaixonada pela raça. Um século antes, Napoleão se revelou um verdadeiro fã da raça. Ele estabeleceu que iria compartilhar sua sepultura com seu dachshund.

Criadores do museu, Josef (esq.) e Oliver seguram seus cãesFoto: picture-alliance/dpa/A. Weigel

De Einstein a Picasso

No mais tardar do século 20, o dachshund começou sua marcha triunfante pelo mundo. Ele está disponível nas variações com pelo curto, longo e duro e, por vezes, de um cão de caça se transformou num verdadeiro cachorro da moda.

Até mesmo Picasso amava seu Lump e o imortalizou num famoso desenho preto-e-branco, do qual uma cópia se encontra agora no museu de Passau. Andy Warhol também registrou seu Archie em obras, assim como David Hockney o fez com seus Stanley e Boogie.

Albert Einstein fez uso do dachshund para explicar o princípio do telégrafo para alunos da Universidade de Princeton, nos EUA: "Imagine um dachshund que, de tão comprido, se estende de Nova York até Londres. Se você puxar o rabo dele em Nova York, ele uiva da mesma maneira em Londres", teria afirmado o gênio da física. "Isso é telegrafia. Telegrafia sem fio é a mesma coisa, porém, sem um dachshund."

É justamente esse amor pelos charmosos e teimosos salsichas que o novo museu em Passau pretende manter vivo. 

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