Cúpula da Otan
2 de abril de 2008O principal tema do encontro de cúpula de três dias dos países-membros da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) em Bucareste, a partir desta quarta-feira (02/04), é a controvertida ampliação da aliança militar, no âmbito do Plano de Ação para Adesão (MAP, do nome em inglês), o primeiro passo para a entrada na aliança.
Alemanha, França, Itália e Holanda são contra o convite à adesão da Ucrânia e da Geórgia no MAP. O ingresso dos dois países, no entanto, é defendido pelos Estados Unidos. O presidente norte-americano, George W. Bush, que participa do encontro na Romênia, voltou a apoiar explicitamente a adesão dos dois países pouco antes do início da cúpula.
A Rússia, antiga líder do extinto Pacto de Varsóvia, a aliança militar rival da Otan nos tempos da Guerra Fria, é contra a entrada das duas ex-repúblicas soviéticas. O presidente russo, Vladimir Putin, participa da cúpula como convidado.
Separatismo na Geórgia, resistência na Ucrânia
Na véspera da cúpula, o ministro alemão das Relações Exteriores, Frank-Walter Steinmeier, defendeu a posição alemã com o argumento de que é preciso respeitar as relações com a Rússia. Segundo Steinmeier, após o conflito sobre o reconhecimento do Kosovo, "não se deve extrapolar os limites do tolerável".
Os europeus temem um acirramento das tensões entre a Géorgia e a Rússia, devido às ambições separatistas das províncias georgianas Abkházia e Ossétia do Sul. O movimento por autonomia é considerado legítimo por Moscou. Na Ucrânia o assunto é polêmico. Segundo a agência alemã de notícias DPA, 50% dos ucranianos são contra o ingresso na Otan, enquanto 25% seriam a favor.
Por outro lado, é considerado praticamente certo que Croácia, Albânia e Macedônia, que atualmente integram o plano de filiação, sejam convidadas formalmente a aderirem ao bloco em 2009.
Resistência grega à Macedônia
A Croácia cumpriu as exigências da aliança militar e adaptou suas estruturas militares às da Otan. Além disso, o processo de filiação à União Européia anda a passos largos.
Já a Albânia enfrentou grandes dificuldades para cumprir os padrões exigidos pela Otan, mas acredita-se que o país receba o convite da aliança, desde que isto ocorra com as outras duas candidatas. Caso a Macedônia fique de fora, é provável que Tirana também tenha de marcar passo.
O problema em torno da Macedônia é a ameaça de veto da Grécia, que exige uma clara diferenciação no nome do país, devido a uma província homóloga no norte da Grécia. Por enquanto, o país é reconhecido informalmente na Otan como "antiga república iugoslava da Macedônia".
O segundo grande tema deste encontro na capital romena é o Afeganistão. Quase cinco anos após o início da missão da Força Internacional de Assistência à Segurança (Isaf), a Otan quer definir uma nova estratégia para seu engajamento no país.
Este é o maior encontro de cúpula da história da Organização do Tratado do Atlântico Norte. O bloco militar, hoje integrado por 26 países, foi criado em 4 de abril de 1949.