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Cúpula da UE sobre o Brexit termina sem grandes avanços

19 de outubro de 2018

May se diz aberta a possível extensão do período de transição após divórcio com o bloco, algo que poderia romper impasse nas negociações. Aliados britânicos, contudo, rejeitam ideia, e premiê enfrenta obstáculos em casa.

Theresa May, primeira-ministra britânica, esteve em Bruxelas para a cúpula da União Europeia sobre o Brexit
Theresa May, primeira-ministra britânica, esteve em Bruxelas para a cúpula da União Europeia sobre o BrexitFoto: Reuters/Y. Herman

Líderes da União Europeia (UE) alertaram o Reino Unido de que não farão mais concessões para romper o impasse nas negociações do Brexit, mas se disseram confiantes de que as duas partes ainda possam chegar a um acordo antes de o país deixar o bloco, em março de 2019.

As declarações foram feitas durante uma cúpula entre líderes europeus para tratar do Brexit, que terminou nesta quinta-feira (18/10) em Bruxelas sem grandes progressos.

A primeira-ministra britânica, Theresa May, não apresentou novas propostas para reverter o impasse, mas se mostrou aberta a uma eventual extensão do chamado período de transição após a saída do Reino Unido da UE, para ter mais tempo para alcançar um acordo comercial de futuros laços com o bloco. Nesse período, o país continuará atrelado às regras e obrigações da UE.

"Uma nova ideia surgiu, e essa ideia, neste momento, é a de criar uma opção de estender o período de implementação por mais alguns meses. Mas seria mesmo só mais alguns meses", afirmou May, antes de dar início ao segundo dia de reuniões em Bruxelas.

Contudo, segundo a premiê britânica, essa opção só seria ativada caso não fosse possível firmar um acordo sobre a futura relação comercial entre as duas partes até 31 de dezembro de 2020, data em que termina o período de transição já acordado.

Uma extensão desse período daria mais tempo para os negociadores resolverem o impasse referente à fronteira entre a Irlanda do Norte, que integra o Reino Unido, e a República da Irlanda, membro da UE, que é a única divisão terrestre entre o país de May e o bloco europeu. O destino da fronteira é o principal tema ainda divergente entre Londres e Bruxelas.

A primeira-ministra britânica deixou claro que não é ela quem está propondo uma extensão do período de transição para além dos dois anos, mas afirmou que ter tal medida como opção poderia ajudar a resolver o impasse em relação à fronteira entre as Irlandas.

A abertura de May sobre a extensão enfureceu políticos britânicos pró-Brexit, que viram a atitude da primeira-ministra como uma tentativa de vincular o país ao bloco por tempo indefinido.

Membros do Partido Conservador de May, como o ex-ministro britânico do Exterior Boris Johnson e o ex-secretário britânico para o Brexit David Davis – que defendem um rompimento total com a UE ao invés do acordo que está sendo negociado pelo governo – alertaram a premiê a não se "engajar em uma demonstração de resistência e um argumento coreografado seguido de rendição à UE".

May permaneceu firme diante das críticas vindas de seu país. Ela expressou confiança de que o Reino Unido e a UE ainda podem superar os "poucos, mas consideráveis" desentendimentos que se colocam no caminho de um acordo de divórcio.

Líderes de outros países europeus presentes na cúpula afirmaram que a verdadeira batalha de May não é contra a UE, mas dentro de seu próprio Partido Conservador dividido.

"Não cabe à União Europeia fazer concessões para lidar com um assunto político interno britânico", afirmou o presidente francês, Emmanuel Macron. "É uma questão que diz respeito à habilidade política do Reino Unido para encontrar um acordo apresentável. Somente isso."

O presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, por sua vez, afirmou que, assim como May, saiu da cúpula em Bruxelas um pouco mais otimista. "O que eu sinto hoje é que nós estamos mais próximos de uma solução final e de um acordo", declarou.

Tusk reconheceu que esse sentimento de otimismo pode ser "mais uma impressão emocional do que racional", mas afirmou que "emoções importam, mesmo na política".

Em relação ao período de transição após o Brexit, o presidente do Conselho Europeu disse que os 27 países-membros da UE estão dispostos a concordar com uma extensão, caso Londres considere essa medida necessária.

"Se o Reino Unido decidir que uma prorrogação do período de transição será útil para chegarmos a um acordo, tenho certeza que os líderes [europeus] estarão prontos para aprová-lo", disse Tusk no fim da cúpula.

O presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, foi mais incisivo e disse que a "extensão do período de transição provavelmente vai acontecer". "É uma boa ideia. Não é a melhor ideia que ambas as partes tiveram, mas está nos dando mais espaço para preparar o futuro relacionamento da melhor maneira possível", acrescentou.

Segundo Tusk, após a cúpula inconclusiva desta quinta-feira, líderes do Reino Unido e dos demais 27 países da UE só devem voltar a se reunir "se e quando houver informação de avanço nas negociações" lideradas por Michel Barnier, negociador-chefe do bloco europeu para o Brexit.

EK/afp/ap/lusa/rtr/ots

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