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Consenso e protestos

11 de dezembro de 2010

Apesar das ressalvas da Bolívia às resoluções propostas na conferência sobre o clima da ONU em Cancún, organizações ambientalistas saudaram resultados. Liderança mexicana do encontro também recebeu elogios.

Resultados foram positivos, dizem ambientalistasFoto: AP Photo/Israel Leal

A Bolívia ameaçou um bloqueio total à cúpula das Nações Unidas sobre o clima, em Cancún, México. O chefe da delegação boliviana, Pablo Solón, declarou neste sábado (11/12) que seu país não está disposto a apoiar um documento final que não restrinja de forma suficiente o aquecimento global galopante. Também Cuba e a Arábia Saudita compartilham o ponto de vista do país sul-americano.

Participantes da conferência dirigem-se ao Hotel Moon PalaceFoto: DW/Helle Jeppesen

Mesmo assim, os países participantes aprovaram os dois esboços apresentados. Um deles contém basicamente a prorrogação do Protocolo de Kyoto, que expira em 2012. O segundo prevê contribuições para a proteção do clima por parte dos Estados Unidos e de emergentes como a China, entretanto de forma, inicialmente, não vinculativa. A meta é que ambos os documentos sejam combinados para formar um acordo global sobre clima.

A aprovação foi recebida com aplausos em Cancún. A Bolívia segue protestando que o princípio do consenso nas conferências da ONU está sendo desrespeitado. A presidente da cúpula, a ministra mexicana das Relações Exteriores, Patricia Espinosa, declarou que as objeções dos sul-americanos serão registradas numa nota de rodapé de página dos documentos. Nos últimos dias, o presidente Evo Morales enfatizara que seu país não daria seu aval a fórmulas vazias.

Elogio a Espinosa

Em contrapartida, representantes de quase todas as nações presentes louvaram tanto o documento final quanto a transparência nas negociações de Espinosa. Referindo-se ao trabalho concentrado e eficaz dos participantes, esta falou de "um novo espírito de multilateralismo" que brotará de Cancún.

Patricia Espinosa, chefe da diplomacia do MéxicoFoto: AP

Os documentos preveem acordos moderados para a proteção do clima. Entre outros pontos, a comunidade internacional se compromete a evitar um acréscimo do aquecimento global superior a 2ºC em relação à era pré-industrial. A médio prazo, continuar-se-á perseguindo a meta de limitar o aquecimento a apenas 1,5ºC.

Além disso, as nações industriais são instadas a formular metas mais ambiciosas para a redução das emissões de dióxido de carbono, e a informar regularmente sobre as mesmas. Também os Estados emergentes e em desenvolvimento que recebem apoio para a proteção do clima estarão até certo ponto obrigados a relatar sobre seus progressos, embora não de forma tão rigorosa quanto os países industrializados.

Com o auxílio do Banco Mundial será, ainda, estabelecido um "fundo verde para o clima", com vista a apoiar países pobres, por exemplo, a se adaptarem às mudanças climáticas. No esboço final de Cancún, aponta-se a necessidade de reunir, até 2020, 75 bilhões de euros anuais para esse fim. A proteção das florestas é um tema controverso para a Bolívia, a qual teme que outros países adquiram controle sobre suas reservas florestais.

"Sinal de esperança"

Os ambientalistas pronunciaram-se moderadamente satisfeitos com os resultados da conferência da ONU. Porém o consenso é que o acordo alcançado não bastará para combater de forma eficaz as mudanças do clima global.

A especialista em questões climáticas Regine Günther, da organização ambientalista WWF, declarou: "Hoje a comunidade internacional provou que está apta a dar passos conjuntos importantes contra as mudanças climáticas. [...] Com o consenso em Cancún criou-se um bom fundamento para as futuras negociações sobre o clima na África do Sul".

Cúpula foi acompanhada por constantes protestosFoto: AP

O Greenpeace classificou o documento de encerramento como um sinal de esperança. Segundo Martin Kaiser, diretor de política climática internacional na organização: "O resultado foi melhor do que havíamos, em parte, temido. Apesar disso, trata-se apenas do início. Agora o verdadeiro trabalho tem que começar".

A Aliança para Meio Ambiente e Proteção da Natureza da Alemanha (BUND) registrou pequenos avanços na direção certa, ressaltando o fundo para o clima. Os demais acertos – por exemplo, sobre metas concretas de redução de CO2 e até que ponto serão vinculativas – são formulados de forma extremamente vaga, critica a ONG.

Além disso, países como os EUA, Japão, Canadá, Austrália e China teriam bloqueados outros progressos possíveis. "A proteção eficaz do clima foi novamente adiada, desta vez até 2011, em Durban, África do Sul", apontou o presidente da BUND, Hubert Weiger.

AV/dpa/ap/rtr/afp
Revisão: Carlos Albuquerque

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