1. Pular para o conteúdo
  2. Pular para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Cúpula em Bruxelas reflete mal-estar entre europeus e EUA por espionagem

25 de outubro de 2013

Enquanto britânicos tentam se distanciar e criticam Snowden, alemães e franceses reforçam indignação com as práticas da NSA. Grupo de eurodeputados é designado para ir a Washington apurar últimas denúncias.

François Hollande e Angela Merkel durante a cúpula em Bruxelas: indignaçãoFoto: Reuters

O mal-estar e a crise de confiança nas relações transatlânticas ficaram expostos nesta sexta-feira (15/10) em Bruxelas. Líderes da União Europeia se reuniram para discutir questões de política interna, como a polêmica em torno dos refugiados, mas viram a cúpula ser ofuscada pelas últimas denúncias sobre a Agência de Segurança Nacional (NSA) americana.

Oficialmente, o tema espionagem não estava na pauta da reunião. Mas as reações dos líderes europeus externaram diferentes graus de indignação com o caso – desde os mais incomodados, como Alemanha e França, até os mais moderados, como os nórdicos e britânicos. Estes últimos pareciam, inclusive, tentar se distanciar dos mais críticos, como deixou entrever o primeiro-ministro David Cameron.

"O que [o ex-técnico da CIA Edward] Snowden está fazendo e, em certa medida, o que os jornais estão fazendo ao ajudá-lo é francamente sinalizar a pessoas com intenção de nos fazer mal, de evitar a inteligência, a vigilância", disse Cameron, após a cúpula, numa de suas declarações mais contundentes sobre a controvérsia. "Isso não vai tornar o nosso mundo mais seguro, está ajudando nossos inimigos."

Na quinta-feira (24/10), o jornal britânico The Guardian publicou, com base em documentos obtidos por Snowden, que pelo menos 35 líderes mundiais teriam tido suas comunicações telefônicas monitoradas pela NSA durante anos. Semanas antes, reportagem do mesmo diário relatou uma parceria da agência americana com a GCHQ, sua equivalente em Londres.

Uma das espionadas teria sido a chanceler federal alemã, Angela Merkel. Foram delas as declarações mais firmes à margem dos dois dias de cúpula em Bruxelas. "A confiança agora deve ser restaurada", desabafou, após dizer que espionagem é coisa inaceitável entre países amigos.

O primeiro-ministro britânico, David Cameron, que condenou as ações de Edward SnowdenFoto: Reuters

Merkel acertou com o presidente francês, François Hollande, trabalhar para conseguir antes do fim do ano avanços em um marco que regule as práticas dos serviços secretos com os EUA. "O objetivo será estabelecer regras para o futuro", disse o presidente francês. "Há comportamentos e práticas que não podem ser aceitos."

Missão do Parlamento Europeu

O Parlamento Europeu anunciou nesta sexta-feira que nove membros da comissão de liberdades civis da Casa estarão na próxima semana em Washington para coletar informações sobre a espionagem americana a cidadãos europeus.

A missão parlamentar deve analisar com as autoridades americanas o impacto de seus programas de vigilância sobre os direitos fundamentais dos europeus e as últimas informações reveladas pela imprensa, incluindo os supostos grampos no telefone de Merkel.

Além disso, os eurodeputados devem solicitar informação sobre a suposta vigilância em massa de ligações telefônicas na França e sobre as invasões detectadas nos servidores da empresa belga de telecomunicações Belgacom.

Abordarão, também, a recente solicitação do Parlamento Europeu para que seja suspenso o acordo de transferência de dados bancários (Swift) que UE e EUA têm em meio à luta antiterrorista e as normas de proteção de dados que se aplicam às empresas americanas que operam na Europa.

Nesta sexta, em tom de brincadeira, o presidente do Parlamento Europeu, o alemão Martin Schulz, afirmou que se protege de ataques de espionagem usando tecnologia ultrapassada. "A NSA não alcança. Meu telefone é um dos poucos que não pode ser monitorado. A tecnologia remonta os tempos do senhor Bell, o inventor do telefone", disse.

Líderes europeus durante a cúpulaFoto: Reuters

Washington alerta aliados

Reportagem publicada nesta sexta-feira pelo jornal Washington Post diz que os EUA estão avisando a seus aliados que Snowden tem dezenas de milhares de documentos com informações delicadas para segurança e que podem comprometer a todos.

De acordo com fontes do governo citadas pelo jornal, o diretor nacional de inteligência do governo americano, James Clapper, está informando os serviços de inteligência estrangeiros sobre a possibilidade de Snowden revelar operações de espionagem conjuntas extremamente delicadas.

Em artigo também desta sexta no jornal USA Today, a assessora de antiterrorismo e segurança nacional da Casa Branca, Lisa Mónaco, diz que o presidente americano, Barack Obama, pediu que fosse revisada a política de espionagem da NSA e que se respeite os aliados internacionais dos EUA.

RPR/ ap/ afp/ rtr

Pular a seção Mais sobre este assunto