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Cúpula européia fadada ao fracasso

ef23 de outubro de 2002

A cúpula européia está fadada ao fracasso por falta de um acordo para o financiamento da ampliação da União Européia. Alemanha e França divergem por causa das subvenções agrícolas.

Schröder e Chirac tomam banho de povo juntos, mas separam interesses financeirosFoto: AP

Os frontes endureceram na véspera da cúpula de dois dias da União Européia, em Bruxelas, a partir desta quinta-feira (24), com a persistência dos dois pesos pesados – Berlim e Paris – em suas posições antagônicas.

Como a Alemanha já é o maior contribuinte para o pote das subvenções à agricultura comum européia, de mais de 40 bilhões de euros, o chanceler federal, Gerhard Schröder, não admite aumento da contribuição alemã após o ingresso de dez países na UE, previsto para 2004. Já o presidente da França, Jacques Chirac, não quer aceitar a reforma agrária urgentemente necessária, caso ela resulte em perda para os agricultores franceses.

Dilema - Numa última tentativa de resolver o dilema, Schröder e Chirac vão discutir a questão pouco antes de se reunirem, na capital belga, com os demais chefes de Estado e de governo. Mas a chance de uma solução é praticamente nula. Os dois têm razões fortes para insistir em suas posições: ambos foram reeleitos recentemente e não querem quebrar suas promessas eleitorais. Além do mais, se a Alemanha é o maior contribuinte, a França o maior beneficiado.

Solidariedade

- Berlim e Paris têm aliados em suas posições antagônicas. Como grandes contribuintes, Holanda, Grã-Bretanha e Suécia formam, com a Alemanha, um fronte contra os maiores beneficiados, como França, Espanha e Portugal. Mas o apoio a Berlim ameaça fraquejar. O primeiro-ministro britânico, Tony Blair, vem fazendo um silêncio muito suspeito ultimamente quanto à questão. E a Holanda está muito ocupada com os seus próprios problemas, como o fracasso da coalizão de direita antes que completasse cem dias de governo.

Acontece que, se não houver um consenso entre os dois países que formam o motor da UE, a cúpula européia não poderá decidir, em meados de dezembro, sobre o ingresso da Polônia, República Tcheca, Eslováquia, Hungria, Letônia, Lituânia, Eslovênia, Estônia, Malta e Chipre, prevista para 2004. A complicação seria muito maior se os irlandeses não tivessem ratificado o Tratado de Nice no plebiscito de 19 de outubro. Se o tivessem rejeitado pela segunda vez, a ampliação da UE ficaria praticamente inviabilizada. O acordo de Nice cria as condições para a ampliação e o funcionamento posterior da comunidade.

Kaliningrado

– Há também indícios de um acordo na discussão com a Rússia sobre o status do enclave de Kaliningrado depois da ampliação da UE. Conforme resolução dos ministros das Relações Exteriores, a comunidade de 15 países quer encomendar um estudo de viabilidade de uma ligação non stop entre Moscou e Kaliningrado. Esta solução atenderia às exigências russas. A UE planeja um documento especial para possibilitar viagens de russos ao enclave. Depois do ingresso da Polônia e da Lituânia, Kaliningrado ficará circundado de território da UE.

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