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Cúpula europeia termina com impasse sobre acordo UE-Canadá

21 de outubro de 2016

Encontro de líderes europeus se encerra em Bruxelas sem consenso sobre acordo Ceta, de livre-comércio com o Canadá. Região belga da Valônia rejeita condições . Ministra canadense afirma que solução para impossível.

Cúpula reuniu líderes europeus em Bruxelas
Cúpula reuniu líderes europeus em BruxelasFoto: picture-alliance/dpa/T. Roge

As tensões tomaram conta da cúpula de líderes da União Europeia em Bruxelas nesta sexta-feira (21/10) depois que o Parlamento da Valônia se recusou a ceder e aprovar o controverso Acordo Integral de Economia e Comércio (Ceta, na sigla em inglês) entre a UE e o Canadá, apesar da pressão do país, da Bélgica e da maioria dos integrantes do bloco.

A ministra canadense do Comércio, Chrystia Freeland, criticou a incapacidade da UE de resolver o impasse e afirmou que seu país está desapontado: "Parece evidente que a UE não é capaz atualmente de alcançar um acordo internacional, mesmo com um país de valores europeus como o Canadá, mesmo com um país paciente."

"Decidimos voltar para a casa. Estou muito, muito triste", ressaltou Freeland, após longas negociações com representantes da Valônia, na cidade de Namur, na Bélgica. O Parlamento da Valônia é uma das cinco assembleias legislativas belgas cujo aval é necessário para a retificação do acordo pelo país.

Freeland esteve reunida de manhã com o ministro-presidente da Valônia, Paul Magnette, mas o encontro não resolveu o impasse. "Sinto que há uma vontade para avanços, mas ainda restam dificuldades", disse o líder, ressaltando que a última proposta canadense foi insuficiente.

O parlamento da região de 3,5 milhões de habitantes rejeitou o Ceta na semana passada, assim bloqueando o acordo na reta final, depois de sete anos de negociações. O acordo que visa eliminar 98% das tarifas entre o Canadá e os países europeus, é visto por muitos como um modelo para o Acordo de Parceria Transatlântica de Comércio e Investimento (TTIP) entre a UE e os Estados Unidos, que está sendo amplamente criticado por cidadãos em toda a Europa.

Os parlamentares da Valônia temem que o Ceta acarrete redução das normas de saúde, prejuízos a pequenos agricultores e que grandes empresas adquiram poderes para obrigar os governos a alterar legislações.

UE promete continuar negociando

A Romênia e a Bulgária também eram contra o acordo, mas voltaram atrás em troca da liberação de vistos para turismo no Canadá a partir de 2017. O governo belga e a UE se declararam decididos a lutar pelo Ceta. O presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, o descreveu como o melhor acordo já concluído pelo bloco.

"Espero que possamos chegar a uma solução em poucos dias", disse o político luxemburguês, no fim da cúpula da UE nesta sexta-feira. Uma fonte ouvida pela agência de notícias Reuters confirmou que a Comissão Europeia não desistiu da aprovação do Ceta e dará continuidade às negociações para alcançá-lo.

O impasse expôs o problema da chegada a um consenso dentro do bloco: a Bélgica precisa do aval de cinco governos regionais, e a União Europeia do de seus 28 países-membros. Especialistas e autoridades advertem que um fracasso do Ceta poderia prejudicar a credibilidade da UE em pactos similares no futuro.

CN/dpa/rtr/afp

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