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Cúpula pela paz na Ucrânia termina sem assinatura do Brasil

16 de junho de 2024

Evento reuniu 90 países na Suíça para debater caminhos para a paz no país do leste europeu invadido pela Rússia. Lula não concorda que negociação de paz não envolva Moscou. Outros 12 países também não foram signatários.

Representantes de países reunidos em frente a bandeiras dos países. Em primeiro plano, uma tela mostra Zelenski.
Grande maioria dos países foi favorável ao documentoFoto: Michael Buholzer/KEYSTONE/REUTERS/dpa/picture alliance

A Conferência pela Paz na Ucrânia, que reuniu por dois dias representantes de 90 países na Suíça, terminou neste domingo (16/06) com uma declaração conjunta apelando à segurança do trânsito nuclear e marítimo. O documento, porém, não foi unânime: 13 países se recusaram a assiná-lo, entre eles o Brasil.

Na semana passada, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva já havia anunciado quenão participaria do evento. Em vez disso, enviou a embaixadora do Brasil em Berna como representante. Lula insiste que a base de um acordo de paz para a guerra na Ucrânia seja um projeto selado entre Brasil e China, que prevê a participação do Kremlin nas negociações.

No entanto, Moscou não sinalizou qualquer interesse em participar do evento deste fim de semana, classificando-o como "perda de tempo". Por esse motivo, segundo a Suíça, a Rússia não foi convidada. 

A mesma posição do Brasil foi assumida pela China, que também não vê sentido em um debate sem a presença de Moscou. Apesar do empenho da Alemanha em convencer o país a participar, Pequim não esteve presente. Desta forma, as grandes potências do Brics não corroboraram o documento final da conferência, já que, além de Brasil e China, Índia e África do Sul não foram signatários.

Entre os outros países que rejeitaram o documento estão México, Armênia, Bahrein, Indonésia, Eslováquia, Líbia, Arábia Saudita, Tailândia e Emirados Árabes Unidos.

Por outro lado, a grande maioria dos países foi favorável ao documento, entre eles, a maior parte da União Europeia, os Estados Unidos, o Japão, a Argentina, o Chile e o Equador. No total, foram mais de 80 assinaturas.

O que diz o documento

O rascunho da declaração final, obtido pela agência de notícias Reuters, culpa a Rússia pela guerra na Ucrânia e apela ao respeito pela integridade territorial do país. Há também exigências para que o governo de Kiev volte a ter o controle da central nuclear de Zaporíjia, a maior da Europa e atualmente sob ocupação russa, e o acesso aos seus portos nos mares Negro e de Azov. Além disso, pede que todos os prisioneiros de guerra ucranianos sejam libertados e as crianças deportadas da Ucrânia, devolvidas ao seu país natal. A carta também deixa explícita que ameaça de utilização de armas nucleares contra a Ucrânia no âmbito da guerra em curso é inadmissível.

De acordo com o ministro ucraniano das Relações Exteriores, Dmytro Kuleba, a conferência trouxe progressos globaisFoto: Michael Buholzer/REUTERS

O evento na Suíça não tinha grandes expectativas de sugerir um cessar-fogo ou propor uma solução de paz final. O debate estava mesmo em questões como a recuperação de Zaporíjia, a libertação das crianças sequestradas e a livre circulação dos cereais produzidos pela Ucrânia. A conferência era vista mais como um encontro preparatório para que, em um momento futuro, a Rússia possa ingressar nas negociações.

"Completo e equilibrado"

Mesmo assim, o presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, já havia considerado o fato de 90 países se reunirem para debater a paz no país como uma vitória, em uma mobilização de importantes apoiadores quase dois anos e meio depois do começo da invasão russa em grande escala.

"É o sucesso partilhado de todos aqueles que acreditam que um mundo unido, as nações unidas, são mais fortes do que qualquer agressor", disse.

Zelenski, agradeceu às delegações pela participação e por compreenderem que "estamos todos interessados ​​no fato de não haver perigo nas centrais nucleares e outras instalações atômicas".

"Quero enfatizar que a segurança alimentar é vital, não somente para os países do Sul Global, mas literalmente para todos os países do mundo. Qualquer perturbação nos mercados de alimentos é um caminho direto para o caos que a Rússia deseja", disse

De acordo com o ministro ucraniano das Relações Exteriores, Dmytro Kuleba, a conferência trouxe progressos globais.

"Estamos no bom caminho", declarou, reforçando que o documento final foi completo e "equilibrado".

O que vem a seguir

Muitos aliados da Ucrânia, como a Alemanha, defendem que a Rússia seja chamada para o debate apenas quando Kiev achar pertinente. Mesmo assim, o chanceler federal alemão, Olaf Scholz, disse que queria tentar encontrar uma estrutura e um roteiro para uma paz justa, duradoura e abrangente na Ucrânia, mas ponderou ser verdade que ela não pode ser alcançada sem o envolvimento da Rússia.

O ministro das Relações Exteriores da Arábia Saudita, príncipe Faisal bin Farhan Al-Saud, disse que negociações confiáveis ​​exigiriam compromissos difíceis. A Arábia Saudita, juntamente com a Turquia, é considerada um possível anfitrião de uma conferência de acompanhamento.

Nesta sexta-feira, o presidente russo, Vladimir Putin, declarou mais uma vez suas condições para negociar a paz com a Ucrânia: a retirada de tropas de quatro regiões parcialmente ocupadas por Moscou, a desistência, por Kiev, da ascensão à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e a extinção de todas as sanções financeiras impostas pelo Ocidente.

Por outro lado, Zelenski tem um plano de paz de dez pontos, que prevê a retirada total de tropas russas do território ucraniano internacionalmente reconhecido – inclusive a península da Crimeia, anexada por Moscou em 2014 –, bem como a criação de um tribunal especial para a investigação de crimes de guerra.

le (Lusa, EFE, Reuters, ots)

 

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