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Chance de reaproximação

22 de maio de 2009

Embora sem esclarecer a questão do fornecimento energético, conferência entre os dois blocos serviu para confirmar posições. Locação remota, a 8 mil quilômetros de Bruxelas, foi intencional.

Da esq. para a dir.: Barroso, Medvedev, Klaus e Javier Solana em KhabarovskFoto: AP

"Este encontro fortaleceu a confiança mútua, isso é importante", declarou o presidente tcheco, Václav Klaus, ao fim da cúpula entre a União Europeia (UE) e a Rússia nesta sexta-feira (22/05) em Khabarovsk, próximo à fronteira russa com a China. A República Tcheca ocupa atualmente a presidência semestral da UE.

O presidente russo, Dimitri Medvedev, também mostrou-se satisfeito com a conferência de dois dias. "Não há dúvida quanto ao caráter estratégico das relações entre a Rússia e a UE", declarou.

Essas relações tem estado abaladas, em especial devido ao conflito russo-ucraniano acerca do fornecimento de gás natural para a União Europeia e pela disputa em torno das províncias da Abkházia e da Ossétia do Sul, que almejam a separação da Geórgia.

"Garantias, para quê?"

Medvedev se expressou mais uma vez a favor de uma nova Carta da Energia. Ele espera que a liderança europeia continue debatendo as ideias russas de uma nova base legal para o comércio do gás e do petróleo, declarou durante uma entrevista coletiva à imprensa transmitida ao vivo pela televisão estatal russa.

Estação de medição de gás na fronteira Rússia-UcrâniaFoto: picture-alliance / dpa

Por sua vez, o presidente da Comissão Europeia, José Manuel Barroso, exigiu que Moscou e Kiev façam todo o possível para que não se repita o bloqueio no abastecimento de gás ocorrido no início do ano. Medvedev respondeu: "A Rússia não deu e não dará garantia nenhuma nesse sentido. Para quê?"

Devido às desavenças russo-ucranianas, diversos países europeus tiveram cortado o fornecimento de gás proveniente da Rússia. Desde então, a UE almeja obter maior independência em relação a essa fonte energética.

Antes mesmo do encontro em Khabarovsk, Moscou se mostrara inflexível em relação à Carta de Energia proposta pela UE. Do ponto de vista europeu, ela constituiu uma parte essencial do acordo de parceria com a Rússia, que está sendo negociado atualmente.

Entretanto, os russos deixaram claro que uma liberalização total do setor energético nos moldes europeus está fora de questão. A produção e o transporte de petróleo e gás deverão permanecer forçosamente sob controle estatal na Rússia.

Distâncias eloquentes

Durante a cúpula, Moscou pleiteou ainda uma rápida filiação à Organização Mundial de Comércio (OMC). Devido a várias divergências, seu ingresso na OMC vem sendo adiado há anos.

Já no primeiro dia do encontro, os russos apelaram para que sejam facilitadas as viagens entre os dois territórios. A principal reivindicação russa é a dispensa a longo prazo do visto de entrada na UE. A questão vem sendo debatida há um bom tempo entre ambas as partes.

Medvedev convidou intencionalmente os representantes europeus ao extremo leste de seu país, situada a sete fusos horários de Moscou e a 8 mil quilômetros da sede da UE em Bruxelas. Sua intenção era demonstrar quão grandes são as distâncias através das quais as matérias-primas precisam ser transportadas.

AV/dpa/reuters
Revisão: Rodrigo Abdelmalack

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