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Caçada ao "Rambo da Floresta Negra" entra no terceiro dia

15 de julho de 2020

Cerca de 200 policiais participam das buscas por homem armado e vestido com roupas de camuflagem em região montanhosa do sudoeste da Alemanha. No domingo, ele conseguiu render quatro agentes e tomar suas armas.

Vista da Floresta Negra, na Alemanha
Homem tem conseguido despistar policiais na mata fechada e íngreme da Floresta NegraFoto: picture-alliance/dpa/P. Seeger

A megaoperação policial para tentar capturar um homem de 31 anos que foi apelidado de "Rambo da Floresta Negra" entrou no terceiro dia nesta quarta-feira (15/07), ainda sem sinal de um desfecho.

Cerca de 200 policiais participam da operação na mata dos arredores de Oppenau, cidade no sudoeste da Alemanha, a cerca de 30 quilômetros da fronteira com a França. Na segunda-feira, o contingente chegou a 440 oficiais, mas foi posteriormente reduzido.

Helicópteros, cachorros e unidades táticas de elite seguem varrendo as colinas próximas à cidade de 4.700 habitantes em busca do suspeito, identificado como Yves Etienne Rausch. A polícia considera que o fugitivo esteja em situação de "emergência psiquiátrica".

A operação tem sido acompanhada de perto pela imprensa alemã, que apelidou o suspeito de "Rambo" devido a similaridades entre elementos do caso e os filmes da franquia estrelada pelo ator Sylvester Stallone. No primeiro filme da série, Stallone interpretava um traumatizado veterano da Guerra do Vietnã que era caçado por policiais nas matas fechadas do estado americano de Washington.

O caso também tem sido encarado como um constrangimento para a polícia alemã, que admitiu que o suspeito tem sido bem-sucedido em despistar os agentes de segurança graças ao seu conhecimento da área. "Ele vive na floresta. E a floresta é sala de estar dele. É por isso que, considerando o terreno intransitável e às vezes íngreme, é difícil encontrá-lo rapidamente", disse o comissário de polícia de Offenburg, Reinhard Renter, em entrevista coletiva na terça-feira.

O episódio todo teve início no último sábado (11/07), quando a polícia local foi alertada que um homem vestindo roupas de camuflagem e armado com um arco e flecha e facas estava rondando a cidade de maneira suspeita.

No dia seguinte, Yves Rausch foi abordado em sua cabana na floresta por quatro policiais. Inicialmente, ele cooperou e entregou o arco. Mas em seguida sacou uma arma que estava oculta e ameaçou os policiais, que acabaram entregando suas próprias pistolas. Depois, ele sumiu na mata com o novo estoque de armas e munições.

Caso provocou comparações com filmes da série RamboFoto: Imago/EntertainmentPictures

Como parte da caçada, a polícia instalou bloqueios em estradas da região e advertiu que os turistas não se aproximem da área. Escolas de Oppenau chegaram a ser fechadas na segunda-feira, mas reabriram no dia seguinte.

A polícia divulgou uma foto de Yves Rausch, um homem calvo de 1,70 metro e olhos azuis. Jornais ainda obtiveram uma foto que mostra Rausch vestindo o que parece ser um uniforme de combate.

Segundo a polícia, nada indica que o caso tenha alguma motivação política. A corporação limitou-se a apontar que o suspeito demonstra uma grande "afinidade por armas".

Na terça-feira, o tabloide Bild publicou um documento que seria um "manifesto" de duas páginas supostamente escrito por Rausch. Segundo o veículo, o suspeito deixou uma cópia do texto em junho para os proprietários de um restaurante de Oppenau.

O texto, que usa uma antiga fonte gótica, é intitulado "O Chamado da Floresta", mesmo título de um livro de Jack London. Algumas passagens, com críticas à tecnologia moderna e à sociedade de consumo, provocaram comparações na imprensa com o célebre manifesto do Unabomber. No entanto, ao contrário do manifesto do terrorista americano divulgado nos anos 1990, o texto alemão não contém ameaças.

Mas o texto não foi escrito por Rausch. Nesta quarta-feira, a emissora SWR apontou que o "manifesto" foi na realidade escrito por um guarda florestal voluntário em 2005 e desde então tem circulado em fóruns na internet. À revista Focus, a proprietária do restaurante que recebeu a cópia disse que o texto reflete a visão que Rausch tem da natureza e do seu modo de vida, "mas não tem nada a ver com o caso atual".

Rausch vivia há meses em uma velha cabana na floresta, após ser despejado de seu apartamento por falta de pagamento do aluguel. Na região de Oppenau, ele se dedicava a pequenos bicos, como trabalhos de jardinagem e reforma. À imprensa, habitantes da região descreveram o suspeito como uma pessoa excêntrica, mas que não tinha uma reputação perigosa. 

No entanto, ele tem um histórico de detenções por agressão, furto e posse ilegal de armas de fogo. Em 2010, Rausch foi condenado por ferir gravemente sua namorada com uma flechada após uma discussão. O caso lhe rendeu três anos na cadeia.

JPS/ots

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