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O 'caçador de nazistas'

Cornelia Rabitz (av)31 de dezembro de 2008

Simon Wiesenthal dedicou a vida a obter justiça tanto para os que, como ele, sobreviveram ao Holocausto quanto para os milhões de judeus mortos. Rejeitando o ódio, sua maior preocupação eram os "assassinos de amanhã".

Simon Wiesenthal faleceu em 2005Foto: AP

"Justiça, não vingança" foi o título que Simon Wiesenthal deu a suas memórias. Para o sobrevivente do Holocausto e combatente do anti-semitismo, tão importante quanto a documentação do absurdo nazista era a procura pelos criminosos. Por isso, muitos o chamaram de "caçador de nazistas".

Porém Wiesenthal não era um aventureiro ocupado em capturar seres humanos: sua finalidade era a justiça. Em 31 de dezembro de 2008, ele completaria 100 anos.

Contra os assassinos de amanhã

Centro Simon Wiesenthal em Los AngelesFoto: Simon Wiesenthal Center

Para alguns, ele era um "fanático da justiça", modelo de conduta e "herói da vida". Outros ficavam simplesmente irritados com sua inflexibilidade. E ainda outros afirmavam que exagerava desmedidamente seus próprios méritos.

"Vejo todo o sentido de meu trabalho numa advertência aos assassinos de amanhã – que talvez estejam nascendo hoje – de que jamais terão sossego. Pois, se não pudermos pronunciar essa advertência, então milhões morreram em vão."

Assim Wiesenthal formulou seu credo. Ele era uma voz dos sobreviventes do Holocausto, mas também dos que tombaram, vítimas das perseguições dos nacional-socialistas. E se empenhou para que os terríveis crimes não pudessem ser acobertados, relativizados ou negados.

A vida após o Holocausto

Simon Wiesenthal nasceu em 31 de dezembro de 1908 em Buczacz, na Galícia, de uma família judia. A região era, na época, parte do império austro-húngaro, pertencendo hoje à Ucrânia. Ele estudou arquitetura em Lviv (Leópolis) e seguiu a profissão até 1940.

A chegada dos nazistas ao poder significou para ele o início de um calvário através de diversos campos de concentração ou de trabalho forçado. Em 1945, foi libertado do campo de extermínio de Mauthausen, na Áustria, pelo Exército norte-americano. Após a guerra, reencontrou sua esposa, Cyla, porém todo o restante da família sucumbira ao Holocausto.

Aos 83 anos, entre as lápides pichadas do cemitério judaico de Eisenstadt, na ÁustriaFoto: dpa

No ano mesmo de sua libertação, Wiesenthal deu início à procura de criminosos nazistas, a serviço dos Estados Unidos. Para tal, baseou-se em suas próprias experiências e lembranças, pois, já nos diferentes campos onde estivera, guardara muitos dos nomes dos responsáveis. Em 1947, juntamente com outros sobreviventes, fundou em Linz um centro de documentação dos crimes contra os judeus europeus.

Em 1961, criou em Viena o Centro Judaico de Documentação, um pequeno escritório em que logo se amontoavam documentos, anotações, objetos de recordação e material de evidência. Dezesseis anos mais tarde, foi fundada em Los Angeles uma instituição semelhante que levava o nome do "caçador de nazistas".

Eichmann, Stangl e muitos outros

Ao longo de sua vida, Wiesenthal contribuiu para que numerosos criminosos de guerra fossem identificados. Entre as capturas mais espetaculares, estiveram as de Adolf Eichmann, condenado em 1961 em Jerusalém; Franz Stangl, comandante do campo de Treblinka; ou Hermine Braunsteiner, responsável pela morte de centenas de crianças no campo de concentração de Majdanek, na Polônia.

Passaporte argentino falsificado de Adolf EichmannFoto: AP

Ele próprio sempre se autodenominou "pesquisador", lutando contra o esquecimento e para que os criminosos pagassem por seus atos. Insistia que a culpa é algo individual e sempre rejeitou o rótulo de um caçador movido pelo ódio.

"O ódio me é estranho. Se o cultivasse, há muito teria sucumbido, acusado pessoas sem confirmar a culpa. E teria alcançado exatamente o oposto do que tentei alcançar."

Durante seis décadas, Simon Wiesenthal compilou, pesquisou, documentou – e viveu à sombra de suas tenebrosas lembranças. Após receber diversas premiações, faleceu em 2005, aos 96 anos. Na época, um de seus admiradores assegurou: "Ele permanecerá em nossa memória como a lembrança do Holocausto".

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