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Caçador que matou leão no Zimbábue se diz arrependido

29 de julho de 2015

Alvo da ira de internautas após caçar animal-símbolo do país africano, dentista americano fecha consultório e contas no Twitter e no Facebook. Felino agonizou por 40 horas e teve cabeça e pele arrancadas.

Foto: picture-alliance/dpa

Dois homens foram convocados por um tribunal do Zimbábue, nesta quarta-feira (29/07), sob acusações de caça furtiva, após um dentista americano ter matado um famoso leão em um parque nacional do país, o que provocou ondas de críticas ao redor do mundo.

O leão, chamado Cecil, era uma atração popular entre os visitantes do Parque Nacional de Hwange. Usando uma isca, o animal foi atraído para fora dos limites do parque e morto no início deste mês.

O caçador foi identificado como Walter James Palmer, um dentista do estado americano de Minnesota. Ele se disse arrependido, admitiu ter pagado 50 mil dólares pela caça, mas alegou ter contratado guias profissionais que tinham as autorizações necessárias.

Os dois homens zimbabuanos são o caçador profissional Theo Bronkhorst e o fazendeiro local Honest Ndlovu. Ambos compareceram ao tribunal em Victoria Falls.

"Tanto o caçador profissional como o proprietário da terra não tinham licença ou quota para justificar o abatimento do leão e, portanto, são responsáveis pela caça ilegal", disse a autoridade para parques e vida selvagem do Zimbábue (Zimparks), na terça-feira, sem mencionar o nome de Palmer.

Cecil agonizou por 40 horas

A Força-Tarefa para Conservação do Zimbábue (ZCTF, sigla em inglês) relatou que Palmer e Bronkhorst saíram numa noite com um projetor de luz e um animal morto amarrado ao veículo para atrair Cecil para fora do parque nacional.

"Palmer atirou em Cecil com um arco e flecha, mas este tiro não conseguiu matá-lo. Eles rastrearam e localizaram o leão 40 horas mais tarde, quando o executaram com um tiro", comunicou a fundação.

Segundo a ZCTF, os caçadores tentaram, sem sucesso, arrancar e esconder o colar de rastreamento, que era parte de um programa de pesquisa da Universidade de Oxford: "Cecil teve a pele e a cabeça arrancadas. Não sabemos o paradeiro da cabeça."

Cecil, que tinha 13 anos de idade, é classificado pelos operadores do safári como um animal ícone, que era reconhecido por muitos visitantes do Parque Nacional de Hwange, devido a sua distinta juba escura. A ZCTF afirmou também que Cecil tinha sete filhotes, que supostamente serão mortos pelo leão que for assumir a hierarquia do grupo – um processo natural.

"Um monte de pessoas viaja longas distâncias até o Zimbábue para aproveitar a vida selvagem e, obviamente, a ausência de Cecil é um desastre", disse o presidente da Associação de Operadores de Safáris do Zimbábue, Emmanuel Fundira. Hwange atraiu 50 mil turistas no ano passado, metade deles do exterior.

Redes sociais condenam

A morte do famoso leão se tornou viral nas mídias sociais, com críticas vorazes contra o dentista americano. Palmer, conhecido nos círculos de caça dos Estados Unidos como um perito em tiros com arco e flecha, tem viajado por todo o mundo em busca de leopardos, búfalos, rinocerontes, alces e outros grandes mamíferos.

"Lamento profundamente que o meu exercício de uma atividade que eu amo e pratico de forma responsável e legal tenha resultado na morte deste leão", escreveu Palmer em comunicado. "Não tinha ideia, até o fim da caça, de que o leão que abati era conhecido, tinha um colar e fazia parte de um estudo científico."

Tanto as contas no Twitter, no Facebook e a página de seu consultório estão fechadas, após terem sido inundados com mensagens condenando a atitude do dentista. O consultório, num subúrbio de Minneapolis, também está fechado. Várias pessoas deixaram flores e bichos de pelúcia na porta do estabelecimento, simbolizando os diversos animais que Palmer já teria matado em suas caças.

Tanto endereço como telefone de Palmer estão circulando pela internet, além de uma petição, pedindo que o dentista seja levado à Justiça, que juntou mais 95 mil assinaturas.

Algumas caças de leões e outros animais de grande porte são legais em países como África do Sul, Namíbia e Zimbábue, onde licenças são emitidas para matar certos animais que estão além da idade de reprodução. No entanto, atividade é proibida dentro de parques nacionais do Zimbábue.

PV/dpa/afp/rtr

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