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Caçadores de nazistas identificam mais oito suspeitos

11 de agosto de 2016

Agência alemã de caça a nazistas diz que suspeitos têm entre 89 e 98 anos e trabalharam no campo de concentração de Stutthof, perto de Gdansk, durante a Segunda Guerra. Eles são acusados de cumplicidade em assassinatos.

Polen Gedenkstätte ehemaliges KZ Stutthof
Foto: picture alliance/NurPhoto/M. Fludra

A agência de "caça aos nazistas" da Alemanha – o Escritório Central para a Investigação de Crimes do Nacional-Socialismo, em Ludwigsburg – identificou oito suspeitos de terem trabalhado para o regime de Adolf Hitler no campo de concentração de Stutthof, no norte da Polônia.

O diretor do órgão, Jens Rommel, confirmou à DW que os suspeitos nascidos entre 1918 and 1927 são alemães e vivem no país, mas não revelou seus nomes nem em que cidade moram. Eles ainda não foram informados que estão sob investigação, já que promotores estaduais ainda não tiveram acesso aos casos.

Trata-se de quatro homens que atuaram como guardas e de quatro mulheres que trabalharam como datilógrafas e telefonistas. Todos estão sendo acusados de cumplicidade em assassinatos.

O campo de Stutthof foi criado em 1939 como um "campo de prisioneiros civis" perto da cidade de Gdansk, ainda antes da invasão e subsequente ocupação alemã da Polônia. Primeiro campo de prisioneiros fora das fronteiras alemãs, Stutthof foi integrado ao sistema de campos de concentração da Alemanha depois da visita do líder nazista Heinrich Himmler, em 1941.

Mais de 27 mil pessoas, a maioria judeus, foram mortas nas câmaras de gás do complexo ou a tiros entre o verão e o outono europeus de 1944. Os novos suspeitos, que foram investigados pela primeira vez, trabalharam no local durante esse período. Stutthof foi evacuado em janeiro de 1945, e os prisioneiros restantes enviados às marchas da morte.

Por que Stutthof?

As novas investigações seguem um precedente jurídico estabelecido em 2011, quando o ucraniano John Demjanjuk se tornou o primeiro réu condenado na Alemanha por servir como guarda num campo de concentração, mesmo sem provas de envolvimento concreto em atos criminosos. Sentenciado a cinco anos de prisão, ele morreu em março de 2012, aos 91 anos, sem cumprir a pena.

Oskar Gröning, o "contador de Auschwitz", foi condenado a quatro anos de prisão em julho de 2015Foto: Reuters/A. Heimken

Outro julgamento de destaque foi o de Oskar Gröning, de 94 anos, conhecido como o "contador de Auschwitz". Ele foi condenado a quatro anos de prisão em julho de 2015 por cumplicidade nos assassinatos de 300 mil pessoas no campo de concentração. Gröning aguarda o resultado de dois recursos apresentados à Justiça. Outro ex-guarda de Auschwitz, Reinhold Hanning, foi condenado a cinco anos de prisão pelo Tribunal Regional de Detmold por cumplicidade em 170 mil assassinatos praticados entre 1943 e 1944.

Na sequência dos julgamentos, o escritório de investigações voltou sua atenção a crimes cometidos em outros campos de concentração. "O raciocínio é que não é preciso ter participado de um assassinato com suas próprias mãos, mas que é suficiente ter trabalhado durante o programa de execuções em massa", afirmou Rommel.

"Aplicamos esse raciocínio em outros campos de concentração e confirmamos que houve um programa de execuções em Stutthof, onde pessoas foram sistematicamente assassinadas", disse. "Depois, tentamos descobrir quem estava encarregado do campo naquela época, checamos quem ainda estava vivo e chegamos a essas oito pessoas."

Décadas de falha judicial

O escritório central rastreia arquivos dentro e fora da Alemanha em busca de informações sobre antigos trabalhadores dos campos de concentração.

Reinhold Hanning, ex-guarda de Auschwitz, foi condenado a cinco anos de prisão por cumplicidade em assassinatosFoto: picture alliance/dpa/B. Thissen

Alguns dos novos suspeitos eram menores de idade quando trabalhavam em Stutthof, o que significa que, se forem a julgamento, seus casos serão encaminhados a cortes juvenis.

Os novos suspeitos eram engrenagens relativamente pequenas da máquina de extermínio do Holocausto. Rommer admitiu que, no caso das mulheres que trabalharam como datilógrafas e telefonistas, os promotores estão diante do difícil desafio de provar a culpa.

"Essa é certamente uma questão difícil. Com os guardas podemos justificar muito bem, porque eles impediram que pessoas escapassem", disse. "Já com os outros casos é difícil precisar se operar telefonemas seriam suficiente para responsabilizar alguém. Por outro lado, passar informação sobre a chegada dos trens era claramente necessário para a posterior realização dos assassinatos."

Josef Schuster, presidente do Conselho Central dos Judeus na Alemanha, saudou o anúncio, argumentando que novos julgamentos sobre o Holocausto representam um pequeno, mas importante passo no sentido de dar respostas às falhas da Justiça alemã depois do fim da Segunda Guerra Mundial.

"Por décadas, a Alemanha falhou em levar nazistas à Justiça", afirmou Schuster ao jornal Jüdische Allgemeine. "O reprocessamento judicial desses crimes horríveis é enormemente importante, mesmo depois de tanto tempo, e pode significar uma forma atrasada de justiça."

O advogado Cornelius Nestler, que representou sobreviventes de Auschwitz e familiares de vítimas durante o julgamento de Gröning, em 2015, disse que, se algum dos novos casos for a julgamento, será vital que sejam encontradas testemunhas que possam depor. "Esses julgamentos dependem de denunciantes (familiares de pais ou irmãos que tenham sido assassinados num período relevante em Stutthof), e testemunhas", explicou.

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