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Noruega condena cabeleireira por discriminação religiosa

12 de setembro de 2016

Tribunal condena Merete Hodne a pagar multa de 10 mil coroas norueguesas, além de arcar com os custos do processo. Em outubro passado, ela se recusou a atender uma cliente que trajava um véu islâmico.

Foto: picture-alliance/dpa/F. Gentsch

A cabeleireira norueguesa Merete Hodne foi condenada nesta segunda-feira (12/09) a pagar uma multa de 10 mil coroas norueguesas (cerca de 4 mil reais) por ter se recusado a atender uma cliente que trajava o véu islâmico hijab em seu salão na pequena cidade de Bryne, no sudoeste da Noruega.

Leia mais: Entenda a diferença entre burca, niqab e hijab

Um tribunal do país considerou Hodne culpada pelo crime de discriminação por motivos religiosos contra a jovem Malika Bayan, de 24 anos. A sentença ainda obriga a cabeleireira a assumir os custos do processo, de cerca de 5 mil coroas norueguesas (aproximadamente 2 mil reais).

"O tribunal não tem dúvida de que a acusada agiu de forma proposital e, com pleno conhecimento, quis discriminar Bayan ao expulsá-la do salão porque era muçulmana", afirma o texto da sentença.

À agência de notícias norueguesa NTB, Bayan disse estar "muito aliviada" com a decisão da Justiça. "A quantia da multa não importa. Não é uma questão pessoal. Desejo o melhor para ela. Mas é importante deixar claro que não é legal discriminar", declarou a jovem.

Segundo a acusação, Hodne disse a Bayan, em outubro passado, que "ela teria de procurar outro lugar, pois não aceita [clientes] como ela". No tribunal, a cabeleireira de 47 anos disse que vê o hijab como um símbolo político que representa uma ideologia que a assusta, e não como um símbolo religioso.

"Eu vejo isso como um símbolo totalitário. Quando vejo um hijab, não penso em religião, mas em ideologias totalitárias e regimes", declarou Hodne aos juízes, segundo o diário norueguês Verdens Gang. "Um hijab não é religioso, é político."

Descrita pela mídia norueguesa como uma ex-ativista em movimentos islamofóbicos, Hodne recentemente disse ao canal de notícias TV2 que o véu islâmico é um símbolo da "ideologia islâmica" – que ela chamou de "satânica" – assim como a suástica é do nazismo.

A cabeleireira afirmou que aceitar uma mulher usando hijab significaria que ela teria de abrir mão de seus clientes do sexo masculino, uma vez que a mulher muçulmana não poderia expor seu cabelo na presença de homens. Embora tenha reconhecido que poderia ter pedido a saída de Bayan de forma mais cortês, ela negou a acusação de discriminação religiosa.

O caso chegou ao tribunal distrital de Jaeren porque Hodne – que já comunicou que vai recorrer da sentença desta segunda-feira – recusou-se a pagar uma multa de cerca de 8 mil coroas norueguesas (aproximadamente 3.200 reais) por discriminação religiosa. Este é o primeiro caso sobre o véu islâmico hijab, que cobre cabeça e pescoço, a ir a um tribunal na Noruega.

EK/afp/efe

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