Líder caiapó, de 89 anos, apresentou sintomas de pneumonia e exames confirmaram infecção pelo novo coronavírus. Estado de saúde do cacique é descrito como bom.
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O cacique caiapó Raoni Metuktire, de 89 anos, foi diagnosticado com covid-19 e está internado num hospital em Sinop, no Mato Grosso, informou nesta segunda-feira (31/08) o Instituto Raoni. Apesar de apresentar sintomas de pneumonia, o estado de saúde do líder indígena foi descrito como bom.
"Após um mês de alta, Raoni foi novamente internado com sintomas de pneumonia. Exames realizados e sorologia confirmaram covid-19. Seu estado é bom, sem febre, respirando normalmente e sem ajuda de oxigênio", disse o instituto, em nota divulgada no Twitter, apontando que exames apontaram a presença de anticorpos contra a doença e que o cacique está fora de perigo.
Segundo o portal G1, a equipe médica do Hospital Dois Pinheiros confirmou que o cacique teve covid-19 e que exames mostram a presença de anticorpos contra o coronavírus.
Líder da etnia kayapó, o cacique ganhou visibilidade internacional no final da década de 1980 em sua luta pela preservação dos povos indígenas e da Amazônia. Recentemente, ele esteve internado após a apresentar um quadro depressivo devido à morte de sua esposa Bekwyjkà Metuktire, em junho.
No ano passado, Raoni realizou uma turnê pela Europa para denunciar ameaças à Amazônia devido à política ambiental do presidente Jair Bolsonaro. Durante a viagem, o líder indígena passou por Paris, onde se reuniu com o presidente francês, Emmanuel Macron, Bruxelas e Luxemburgo. De Cannes, o líder seguiu para Itália e Vaticano, onde foi recebido pelo papa Francisco.
CN/ots
Raoni e a união dos indígenas
Em encontro com lideranças indígenas no Mato Grosso, cacique pede união "para defender nosso povo, nossa causa, nossa terra".
Foto: DW/N. Pontes
Chegada
Atendendo ao chamado de cacique Raoni, mais de 600 lideranças indígenas de 47 etnias, como os tapirapé (foto) se deslocaram pelo rio Xingu ou pelas estradas de terra até o local do encontro, de 12 a 17 de janeiro. A viagem de muitos indígenas até o local da reunião, Terra Indígena Capoto Jarina, Mato Grosso, foi apoiada com recursos
recebidos de doadores internacionais.
Foto: DW/N. Pontes
No meio do conflito
Indígenas enauê-nauê habitam terras na região de Juara, Mato Grosso. Devido à tensão e a conflitos recentes com fazendeiros, os indígenas tiveram que ir a Vilhena, em Rondônia, para embarcar rumo à aldeia que sedia o encontro. No ritual sagrado, eles tocam a flauta e cantam tentando imitar o som do instrumento.
Foto: DW/N. Pontes
Mulher Kayapó
A pintura corporal faz parte do cotidiano das mulheres kayapó, e é vista como parte do vestuário. Há diferentes tipos de pintura, das cotidianas às usadas em ocasiões especiais, como rituais sagrados e manifestações. Na foto, uma mulher kayapó segura um facão durante uma dança com os homens, numa demonstração de coragem e força.
Foto: DW/N. Pontes
Dança dos homens
Homens yawalapiti fazem dança típica durante o encontro. Eles são uma das 16 etnias que habitam o Parque Indígena do Xingu, primeiro grande território demarcado no país, em 1961. A área incide sobre 10 municípios do norte de Mato Grosso e foi idealizado pelo irmãos Villas Bôas.
Foto: DW/N. Pontes
Segurança
Durante toda a participação de Raoni nas reuniões na chamada Casa dos Homens, no centro da aldeia Piaraçu, dois jovens se encarregaram da segurança do líder. Em sua última aparição num evento do tipo, um participante avançou sobre Raoni e o assustou.
Caciques tradicionais também acompanhavam as discussões e falas dos participantes.
Foto: DW/N. Pontes
Alessandra Munduruku
A participação das mulheres foi destaque durante a reunião. Alessandra Munduruku, que sofre ameaças por sua atuação em defesa do território de seu povo, cobrou que países ricos se posicionem contra projetos de exploração em terras indígenas, como construção de hidrelétricas. Só na bacia do rio Tapajós, região dos munduruku, há cerca de 60 usinas em operação.
Foto: DW/N. Pontes
Aldeia Piaraçu
A aldeia Piaraçu faz parte da Terra Indígena Capoto Jarina, região norte do Mato Grosso. Com 635 mil hectares, as aldeias são formadas por povos txukahamae e mentuktire e subgrupos kayapo. Homologado em 1991, o território está dentro dos municípios Marcelândia, Peixoto de Azevedo e São José do Xingu.
Foto: DW/N. Pontes
Estrada e balsa
A rodovia estadual MT 322, antiga BR 080, marca a divisa entre os territórios do Parque do Xingu e Terra Indígena Capoto Jarina. O trecho que corta os territórios indígenas não é pavimentado, onde carretas carregadas de soja, milho e algodão transportam a carga do Mato Grosso e Pará. Para cruzar o rio Xingu, é preciso usar o serviço de balsa, operados pelos indígenas.