Cada vez mais estrangeiros estudam na Alemanha
4 de outubro de 2012A chinesa Ashley Haiying Wu vem de Xangai. Na China, ela trabalhou em uma empresa de eletrônicos após concluir sua graduação. Foi quando surgiu a oportunidade de fazer um curso de alemão em Freiburg. Wu decidiu então continuar os estudos na Alemanha, cursando Engenharia Econômica e Direito Econômico para Empresas de Tecnologia na Universidade Técnica de Brandemburgo (BTU Cottbus).
Hoje em dia, Ashley Wu é engenheira especializada em controle de qualidade e encarregada de proteção de dados da gigante de telecomunicações chinesa Huawei. "Tenho sorte", diz ela. "O que aprendi em Cottbus sobre tecnologia, economia e Direito me ajudou muito profissionalmente. Somos uma empresa chinesa, mas todos os dias trabalhamos com leis e normas alemãs. Neste sentido, minha graduação foi uma base muito boa".
Na sede da Huawei na Europa, localizada em Düsseldorf, ela coordena a certificação para a Europa Ocidental, ou seja, ela garante a conformidade com os padrões nos quesitos qualidade, proteção ao meio ambiente e segurança.
Duas vezes mais estrangeiros graduados que em 2004
Cada vez mais estrangeiros fazem como Ashley Wu e se inscrevem em universidades alemãs para estudar, concluindo seus estudos de graduação ou mesmo doutorado. Em 2011, um total de 38.332 estrangeiros concluiu seus estudos em universidades do país. Um número recorde, duas vezes maior que o registrado em 2004 e quatro vezes mais que em 1996.
Alguns destes mais de 38 mil estrangeiros já haviam estudado na Alemanha ou até mesmo nasceram no país, mas têm outras nacionalidades. O atual levantamento do Departamento Federal de Estatísticas, contudo, continua inserindo esses cidadãos na categoria de estrangeiros.
Um em cada dez diplomas universitários é de um estrangeiro
A grande maioria dos estrangeiros vem para a Alemanha especialmente com o objetivo de estudar, principalmente os chineses, que detêm o recorde com quase 5 mil alunos. Mas também de outros países como a Turquia, a Rússia e a Polônia vêm muitos estudantes. Camarões, com mais de 700 diplomados na Alemanha, está entre os 20 países com maior número de estudantes no país. Ainda há um aluno de Malta, um do Arquipélago de Comores e um das Ilhas Fiji.
Um em cada dez estudantes de universidades alemãs, em 2011, era estrangeiro. A Alemanha, com suas 390 universidades, favorece essa tendência, e o país tem interesse nessa questão. Inclusive com campanhas de publicidade em todo o mundo, inclusive no Brasil.
"Recrutamento" em Cingapura e São Paulo
Sören Metz atende o telefone falando em português, mas, em seguida, volta a falar alemão. Ele tem 32 anos e vive em São Paulo, onde trabalha para a Universidade Técnica de Munique como "agente de ligação". Metz e seus colegas em Pequim, Mumbai, Cingapura e, em breve, Nova York, querem atrair estudantes estrangeiros para Munique.
Metz apresenta a Universidade Técnica de Munique em feiras universitárias ou em escolas internacionais no Brasil. Ele tenta descobrir, por exemplo, se uma jovem brasileira recém-formada em Química teria interesse na Universidade Técnica de Munique. Se for o caso, eles podem manter contato.
Metz mantém um escritório no "Centro Alemão de Ciência e Inovação" em São Paulo, onde outras organizações alemãs têm suas sedes, inclusive aquelas que podem ajudar no financiamento de um estudo na Alemanha.
Bávaros no Brasil?
A educação alemã em engenharia tem uma boa reputação no Brasil, diz Metz. A Universidade Técnica de Munique é renomada nas áreas de engenharia e ciências naturais, especialmente nos cursos de pós-graduação e programas de doutorado. Metz aproveita para divulgar os cursos no Brasil, já que o país vive um período de franca expansão. Mas, quem quer estudar na Alemanha tem que saber o alemão muito bem.
"Mas isso muda muito se você quer fazer apenas um mestrado na Alemanha", diz Metz. "Existe uma variedade muito grande de programas de pós-graduação que podem ser totalmente feitos em inglês. Isso existe na Universidade Técnica de Munique e em outras universidades, quer seja mestrado ou doutorado", completa.
O representante do Brasil na Baviera
Metz e seus colegas chamam o trabalho que executam de "recrutamento". Isso mostra que a Universidade Técnica de Munique não só aceita estudantes estrangeiros, como assume uma posição ativa de atraí-los para o país.
No entanto, Metz não faz apenas propaganda de Munique entre os brasileiros, mas também o contrário. Ele muitas vezes tem que explicar para os céticos em Munique o que os brasileiros sabem fazer melhor, como por exemplo realizar pesquisas em condições precárias. Ou descobrir novas perspectivas para uma pesquisa.
"Para os programas de pós-graduação internacional, é importante não se basear apenas nos conehcimentos da Universidade Técnica de Munique, mas também no saber que vem de fora. É importante saber que as universidade têm pessoas inteligentes, quer sejam de São Paulo, Buenos Aires ou de Oberpfaffenhofen", conclui Metz.
Ou mesmo de Xangai. Aliás, a chinesa Ashley Wu gostou de morar Cottbus, no Leste alemão. O slogan publicitário da cidade é: "estudar no extremo oriente". E Wu diz estar de fato muito orgulhosa de ter terminado seus estudos na Alemanha.
Autor: Hendrik Heinze (an)
Revisão: Soraia Vilela