Órgão fiscalizador conclui que fusão de empresas não trará risco concorrência e deve aumentar pressão sobre a Airbus, que domina o mercado. Acordo espera aprovação da União Europeia.
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A Superintendência do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) aprovou nesta segunda-feira (27/01), sem restrições, o acordo da parceria entre a Embraer e a gigante americana Boeing. O órgão fiscalizador concluiu que as duas empresas não competem nos mesmos mercados e que não há risco de problemas de concorrência.
Segundo o acordo, anunciado em 2018 e aprovado pelos acionistas das duas fabricantes no ano passado, a Embraer venderá 80% da divisão de aviões comerciais para a Boeing por 4,2 bilhões de dólares. A Embraer deterá 20% da nova empresa que será formada após a fusão, avaliada em 5,26 bilhões de dólares.
Em um segundo acordo, as duas empresas também concordaram em criar uma companhia de risco compartilhado que se responsabilizará pela produção e comercialização do cargueiro militar KC-390, desenvolvido pela Embraer. A primeira unidade já foi entregue à Força Aérea Brasileira. Nesta segunda empresa, a Embraer terá 51% de participação, e a Boeing ficará com 49%,
A produção de aeronaves militares e aviões executivos da Embraer seguirá sob controle da empresa brasileira e independente da Boeing.
"A avaliação feita concluiu que a operação não deve impactar negativamente os níveis de rivalidade existentes neste mercado, considerando que as condições de entrada no setor não são favoráveis", disse o Cade. "Na realidade, a ampliação do portfólio da Boeing (com os aviões da Embraer) deve aumentar sua capacidade de exercer pressão competitiva sobre a Airbus, empresa que domina este mercado", completou.
O órgão também avaliou que a associação entre as duas empresas não criará um monopólio no mercado mundial de aeronaves de transporte militar, já que a operação acertada entre elas é apenas a participação em um projeto comum, o KC-390.
Para o Cade, a operação trará benefícios à Embraer, que passará a ser "sócia estratégica" da Boeing. "Desta maneira, as divisões que permanecem sob o controle da Embraer contarão com maior cooperação tecnológica e comercial da Boeing".
A fusão entre a Embraer e Boeing já foi aprovada por autoridades dos Estados Unidos e da China, mas ainda está sob análise da União Europeia, devido a uma possível ameaça à competição nos preços e desenvolvimentos de produtos no setor da aviação.
A Embraer foi privatizada em 1994, mas o governo brasileiro detém uma ação especial chamada golden share, que permite vetar quaisquer negócios firmados pela empresa. A empresa é a fabricante líder mundial de aeronaves comerciais com até 150 assentos e tem mais de 100 clientes em todo o mundo.
Em 9 de fevereiro de 1969, um Jumbo decolava pela primeira vez. Ele logo se tornou o principal avião de passageiros do mundo – e abriu novas dimensões para as companhias aéreas.
Foto: picture-alliance/imageBroker/J. Tack
Apelido esclarecedor
Um jumbo da British Airways se aproxima do aeroporto de Heathrow. A imagem elucida por que a aeronave da Boeing do tipo 747 recebeu rapidamente o apelido de "Jumbo" logo após seu primeiro voo comercial há 50 anos: o quadrimotor a jato é simplesmente gigantesco. A aeronave também ficou conhecida como "rainha dos céus".
Foto: Reuters/T. Melville
Velhos amigos
O então presidente da Boeing, Bill Allen, e o CEO da empresa aérea americana Pan Am Juan Trippe (dir.), em 9 de fevereiro de 1968, após o voo inaugural do primeiro Boeing 747. Os dois eram amigos de longa data. Durante uma pescaria, Trippe teria indagado Allen sobre os planos para um grande avião de passageiros: "Se você construir, eu vou comprar". A resposta: "Se você comprar, eu vou construir".
Foto: picture-alliance/dpa/Boeing
Viajar com glamour
A fama do novo 747 não adveio apenas de suas inovações técnicas, mas também do seu glamour. Com um lounge em que se serviam coquetéis, o avião prometia uma experiência de viagem elegante e descontraída. Com mais de 70 metros de comprimento e uma envergadura de quase 60 metros, a aeronave comportava entre 366 e 550 passageiros, dependendo da disposição dos assentos.
Foto: picture-alliance/dpa/Boeing
Catástrofes
O Jumbo também está associado a grandes desastres. A queda de um avião da Lufthansa em 1974, logo após a partida em Nairóbi, custou 59 vidas. Em 1977, dois Jumbos colidiram no aeroporto de Tenerife – 583 mortos. Em 1988, 270 pessoas morreram após a explosão de uma bomba a bordo em atentado terrorista quando o 747 sobrevoava a cidade escocesa de Lockerbie (foto).
Foto: Roy Letkey/AFP/Getty Images
Bicão
O Jumbo se destaca por sua "corcunda" na parte superior da fuselagem, em que se encontra, entre outros, a cabine de pilotos. Essa disposição possibilita uma porta de proa para as aeronaves de carga, permitindo a entrada de grandes volumes. Atualmente, a Boeing vende o quadrimotor a jato, com alto consumo de combustível, praticamente apenas na versão de frete.
Foto: Imago/Russian Look/L. Faerberg
Transporte do ônibus espacial
Nesta imagem de 2012, a Discovery pega carona com o gigante. As aeronaves de transporte do ônibus espacial (Shuttle Carrier Aircraft – SCA) foram dois jatos Boeing 747-100, modificados para transportar o veículo da agência espacial americana NASA. Eles foram usados no regresso dos ônibus espaciais para o Centro Espacial Kennedy.
Foto: picture-alliance/dpa
Avião dos vencedores
A Lufthansa teve orgulho de levar a seleção alemã de futebol do Rio de Janeiro para Berlim, com a taça da Copa do Mundo na bagagem. O Boeing 747-8 ganhou uma pintura nova com os dizeres "Siegerflieger Fanhansa" ou "avião dos vencedores Fanhansa".
Foto: picture-alliance/dpa
"Ed Force One" do Iron Maiden
Na foto, a banda britânica de rock pesado Iron Maiden aterrissa em maio de 2016 no Aeroporto de Düsseldorf. Metaleiros e observadores de aviões garantiram os melhores locais para ver o "Ed Force One" – em homenagem à mascote da banda, o monstro Eddie. O jato é pilotado pelo próprio vocalista Bruce Dickinson.
Foto: picture-alliance/dpa/D. Young
Dinossauro dos céus
Como o ainda maior Airbus A380 (na foto em primeiro plano), o 747 não atende mais aos requisitos econômicos das companhias aéreas que preferem aeronaves bimotores de longo alcance, como o A350 ou o Boeing 777 e 787. No ano passado houve um total de 18 novos pedidos para o Jumbo, e existem apenas 24 encomendas não processadas.
Foto: picture-alliance/dpa
"Air Force One"
Além das 1548 aeronaves já fabricadas, poucas deverão ainda ser executadas, embora o presidente americano, Donald Trump, tenha encomendado o próximo avião presidencial "Air Force One" à base do 747. O imperador japonês e o sultão de Brunei também apreciam a "rainha dos céus" como aeronave do governo.