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SociedadeColômbia

Cadetes se vestem de nazistas e provocam repúdio na Colômbia

19 de novembro de 2021

Estudantes de academia de polícia fizeram representação da Alemanha nazista em "atividade pedagógica", segundo a instituição. Após escândalo, presidente Iván Duque se manifesta, e diretor da escola perde o cargo.

Foto mostra policial colombiano fardado, com destaque para o brasão da polícia no uniforme
Criticada por abusos e repressão a protestos, polícia colombiana está em campanha para tentar melhorar sua imagemFoto: Juancho Torres/AA/picture alliance

Alunos de uma escola de formação de policiais na Colômbia se vestiram de nazistas durante um evento cultural nesta quinta-feira (18/11). O episódio provocou mal-estar diplomático com as embaixadas da Alemanha, de Israel e dos Estados Unidos e forçou o presidente Iván Duque a se manifestar publicamente contra o ato .

Imagens de um evento realizado na escola Simón Bolívar, no município de Tuluá, no sudoeste da Colômbia, no qual os alunos utilizaram a iconografia nazista foram divulgadas nas redes sociais da polícia. Oficialmente, a instituição organizou o ato como uma espécie de "semana da Alemanha" para promover "intercâmbio cultural" entre os cadetes. Mas em vez de abordar a moderna Alemanha a escola acabou promovendo o período nazista sem qualquer critério. 

As fotografias, que já foram apagadas das páginas oficiais da instituição, mostram estudantes uniformizados com suásticas no braço e em uniformes da SS, um policial fantasiado de Adolf Hitler ao lado de um pastor alemão, um modelo de jato militar alemão da Segunda Guerra, modernas bandeiras alemãs e balões pretos, vermelhos e amarelos por toda parte.

Reação de Alemanha, Israel e Estados Unidos

As embaixadas alemã e israelense expressaram em uma declaração seu "repúdio total" e pediram punições aos responsáveis.

"Acontecimentos como esse são ultrajantes e ofendem diretamente não apenas os judeus, mas também todas as vítimas do regime nazista e de seus criminosos", disseram as embaixadas em uma declaração conjunta.

O embaixador dos Estados Unidos na Colômbia, Philip S. Goldberg, também divulgou uma condenação dura. "Estou chocado e profundamente desapontado com o uso de símbolos e uniformes nazistas nas instalações de treinamento da polícia da Colômbia. Nenhuma explicação é suficiente", escreveu ele na conta da embaixada no Twitter. A polícia colombiana recebe assistência técnica e financeira permanente dos Estados Unidos.

Nesta sexta-feira, Duque se manifestou em sua conta no Twitter: "Qualquer apologia ao nazismo é inaceitável e condeno qualquer manifestação que faça uso ou referência a símbolos alusivos aos que foram responsáveis pelo Holocausto judaico que tirou a vida de mais de 6 milhões de pessoas." 

Há duas semanas, Duque havia feito uma visita de estado a Israel, onde prestou homenagem às vítimas do Holocausto no museu Yad Vashem, em Jerusalém.

Diretor de escola perde o cargo

A polícia retirou o diretor da escola Simon Bolívar, Jorge Ferney Bayona, de seu cargo, mas não o demitiu da instituição, e pediu desculpas pelo que chamou de "uma atividade de natureza pedagógica sobre a história mundial".

Em um comunicado, a polícia colombiana disse que "rejeita veementemente a decisão tomada dentro da escola" e que o uso de símbolos nazistas era "inaceitável".

"Não houve nenhuma homenagem ao nazismo, o que o diretor da escola fez de forma totalmente equivocada foi realizar uma atividade acadêmica para ilustrar da forma mais absurda e errada o momento histórico vivido naquela época", disse a general Yackeline Navarro, diretora nacional das escolas de polícia, à rádio Blu.

As fotografias do evento sobre o nazismo estavam acompanhadas da hashtag #TransformaciónPolicial.

Criticada internacionalmente por abusos e a repressão violenta de recentes manifestações, a polícia colombiana está passando por uma campanha de "transformação" para tentar melhorar sua imagem, que incluiu uma mudança de uniforme, do verde para azul, e mais treinamento em direitos humanos. 

bl (AFP, EFE)